segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"Eternidade" - Alyson Noel

“Eternidade” de Alyson Noel, publicado em 2009, tornou-se de imediato um “bestseller”.
O livro narra a história de Ever, uma rapariga de dezasseis anos, que após um trágico acidente de viação fica órfã e ganha o “dom” de ler os pensamentos das outras pessoas através do contacto físico. Ever também consegue ver e até mesmo falar com fantasmas. No entanto, sente que o seu “dom” está mais perto de ser uma maldição. Com a chegada do novo rapaz, Damen Auguste, a sua vida está prestes a mudar.
A primeira impressão quando se começa a ler este livro, é que esta é mais uma história sobre vampiros e sobre um amor “impossível”. Contudo, não se trata de uma história de vampiros e sim de um novo tipo de ser imortal, os alquimistas.
Apesar da tentativa de Noel, ou não, de se afastar da típica história do amor com um imortal, achei que ficou muito aquém. A história é demasiado semelhante a “Crepúsculo” de Stepheni Meyer: “Pessoa que consegue ler pensamentos, excepto a de um único indivíduo, acabando por se apaixonar por ele.” Para cúmulo das semelhanças, o livro que Ever inicialmente empresta a Damen é o mesmo que Belle e Edward lêem, ou seja, “O Monte dos Vendavais” de Emily Bronte. Não sei se foi uma espécie de piada da escritora, ou se foi apenas coincidência. De qualquer das formas, para quem está farto do mesmo, é um mau prenúncio.
De qualquer das formas é um livro, que à semelhança de “Crepúsculo”, entretém. (3/7)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

"Drácula" - Bram Stoker

“Drácula”, publicado em 1897 pelo escritor irlandês Bram Stoker, é uma das mais célebres obras da literatura gótica. Responsável pela crescente notoriedade dos vampiros na literatura do século XX, o conde Drácula, a personagem principal desta narrativa, e Stoker tornaram-se os pais do vampiro moderno.
A obra está escrita sob a forma de um romance epistolar, o que significa que a história nos é contada através de entradas em diários, cartas e até mesmo de notícias. O enredo começa com a viagem de Jonathan Haker ao castelo do conde Drácula, que se situa na Transilvânia, Roménia. O jovem advogado quase nada sabe sobre o seu anfitrião. Conhece a sua intensão de se mudar para Londres e sabe que, por qualquer razão, a população daquela zona o teme. Com o passar do tempo, Haker começa a sentir que algo está mal, e que o conde esconde um terrível segredo. Decide então fugir, e dificilmente o consegue, encontrando-se debilitado quando se reúne com a sua noiva, Mina, em Budapeste.
Entretanto, em Inglaterra, Lucy, amiga de Mina, começa a ser atormentada por uma estranha doença. Preocupados, os seus amigos John Seward e Quincey Morris, e o seu noivo Arthur Holmwood, decidem chamar o doutor Van Helsing. Mas Van Helsing cedo suspeita de algo sobrenatural e as suas supeitas acabam por estar certas, pois Lucy e a sua mãe acabam por falecer devido a um ataque feito por um morcego, a forma animal do Conde Drácula.
Contudo a alma da pobre Lucy não está em paz. Passadas algumas noites, ela emerge da sua sepultura como vampira. Cabe então aos seus amigos, ao médico e a Arthur, deixar a sua alma em paz. Depois de o conseguirem, e depois de Van Helsing descobrir a existência de Jonathan e Mina Haker e da estranha aventura do jovem advogado, decidem que darão caça à criatura hedionda responsável pela morte de Lucy.
Apesar de Bram Stoker não ser o criador do mito do vampiro, gostei muito da abordagem feita à criatura. O facto de a aventura se passar numa época em que os costumes eram tão antiquados, e de a linguagem usada ser mais cuidada, também contribuiu para que ao ler mse sentisse tão fascinada.
Num tempo em que as histórias de vampiros parecem estar a tornar-se o “pão nosso de cada dia”, é fascinante viajar pela “literatura vampiresca” inicial e perceber de onde este fascínio pelos vampiros veio. Sem Bram Stoker, talvez Anne Rice nunca tivesse escrito “A Entrevista do Vampiro”, uma das minhas obras preferidas. E quem sabe se a “praga” da Saga do Crepúsculo teria existido.
Assim sendo, para o bem e para o mal, ainda bem que Bram Stoker escreveu o “Drácula”. (5/7)

Drácula - www.wook.pt

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

"Black Swan" - Primeira Crítica Cinematográfica do Blog

Título: CISNE NEGRO
Título Original: Black Swan
Ano de Lançamento: 2010
Realizador: Darren Aronofsky
Argumento: Mark Heyman e Andres Heinz
Categoria: Drama | Suspense
Origem: EUA
Duração: 103 minutos

ELENCO:
Natalie Portman como Nina
Mila Kunis como Lilly
Winona Ryder como Beth MacIntyre
Vincent Cassel como Thomas Leroy

Se há algum tempo atrás me dissessem que estava prestes a entrar numa sala de cinema para ver um filme sobre ballet, cujo realizador parece irmão do Freddy Mercury, responderia que um sequestro e armas de fogo estariam envolvidos na equação. Se esse fosse o caso, deveria um agradecimento aos meus captores, por me terem obrigado a ver uma das melhores obras de cinema do ano.
Quando se fala deste filme, é quase inevitável mencionar o filme anterior de Darren Aranofski – “The Wrestler”. Apesar das óbvias dissemelhanças entre ballet e wrestling, ambos os filmes abordam temáticas e partem de pressupostos semelhantes; ambos tratam da obsessão da personagem principal por um desporto/arte (por estranho que pareça, há quem descreva tanto wrestling quanto ballet com ambas as denominações); tanto Nina como Randy são limitados em todos os aspectos da vida que não digam respeito ao Ballet; e, acima de tudo, tanto um filme como o outro, têm à cabeça personagens que passam a maior parte do filme a usar collants (sem tentar ser parcial, a escolha de Natalie Portman é mais acertada que a de Mickey Rourke).
Como já referi, a personagem principal (Nina Sayers) é obcecada pela sua arte. Tem a perfeição como meta, e tudo na sua vida que não envolva pliés, coupés e outros que tais, fica relegado para segundo plano. A sua relação com as outras personagens exemplifica isso mesmo, e devem ser vistas à luz da afinidade que partilha com a mãe. No início do filme vemos mãe e filha a partilhar uma conversa como se de irmãs ou bff’s se tratassem. Não podemos deixar de sentir que algo está errado. No decorrer da acção começamos a verificar a forma como Erica( a mãe, interpretada por Barbara Hershey) mostra o seu domínio e força castradora sobre Nina. Também Erica tinha sido bailarina, se bem que com pouco sucesso; exemplo clássico de uma mãe a tentar realizar o seu sonho frustrado através da filha. Freud teria aqui pano para mangas.
Nina é dançarina numa companhia de Ballet em Nova Iorque, e está na corrida para o papel principal numa nova versão do clássico “O Lago dos Cisnes”. Esse papel é marcado por uma dificuldade muito particular; a protagonista tem que ser capaz de desempenhar tanto o papel de cisne branco como o de cisne negro, papéis antagónicos, na sua essência. Nina é perfeita para desempenhar o papel de cisne branco, mas é demasiado perfeita para desempenhar o papel de cisne negro. Só quando demonstra a Thomas(o coreógrafo, desempenhado por Vicent Cassel), que talvez haja um lado negro debaixo do seu manto de perfeição, é que ele lhe dá o papel principal.
A partir do momento em que Nina descobre que vai ser a protagonista, ganham mais destaque três personagens, que despenham importantes papéis na interacção com ela, e que demonstram o quão inadequada é a sua preparação para qualquer relacionamento: o já referido Thomas, que a tenta fazer esquecer o perfeccionismo e abraçar o seu lado negro; Lily (Mila Kunis), que representa o cisne negro perfeito, e que é ao mesmo tempo idolatrada e odiada por Nina; e por fim Beth (Winona Ryder), a antiga estrela da companhia, a sombra omnipresente que representa o futuro inevitável de Nina e de todos os que vivem exclusivamente para um desporto/arte tão efémero.
Uma característica presente ao longo da história é que a obsessão de Nina pelo ballet começa a aumentar; deixa de ser o pano de fundo do filme e passa a ser a acção principal. E quando isso acontece, essa obsessão transforma-se em psicose. A ténue fronteira entre o real e o imaginado começa a diluir-se aos poucos e quão mais próxima Nina fica de abraçar o seu lado negro, mais confuso se torna diferenciar o que é real do que é produto da sua mente.
Este processo é filmado de forma brilhante por Aranofski que nos consegue iludir e confundir. Que nos deixa na dúvida quase até ao fim e que nos proporciona um terceiro acto verdadeiramente portentoso. Um final que bebe de “O retrato de Doryan Gray”, mas não creio que Oscar Wilde ficasse chateado. Afinal, não foi ele que disse “Talent borrows, genius steals.”?