quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Je suis Charlie

Quando leio as notícias, a maior parte não me causa qualquer tipo de reacção. Não que eu seja insensível, mas antes porque são coisas que acontecem tão longe da nossa realidade do dia-a-dia; são coisas que dificilmente conseguiríamos mudar, mesmo que quiséssemos, por isso esforço-me por não perder o sono, assobiando para o lado. Chamem-me conformista. Se calhar é o que eu sou. Se calhar devia pegar na minha pessoa e auto destruir-me em protesto contra a fome em África.

Gostava imenso que não existissem guerras, que as pessoas fossem felizes e que se respeitassem, quer fossem homens,ou mulheres, adultos, ou crianças. Adorava que todos os cães e gatos tivessem um dono responsável e um tecto sobre a cabeça, gostava que o ser humano não destruísse os habitats de milhares de espécies, gostava que o Mundo fosse perfeito. Gostava acima de tudo, que toda a gente tivesse acesso à Educação.

Mas o Mundo não é perfeito. O Mundo é feio. Há dias em que acordamos e um avião desapareceu, outros em que mataram centenas de crianças, com armas químicas. Há os dias em que não acontece nada e então fala-se sobre intrigas futebolísticas, ou sobre a Casa dos Segredo, virando-se intencionalmente a cara aos problemas reais. Até há os dias em que os ex-primeiros ministros são presos, gerando-se todo um romance em torno disso. 

Há o dia em que acordamos e 12 pessoas foram abatidas a tiro, por terem sentido de humor. 

Podia comentar todas os acontecimentos do Mundo, mas escolhi este em particular, porque o sinto tão perto. Porque sou mulher e porque tenho opiniões, porque tenho amigos que são artistas e se gostam de expressar através de cartoons engraçados, porque aceito e gosto de viver num Mundo, onde as opiniões são discutidas, onde se pode brincar com essas opiniões, e onde se pode dizer aquilo que nos dê na telha, sem medo de levar um tiro. 

Mesmo sentindo de perto, aquilo que milhares de pessoas sentem todos os dias, continuo a sentir-me conformada. O que é que eu vou fazer? O que é que nós podemos fazer contra um problema cultural tão grande como a Religião?

Se eu pudesse eliminar uma coisa deste Mundo, escolheria sem sombra de dúvidas a Religião. Não hesitava por um momento. Acho que todos nós viveríamos num mundo melhor, onde ela não existisse. 




2 comentários:

Ângela disse...

Bem, dizer que eliminaria a religião é, de certa forma, um extremismo. Nem 8 nem 80. A religião, tal como a Fé, move montanhas. Não consigo sequer imaginar o nosso mundo sem religião.
Para mim, isso é como dizer que a internet é má. Depende da forma como é usada. Pode trazer a desgraça, mas pode servir para juntar pessoas, por exemplo.

Alu disse...

Foi dito com esse propósito :)

Preferia um mundo onde cada um tivesse a sua fé e religião, mas sem rótulos. Os rótulos lixam tudo, porque no fundo os princípios de todas as religiões se baseiam no mesmo!