quinta-feira, 28 de abril de 2011

Estreia - António Alves pelo mundo dos Contos Infantis !

"As Letras do Destino"
por António Alves



Era uma vez cinco cãezinhos. O Tano, o Tento, o Tim, o Tôto e o Tuti.
Eles viviam todas na mesma rua, na cidade de Bibijó.
Tano vivia numa casa que tinha um grande jardim na frente. Era costume ele convidar os amigos para as brincadeiras lá no jardim. Quem não gostava muito destas brincadeiras era a D.Januária, a dona da casa.
Um dia estavam todos os amigos, como era costume, a brincar, quando apareceu lá na rua um cãozinho muito mal tratado. Estava todo sujo, muito magrinho e muito, mas muito cansado. O Tôto foi quem avistou o bichinho e avisou logo os outros. Todos se precipitaram para o recém-chegado. Tuti, o mais atrevido, logo lhe perguntou como se chamava. Tê era o nome dele. Tento, o mais curioso, perguntou-lhe o que tinha acontecido com ele. O cãozinho pediu aos cinco amigos se antes de ele contar as desgraças que lhe tinham acontecido, se lhe poderiam dar de beber e comer. Todos se ofereceram prontamente para o servirem das suas pias.

"O Estranho Caso de Benjamin Button" - F.Scott Fitzgerald

“O Estranho Caso de Benjamin Button” faz parte de uma colectânea de contos de F.Scott Fitzgerald, “Tales of The Jazz Age”. Foi primeiramente publicado na edição de 27 de Maio de 1922 da revista “Collier’s Weekly”, e no ano de 2008 serviu de inspiração para o filme homónimo, mas com uma história bastante distinta.

Benjamin é uma “criança” diferente. Nasce com o aspecto de um homem de setenta anos, dotado de fala e de gostos por actividades impróprias para a sua idade, capaz de emitir alguns comentários bastante engraçados. O seu pai, embaraçado com o aspecto do filho, que mais parece seu avô, tenta negar a triste realidade e trata Benjamin como se ele fosse uma criança normal, forçando-o a brincar com brinquedos que ele desvaloriza e apanhando-o por diversas vezes a fumar charutos às escondidas.

Os anos vão passando e Benjamin apercebe-se que está cada vez mais novo. Agora aparenta ter cinquenta anos, quando na realidade apenas tem dezoito. O seu pai leva-o a festas da alto sociedade e Benjamin passa por seu irmão. Conhece uma jovem rapariga, o seu primeiro amor, e casa-se com ela. Mais tarde descobre o erro que cometeu, pois enquanto ela envelhece, ele fica mais novo e a sua relação acaba por tornar-se um tanto ridícula.

Benjamin nunca consegue alcançar o equilíbrio entre a sua idade "mental" e a sua idade "física" e acaba por desaparecer como um bébé recém-nascido.

De todos os trabalhos de Fitzgerald o que aprecio mais são os contos. Tem sempre algo de cómico, mas ao mesmo tempo dramático. Apesar de já ter sido escrito há muitos anos, “O Estranho Caso de Benjamin Button” dá que pensar. Senti que este conto pode ser encarado como uma crítica disfarçada de história cómica, na forma como no final nos deixa a pensar sobre como vivemos a vida e como a velhice é encarada na nossa sociedade. A velhice de Benjamin quando nasceu era algo de negativo e até mesmo de escandaloso, como se no mundo não existisse espaço para se ser velho, à semelhança do que hoje se passa. (5/7)

ALU ALVES

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Vamos lá discutir!

Tendo por base uma "discussão", que ocorreu ontem no facebook do "Baú dos Livros", queria saber a vossa opinião: O que torna um livro bom? Só a história, só o modo como é escrito, ou a classificação de "clássico"?


terça-feira, 26 de abril de 2011

Novas Aquisições - Obrigada Madrinha :)


"Anjo Caído" - Lauren Kate

“Anjo Caído”, da escritora americana Lauren Kate, é o primeiro volume da saga chamada “Fallen”. Conta a história de uma simples mortal, LucInda, que se apaixona por um anjo caído na Terra, Daniel Grigori. O que ela não conhece é a natureza de Daniel e que esta não é a primeira vez que se apaixona por ele. De facto, isso acontece de dezassete em dezassete anos, sempre que Lucinda reencarna e conhece Daniel noutra vida. Isto porque “Luce” morre misteriosamente sempre que os seus lábios tocam nos lábios do anjo caído. No entanto, desta vez algo nesta simples mortal mudou, e uma reviravolta acontece.

Começo a ficar um pouco farta destas cópias do “Corpúsculo”. Primeiro com o livro “Eternidade” de Alyson Noel, que narrava um amor entre uma mortal e um alquimista imortal, agora entre uma mortal e um anjo caído imortal. A história segue sempre o mesmo guião: rapariga sobrevive a acidente/acontecimento traumático; conhece rapaz misterioso pelo qual sente uma atracção instantânea; sente-se confusa com o comportamento do rapaz misterioso; o segredo é revelado; batalha final; rapariga é salva; amor, amor, amor,….; não perca a continuação. Eventualmente as pessoas vão acabar por se fartar deste tipo de história, porque apesar de ter sido um êxito no início, começa a tornar-se demais.

Este não é um livro mau e até achei ligeiramente melhor que o “Eternidade”, mas não trás nada de novo ao género. (3/7)


ALU ALVES

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domingo, 24 de abril de 2011

sábado, 23 de abril de 2011

Jackie Brown, Quentin's Greyest Movie

FICHA TÉCNICA


Título: Jackie Brown
Ano de Lançamento: 1997
Realizador: Quentin Tarantino
Origem: EUA
Duração: 154 minutos.
Elenco: Pam Grier , Robert Forster, Robert de Niro, Samuel L. Jackson, Bridget Fonda e Michael Keaton

Apesar de ser fã do trabalho de Tarantino, desde a polpa sangrenta do seu segundo filme aos vilões germânicos do último, sem esquecer os seis senhores coloridos ou Beatrix Kiddo, sempre olhei para Jackie Brown com alguma desconfiança. Sempre vi este filme como a ovelha negra da família Tarantino. Mas para não ser injusto, decidi dar mais uma oportunidade ao filme, afinal de contas, o Tarantino merece.

As imagens iniciais do filme fazem-me imediatamente pensar que o filme envelheceu mal; não é um filme velho (1997), mas o estilo visual e sonoro grita anos oitenta, não que isso seja mau só por si, mas ajuda a aumentar a suspeita (Cães Danados tem mais cinco anos e uma aparência muito mais fresca).

O filme conta a história de Jackie Brown (Pam Grier) – estranho era se assim não fosse – uma comissário de bordo, que passou o seu prime. No fundo do poço da sua carreira, a trabalhar para uma companhia aérea mexicana, Jackie usa da melhor maneira que sabe as cartas que lhe são dadas; esta é a particularidade de Jackie Brown que a faz tão única. Para compensar o mau salário, ela funciona como correio do dinheiro de Ordell Robbie (Samuel L. Jackson), um traficante de armas, que tem 500.000$ presos no México e que está a ser vigiado por forças policiais americanas. Numa destas viagens é apanhada com a mão na massa, ou com a massa na mala, mais precisamente. E é a partir daqui que Jackie Brown tem que ser mais esperta que todos os outros.

Se isto se tratasse de um jogo de cartas, a nossa heroína teria ficado com cinco duques – perdoam-me se este for uma óptima mão em algum jogo, não percebo muito de cartas, e se calhar isso devia-me dizer para escolher outra metáfora, mas o que está feito está feito. Do baralho, saiu-lhe a pior conjuntura de cartas possível. Foi presa enquanto traficava dinheiro, e também droga. É mandada para a prisão, e quando é solta, fica a saber que Ordell, na mais provável das probabilidades a quer matar.

O resto do filme desenrola-se com cada personagem a tentar ser mais esperta que a outra e, como o filme não se chama Ordell Robie, Max Cherry (Robert Forster, o fiador que se apaixona por ela), Ray Nicolet (Michael Keaton, o polícia que a prende), Melanie Ralston (Bridget Fonda, a namorada de Ordell) nem Louis Gara (Robert De Niro, o recentemente ex-encarcerado amigo de Ordell), adivinha-se quem terá o ás de trunfo no final (um bocado incongruente para quem anteriormente falava em cinco duques, se calhar não foi mesmo boa ideia a tal metáfora).

Esta história está muito bem construída. A parte final em que Tarantino brinca com o tempo, mostrando cenas repetidas, de pontos de vista diferentes mostra por que Tarantino se tornou um mestre. Quase tudo está muito bem conjugado mas depois de ver o filme, continua a parecer-me que falta alguma coisa. É muito provável que isto seja fruto de parcialidade da minha parte, sou um fã do realizador, adoro tudo o que ele fez, mas ao ver este filme, talvez por não utilizar a linguagem gráfica dos seus irmãos, perco-me em comparações e não o consigo apreciar como obra isolada. Quando olho para Ordell não consigo deixar de imaginar a personagem de Samuel L. Jackson no Pulp Fiction, e de ver como o seu desempenho empalidece em comparação. A protagonista, por muito carismática que seja, também não figura bem num confronto com Mia Wallace ou Beatrix Kiddo.

E os diálogos. Ah, os diálogos! A marca de Tarantino está presente nestes diálogos, mas em Jackie Brown têm a força de uma tatuagem temporária, enquanto no resto dos seus filmes está brandida a fogo (para já vou deixar as metáforas com cartas em stand-by, vão ser uma carta fora do baralho... Ups).