domingo, 31 de janeiro de 2021

Bridgerton - Yaks!

Não tenho andado com muita sorte nas coisas que ando a escolher para ver/ler no meu pouco tempo livre. Depois de terminar ontem o "Fangirl", de Rainbow Rowell, um dos piores livros que já li nos últimos anos (falaremos disso em breve), tive a infelicidade de começar a ver a série televisiva Bridgerton

Bridgerton é anunciada como o regresso dos criadores de Anatomia de Grey (devia ter sido o primeiro aviso) e é baseada no romance histórico "The Duke and I" da escritora Julia Quinn, que nunca li. O enredo da série desenrola-se no século XIX durante o reinado de Jorge III. Conta a história de Daphne, uma jovem e linda donzela, que entra pela primeira vez na sociedade aristocrática inglesa e tem como única missão na vida casar por amor e ter filhos. 

Vi apenas dois episódios e não sei por onde devo começar. Quando a primeira música da banda sonora é um instrumental em versão clássica da Ariana Grande, acho que devia ter desligado a televisão. Ainda assim, como toda a gente fala da série, resolvi assistir a pelo menos dois episódios. Acabei por assistir aos últimos 15 minutos da série, só para ter a certeza que era mesmo uma completa bull*** - confirma-se.

A primeira coisa que salta à vista é o terem incluído numa série de época atores e atrizes de várias raças, criando uma sociedade alternativa em que, em pleno século XVIII, durante o reinado de Jorge III, um dos maiores apoiantes do esclavagismo (de sempre!), a rainha é negra. Percebi que, dado o contexto político atual, foi uma tentativa de criar uma série com um elenco inclusivo e dar uma maior enfase aos problemas de discriminação racial. Nada contra, mas para que funcionasse o argumento tinha de ser excelente e sem falhas, para que não parecesse que estávamos perante uma sátira. 

Somos também imediatamente brindados com uma enxurrada de personagens cliché: a  gorda, o solteirão jeitoso, a feminista lésbica, a Cinderela pobre e o pretendente asqueroso, entre outros. 

Falta também referir uma misteriosa personagem que surge em voz-off, que se intitula de Mrs Whistledown, responsável pela publicação anónima de uma espécie de Revista Maria lá do sítio, ao estilo de Gossip Girl. 

Retirando todos estes pontos, ficamos com um elenco e enredo fraquinhos, sem grande interesse e em que mais valia ter estado a ler um bom livro. Deixo aqui um vídeo que resume de forma clara a série e dispensa que percam tempo com ela:


quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

António Variações. Entre Braga e Nova Iorque - Manuela Gonzaga


António Variações é uma das figuras mais misteriosas e mais marcantes da música portuguesa. A sua história está envolta numa espécie de misticismo e fascínio, que atravessa gerações e que não se ausenta. A sua voz característica e a sua imagem tão diferente de tudo o resto que existia, marcou o início da década de 80, do século XX. 
A sua carreira musical foi curta (mais ao menos 4 anos) e apenas foi interrompida pelo mal inevitável que é a morte. Era visto e tido como alguém que nasceu fora da sua época; um visionário. 

O meu pai recorda frequentemente um dos seus últimos concertos, na Feira da Isabelinha, na aldeia de Viatodos, em Barcelos. Não gostou do retrato que fizeram dele no filme de 2019, Variações, de João Maia. Diz que o homem não era assim espampanante. Variações era um homem simples e modesto, mas com uma criatividade imensa, que forçosamente se mostrava na sua imagem. 



O livro biográfico da autoria de Manuela Gonzaga, não é suficiente para desvendar o mistério que foi (e é) António Variações. Mas na verdade, acho que a culpa não é da autora. É simplesmente impossível desvendar Variações, ou António Joaquim Ribeiro (o seu nome real). Neste livro, ficamos a conhecer sobretudo os contextos em que o músico esteve inserido. A autora fala-nos sobre o Minho, sobre o mundo da música e dos artistas daquela época, sobre a Lisboa dos anos 80 e brinda-nos com algumas curiosidades acerca de António. 



Num ano de Pandemia, onde as idas à minha terra natal, não se concretizaram com a frequência que desejava, ler sobre os costumes do meu rico Minho, serviram de conforto. E apesar de não me rever na obsessão pelos costumes religiosos, pelas romarias e pelo místico e inexplicável, não deixo de o relacionar com a figura de Variações. Descrito por vezes como um provinciano deslumbrado, não deixei de criar um paralelismo com a minha própria experiência e com a experiência de muitos dos minhotos, que trocaram a sua boa comida, aconchego caseiro e a cor verde deslumbrante, pelo ambiente da capital, em busca de um sonho, ou de melhores oportunidades. 

É um livro que recomendo, mas que me desiludiu (à semelhança do filme) no objetivo concreto de desvendar António Variações. Talvez seja verdadeiramente impossível.

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

2021!

2021, o ano mais esperado, por aparentemente representar o fim de um ano duro, será um ano com ainda mais desafios. 

A chegada da vacina e o inicio da vacinação não é mais do que um momento simbólico de esperança. Mas não é de esperança que vive um português - ou deverei dizer, um europeu? - Não é de esperança que vive,  quem perdeu o seu emprego, quem viu os seus projetos profissionais fracassarem, quem perdeu o direito às suas liberdades e o direito essencial ao contacto com a família e amigos.

No entanto, apesar de todas as contrariedades, 2020 foi um ano bom para mim. Em Março, consegui fazer uma viagem pré-Brexit ao Reino Unido, onde visitei Londres, Oxford, Bristol e Cardiff; Conheci sítios lindos no nosso país, onde explorei as Aldeias de Portugal e a Serra de São Mamede; Mudei-me com o meu parceiro do crime, em plena pandemia, para um apartamento acolhedor, algures em Sintra, onde temos passado grande parte dos fins de semana de clausura a jogar, a ler e a fazer experiências culinárias; cumpri com o meu objetivo de fazer um curso intensivo de Medicina Dentária Veterinária.

Antecipo um ano com inúmeros desafios, alguns deles autoimpostos. Passo à lista dos mesmos:


- Estar mais vezes com a minha família e com os meus amigos nortenhos;

- Manter-me motivada no trabalho, sem o trazer tantas vezes para casa, dentro da minha cabeça preocupada;

- Ler 20 livros (podem adicionar-me no Goodreads);

- Conseguir a disciplina necessária, para manter o Podcast e o Blog do Baú dos Livros ativo; 

- Manter-me longe das redes sociais (so far, so good);

- Fazer um update no meu gadget diário chamado telemóvel, o que eventualmente pode complicar o ponto anterior;

- Entrar do mundo dos microinvestimentos;

- Apostar em mais formação na área de veterinária;

- Fazer uma viagem que envolva meter-me num avião; 

- Atingir o meu objetivo monetário de poupanças;


Antecipo que os momentos que iremos passar em 2021 não vão ser fáceis. No entanto, mesmo com os múltiplos golpes que a minha geração tem amparado (crise de 2008, os anos seguintes da Troika, empregos precários, emigração dos jovens em massa, as vidas em suspenso...), somos capazes de uma coisa fundamental - adaptação. Os sonhos e os projetos não param. Se calhar planeamos menos e vivemos mais o momento, sem pensar tanto nas consequências, mas a vida é mesmo assim. Uma sucessão de acontecimentos imprevisíveis, aos quais nos temos de adaptar!

Bom Ano 2021!