segunda-feira, 27 de agosto de 2018

"A Casa dos Espíritos", Isabel Allende

Sinto falta de alguém que partilhe o meu gosto pela leitura, quando acabo de ler algo como "A Casa dos Espíritos" da escritora chilena Isabel Allende. Quero gritar aos sete ventos que foi dos melhores livros que já li. Ri-me, zanguei-me e chorei e mais uma vez deixei-me encantar pela escrita sul americana. Que universo único é este?!

Por alguma razão, a maior parte dos meus amigos não lê muito. É estranho e fascinante, porque agora que penso nisso, as minhas amizades funcionam bem, porque toda a gente tem interesses diferentes. Interesses diferentes tornam a vida mais interessante, mas ao mesmo tempo pode ser um pouco solitário.

"A Casa dos Espíritos" segue a história da família Trueba, liderada por um homem pouco tolerante (e isso é dizer o mínimo), Esteban Trueba. Narra a vida deste homem colérico, da sua peculiar e sensível mulher, Clara, e dos seus filhos e netos. Se me perguntarem sobre o que é este livro, não vou conseguir dizê-lo de forma exacta: Este livro é sobre a vida. Simultaneamente fala sobre a história do Chile; o conservadorismo do governo, a ditadura, a tortura e morte de milhares de pessoas à garra desse regime. Fala também das mulheres. Apesar do domínio aparente do homem, é a nossa sensibilidade que comanda o mundo.  

Apesar de não ser o mesmo que "Cem Anos de Solidão", do extraordinário Gabriel Garcia Marquez, "A Casa dos Espíritos" tem muitos pontos em comum e a temática família e antepassados ocupa também um lugar de destaque na escrita de Isabel. Acho que é esta temática que de facto me fascina na escrita destes autores sul americanos; a insignificância e ao mesmo tempo significância de cada vida, a repetição dos acontecimentos e actos e a forma como o que fazemos já foi feito mil e uma vezes, mas para cada um de nós é único e irremediável - o ciclo sem fim (já faltava a referência a filmes da Disney!).

Gostava de ter mais palavras e maior talento para exprimir ao certo o quanto o meu coração ficou cheio depois de terminar este livro. Três semanas depois aqui estou eu, só e abandonada, sem ainda ter encontrado um bom substituto. 

PS - Aceitam-se sugestões!