sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Música é Poesia

Há um sitio onde eu vou, onde ninguém me conhece. Não é um sitio solitário, mas antes um lugar necessário. Um lugar inventado por mim, onde eu me descubro e reconstruo. As  noites são calmas e perco todo o sentido de tempo. Absorvo tudo o que consigo.

Descubro que toda a gente tem as suas razões e a sua forma de ser. Estamos simplesmente a absorver e a libertar o que do nosso dia-à-dia recolhemos. Se eu experimentar respirar bem devagar, expirando e inspirando, continuo a sentir-me um pouco assustada. Percebo que estou lentamente a morrer.

Ao mesmo tempo, este exercício é esclarecedor, porque descobrimos que começamos onde acabamos. Por isso, perco o receio. Fico pronta a levantar voo e a descobrir o mistério que é a vida.


Este texto foi adaptado da letra da música Catch & Release do cantor Matt Simons, uma das minhas músicas preferidas. Na verdade é uma tradução quase completa da canção, mas um exercício de reflexão engraçado, que me deu gosto fazer. A música é poesia.   


quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Comunicado pouco importante

Ultimamente tenho usado o espaço do Baú dos Livros para escrever uma espécie de diário público, onde falo de tudo menos de livros. Este é talvez o ano, em quase dez anos, em que li menos, mas aprendi mais. Estou grata por isso. Seria terrível se aos quase trinta anos só conseguisse falar sobre livros, ou só sobre veterinária. Felizmente, estou rodeada de pessoas que enriquecem o meu dia-à-dia, com vários temas e discussões produtivas. 

Escrevo estas linhas no seguimento de várias ideias que me tem assaltado nos últimos três meses...uma delas é o que continuar a fazer com este espaço... 

Ser blogger está oficialmente fora de moda. Agora o que está a dar é ser Youtuber, ou Instagramer, e estes espaços de leitura e discussão estão cada vez mais em desuso. Felizmente a minha inconstância e egoísmo digital (ou feitio anti-social) sempre impediu que o Baú se tornasse muito badalado; nunca gostei de comentar outros blogs para ter comentários de volta e rapidamente descobri que fazer passatempos sob a alçada de editoras, envolvia escrever criticas sempre positivas, ou não havia livro patrocinado em troca...nunca tive muito jeito para idolatrar, ou mesmo interagir com quem visita este cantinho.  

Estes defeitos trouxeram uma coisa boa: posso continuar a escrever sobre o que bem me apetecer e sem sentir obrigação para o fazer.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Os temas sensíveis da Veterinária

Faz em Dezembro deste ano 3 anos que exerço a profissão de médica veterinária, mais especificamente em clínica de pequenos animais (sobretudo cães e gatos). Neste últimos três anos aprendi imensas coisas técnicas, que infelizmente não nos ensinam na universidade, como, por exemplo, a fazer cirurgia. 

No entanto, há coisas que não são assim tão técnicas, e que também não nos ensinam na universidade, que dizem respeito à comunicação com os donos/pessoas, que também vamos aprendendo. 

Apesar de saber mais sobre como comunicar com pessoas, ainda tenho muito a aprender e sinto que a comunicação é uma enorme lacuna na nossa formação. O tema não é directamente abordado na universidade, não é abordado no secundário, e muito menos é abordado enquanto somos mais jovens. Mas devia.

Falando especificamente da área da veterinária, em que cada vez mais os animais são vistos como membros da família, torna-se ainda mais difícil dar as más noticias, convencer as pessoas de que tratamento xyz é necessário e porquê, dar orçamentos e misturar dinheiro com amor...ninguém nos prepara para isso, vamos aprendendo por tentativa e erro. É esse stress emocional que desgasta quem faz veterinária. Não são as horas que passamos de pé e muito menos os dias em que estamos em "prisão domiciliária", porque nos calhou ter o telefone de urgência nesse dia. O que desgasta são as emoções e as lacunas na nossa capacidade de comunicar bem.

Noutros países da Europa, como o Reino Unido, onde os veterinários recebem o triplo e são efectivamente vistos com melhores olhos (e não como aqueles gajos que trabalham exclusivamente por dinheiro...), já começam a existir organizações de apoio psicológico, que disponibilizam cursos de comunicação, de gestão de tempo e de valorização pessoal. 

Nestas últimas semanas resolvi procurar algum tipo de formação que me pudesse ajudar nesse sentido. Não encontrei mais do que uma pequena palestra que aconteceu há uns meses atrás em Lisboa e soube de um grupo de colegas responsáveis por um hospital veterinário, que contrataram uma psicóloga para apoiar os médicos, enfermeiros e auxiliares veterinários a lidarem com os seus problemas de comunicação. 

Este ultimo facto deixou-me esperançosa e as coisas talvez comecem a mudar aqui em Portugal, mas tudo acontece a um ritmo tão lento...entretanto vamos perdendo colegas para o flagelo do burnout, da depressão e em última instância, para o suicídio e nunca estes temas são mencionados nas nossas universidades...

A título de exemplo do que poderia ser alterado no ensino, conto o único episódio em que o tema da eutanásia poderia ter sido abordado na universidade de forma pratica e não foi: foi numa aula de medicina interna, em que podíamos acompanhar os médicos e assistir ás consultas do Hospital Veterinário da UTAD. Foi nos pedido que saíssemos do consultório, para a médica poder falar desse tema com a dona em privado. É perfeitamente compreensível, que fosse pedida privacidade, mas no final seguimos simplesmente para a consulta seguinte. O tema da eutanásia e da comunicação não foi minimamente explorado. Nunca tivemos simulações de conversas com proprietários, nunca nos ensinaram a dar as más notícias. 

Como é que aprendi? Nos estágios extra curriculares, que eu própria procurei. Mais do que acompanhar casos complexos, procurei sempre acompanhar as consultas. Vi imensas. Do meu cantinho, fui aprendendo quais as dúvidas mais comuns dos donos, como lidar socialmente com eles e com os seus animais, percebi as subtis diferenças entre o dono de gato e o dono de cão e observei muito. Tive sorte em encontrar e observar diferentes estilos de médicos. Fui muito bem recebida no ICBAS, onde deixavam os estagiários fazer os exames físicos de todas as consultas, e na Escócia onde encontrei muitos animais idosos, numa realidade completamente à frente da nossa. Depois, quando comecei, foi mais fácil sentir-me confortável na sala de consulta. Mas nem todos os meus colegas tiveram essa sorte. Nem todos tiveram a disponibilidade de estar 12 meses e ver os outros trabalharem e nem todos foram bem recebidos nos locais onde estagiaram. A maior parte saiu da universidade depois de 3 meses de estágio e foram literalmente atirados aos lobos. Tiveram de saber tudo e logo. Muitos foram colocados a fazer noites sozinhos, a receber 5€/hora, em turnos de 18 horas, ou mais e muitos foram embora, ou desistiram de veterinária passado um ano. 



E a Ordem dos Médicos Veterinários, composta por muitos destes patrões, preocupou-se com a criação de vinhetas com morada e contacto, com boletins sanitários rastreáveis para evitar a usurpação de funções, com a imagem dos veterinários na comunicação social, tudo coisas válidas, mas muito menos urgentes que a necessidade de olhar pelos interesses imediatos dos seus membros. Estamos num tempo de mudanças rápidas no mundo da veterinária, mas não estamos a conseguir acompanhar as mesmas. Tudo parece demorar uma eternidade a acontecer, neste nosso cantinho à beira mar plantado, onde o bem estar psicológico da nossa classe está seriamente em risco. 



  
  

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Veterinária e Podcasts

Passou um mês desde que vim trabalhar para Oeiras e esta é a minha primeira semana de urgência. Pensei mesmo que nunca mais ia ter de estar à chamada. É das coisas que menos gosto na veterinária.

Apesar disso, tem tudo corrido bem. Se há coisa que aprendi nos últimos anos é que devemos ser prudentes, quando formamos uma opinião. Principalmente no início, é tudo positivo e cor de rosa (um pouco como as relações). Mas a verdade é que estou novamente entusiasmada com a veterinária. Tenho recordado e aplicado muitos conceitos e sinto que finalmente estou novamente "no jogo". 

Tenho aproveitado as horas de almoço para ouvir Podcasts sobre a área e isso ajuda na motivação. Percebo que as minhas dificuldades não são apenas minhas, mas são transcendentes a uma grande parte dos veterinários espalhados pelo globo. Os Podcasts são também excelentes, para conhecermos o trabalho de colegas de todo o mundo e aprender com as suas experiências. Também podem ser úteis, para quem esteja a ponderar escolher veterinária como área profissional. 

Deixo aqui o nome de dois desses programas:

The Vet Vault 
Blunt Dissection

Para ouvirem, bastan instalar a aplicação Google Podcasts e subscrever.

sábado, 7 de setembro de 2019

6 Passos para ser uma Influencer no Instagram!

Ainda não contei aqui o episódio em que decidi ser uma influencer no Instagram. Após 9 meses, tem sido uma caminhada que me conduziu a este momento na minha vida.

Tudo começou, quando ainda vivia em Guimarães e a minha vida era um tédio. Estava tão entediada que a ideia surgiu como que vinda do céu. Senti-me iluminada: vou ser uma estrela no Instagram! Heis o plano que elaborei e que resultou:

1º Passo: QUE TIPO DE INFLUENCER SER  - Como no mundo das Barbies, existem milhentas opões: A modelo, a viajante, a profissional, a cozinheira, a artista, a leitora, a fotografa, a condutora de drone, etc etc. No meu caso ,decidi que ia ser do tipo fotografa e exploradora. Precisava de fotos lindas da natureza e das minhas imensas viagens. Se conseguissem atingir o sucesso dos 500 likes em 5 minutos. Os hotéis, iriam patrocinar as minhas viagens. Quem sabe até se a National Geographic não me contrataria...já esteve mais longe.

2º Passo: APAGAR TODAS AS FOTOS PESSOAIS E SELFIES - Isto é importante! Excepto se vocês forem uma gaja boa. Nesse caso, mostrem as mamas e as nádegas, mas com filtros! Não querem ser só parolas, tem que ser sexys, mas só qb. Vendam bem esse corpinho. Valorizem-no com edição de contraste e shadow.  

3º Passo: ELIMINAR TODOS OS FOLLOWS DE CARIDADE - Sim, se vocês querem ser influencers, não podem seguir mais pessoas do que aquelas que vos seguem. É matemática básica. Por isso, toca a eliminar as sogras, o tio em quinto grau e a senhora com quem se cruzam todos os dias no autocarro e que tira selfies com o seu café delta no WC. Não mintam a vocês mesmos. Vocês só os seguem porque tem pena. 

4º Passo: SEGUIR E DE SEGUIDA DEIXAR DE SEGUIR A LISTA DE AMIGOS DOS VOSSOS AMIGOS E/OU NAMORADOS - Cuidado...este passo pode levar a discussão e até fins de relacionamento. Calmamente expliquem-lhes que não é nada pessoal. Vocês não são namoradas, ou amigas psicóticas. Vocês nãos querem saber da vida das ex-namoradas, ou do patrão do vosso namorado, vocês tem um objectivo: ganharem seguidores! Vocês não querem saber do vossos amigos, ou namorados. Vocês querem: ser influencers!

5º Passo: SELECCIONAR O QUE PUBLICAR - Não interessa quantidade de posts. Interessa a qualidade. Acham que alguém quer ver uma foto do pôr do sol na Póvoa de Varzim?! Não! As pessoas querem o pôr do sol em Cabo Verde! Seleccionar é a chave!

6º Passo: ESCREVER UM POST NO BLOG PARA QUE AS PESSOAS SIGAM O VOSSO INSTAGRAM COM A PROMESSA DE QUE SEGUEM DE VOLTA, OU NÃO - Uma palavra amigos - auto-promoção! Aqui está o meu nome no Instagram - @intermitenciasdalu Sigam-me! 

(PS - há partes neste texto que são ironia e não devem ser levadas muito a sério. A ironia escrita é difícil de entender. Mil perdões.)

Bem-vinda a Porto Salvo - terra das drogas!

Bem-vinda a Porto Salvo, Luisa! Literalmente a terra das drogas. Isto porque é aqui que empresas farmacêuticas, como por exemplo a Pfizer e a Novartis, tem as suas sedes. É engraçado como vim parar à terra onde a minha pílula contraceptiva é produzida. Poderia isto ser mais feminista?! #revolution #feminism #whocares?

Esta primeira semana foi produtiva. Não tinha uma semana assim desde...há muito. Quando estamos num trabalho que nos desmotiva, tudo o resto acaba por ser afectado. Afinal de contas, é no espaço de trabalho que passamos a maior parte do nosso tempo. Isso faz-me concluir que eu (e possivelmente toda a gente no planeta) nasci para não fazer nada. Quando não faço nada duas coisas acontecem: não faço nada, ou faço mais do que tudo o que fiz num ano.  

Tenho passado grande parte do meu tempo a estudar para o exame de dermatologia veterinária do colégio europeu (ui! que fancy!), ou a fingir que estudo, nos intervalos de tempo em que faço coisas interessantes. Ou será ao contrário? Estive a tentar organizar o meu espaço e a tornar a casa, que é habitada maioritariamente por homens, num espaço ligeiramente mais organizado. Finalmente realizei o meu sonho de ter um mini jardim de ervas aromáticas e nunca a minha vida social foi tão activa. 

Ontem dei por mim num evento de jogos de tabuleiro. Eu, que supostamente não aprecio muito jogos desse tipo (excepto monopólio e trivial persuit), fui a um evento de jogos de tabuleiro e gostei!? 

No meio disto tudo onde andam os livros, perguntam vocês? Pois, não andam. Ou melhor...vão andando. Terminei algumas leituras de que gostei: "Big Little Lies" da Liane Moriarty e os "Cadernos de Lanzarote I e II" do Saramago foram as leituras de destaque nos últimos três meses, mas tenho andado mais dedicada a séries televisivas. Fiquei fascinada com a última temporada de The Handmaid's Tale, com Mindhunters e, mais recentemente, com a série "Camping" da HBO e a comédia "Gameface". Em breve faço um post sobre estas séries.  

Este blog está a tornar-se cada vez mais uma espécie de diário, mas no fundo essa era a ideia original dos blogs...I guess.




quinta-feira, 29 de agosto de 2019

O inicio de uma nova aventura!

Hoje é o primeiro dia de uma nova aventura. Talvez uma aventura um pouco louca. Precipitada, alguns dirão... mas, ainda assim uma aventura. E há quanto tempo eu ansiava por uma!

Lembro-me de há uns tempos atrás dizer que detestaria viver em dois sítios de Portugal: na Trofa, ou em Lisboa; o barulho, a quantidade infernal de gente, os cheiros (que muitas vezes não cheiram "bem"...), a sensação de sufoco e falta de espaço; a vida numa capital. A minha nova vida.

Mais ao menos, porque na verdade mudei-me para Oeiras e não para Lisboa. Para mim, mulher do norte, é tudo o mesmo. Mas a verdade é que deixando de parte o preconceito nortenho não é. Aqui não existem tantos turistas, as pessoas vivem sossegadamente com as suas famílias, respiram o mar, passeiam na serra de Sintra, relaxam e não é tudo tão a correr. 

É engraçada a vida. Como idealizamos e planeamos todos os momentos que fazem parte dela, muitas vezes ao pormenor, e acabamos em sítios que não esperávamos de todo!

A parte mais difícil de migrar é sem dúvida deixar as pessoas que nos são próximas,. No meu caso a minha família e os meus animais de estimação seniores. Mas este ano aprendi que a distância existe na nossa cabeça e é sempre uma desculpa, ou relativa. Além disso hoje é raro o filho, ou a filha, que não migra ou emigra. 

Já vivi em muitos locais diferentes. Mais lugares do que muita gente neste mundo. Nasci e cresci numa bela aldeia de Barcelos; em Famalicão passei a adolescência; estive um ano no Porto; vivi cinco em Vila Real; morei 3 meses na Escócia; passei um ano e meio em Guimarães. Agora estou em Oeiras. Não foram lugares exóticos (à excepção da Escócia...que é sem dúvida um lugar exótico...os homens usam saia), mas todos eles me ensinaram lições importantes e me trouxeram amizades, algumas delas que ficaram para a vida. 

Não sei se será em Oeiras que encontrarei o meu lugar, mas para já, neste quarto cheio de sonhos, gosto de pensar que sim. 

terça-feira, 18 de junho de 2019

Entrevista da revista Sábado a Nádia Piazza - um breve comentário.

Hoje acordei e abracei o velho hábito de fazer scroll nas redes sociais. Dei por mim a ler uma entrevista da revista Sábado a Nádia Piazza, mãe de uma das crianças que faleceu nos grandes fogos de Pedrogão, em 2017. 

Não pude deixar de pensar que num momento de extrema dor, as pessoas agarram-se ao que podem. A senhora não ficou parada e juntamente com outras vítimas e familiares das mesmas, criou a Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande. 

Gostei particularmente da parte em que diz:

"A nossa associação não é uma associação que uma sociedade civilizada queira ter, é a prova da falência do Estado. No dia em que tivermos o controlo de fogos e as pessoas estiverem sensibilizadas, deixamos de ter missão. O nosso sucesso é que nos possamos extinguir."

Depois de ler a entrevista fiquei com a ideia de que esta mulher é forte e cheia de pro-actividade, mas que se engana a ela mesma (ou quer enganar-nos a nós), quando refere que é apartidária e que não gosta de partidos. Logo depois mostra claramente antipatia pelo PCP (porque não contactou a associação...talvez os únicos que não quiseram entrar no jogo da hipocrisia à custa de tragédias) e enaltece a simpatia de Assunção Cristas...uma mulher que poderia ter feito alguma coisa pelo ordenamento do território e desenvolvimento do interior, quando ocupou o cargo de ministra da agricultura e do mar...e nada de bom fez, pelo contrário, liberalizou a utilização dos eucaliptos. Não é irónico? 

Infelizmente o nosso país funciona à base de tachos e panelas e os maiores fazedores desses "ricos objectos" são, precisamente, os partidos e os seus respectivos membros. Nesses meios ninguém faz alguma coisa pela bondade do acto. Há sempre segundas intenções. 

Se realmente o importante é mudar alto estrutural, essa mudança tem de começar da base. O governo é e será sempre apenas o reflexo de um povo e da sua forma de pensar/agir. Quer se vote, ou não (porque o não votar também é uma forma de voto), os problemas vão prevalecer, enquanto as mentalidades prevalecerem. 

Acho que mais do que mudar os partidos e falar em comícios, seria importante mudar as pessoas, para que consequentemente os partidos mudassem. As pessoas estão literalmente cagando-se para o ordenamento do território e para o desenvolvimento do interior e é preciso educa-las, para que os partidos tenham necessidade de dar a atenção devida a esses temas.  








sexta-feira, 14 de junho de 2019

"Not That Kind of Girl", Lena Dunham

Para quem não sabe a Lena Dunham, é a autora e actriz da série televisiva Girls, da HBO. Tem actualmente 33 anos e esta espécie de autobiografia foi escrita em 2015, quando ela ainda nem 30 anos tinha. Não é qualquer pessoa que tem a lata de almejar escrever um livro de memórias, com esta idade. Isto diz muito sobre Lena. 

É interessante ler as opiniões acerca deste livro no Goodreads. A maior parte dos leitores odeia o livro, porque odeiam a miúda. É compreensível. A Lena parece ser aquele tipo de rapariga privilegiada, filha de artistas, que cedo consegue atingir o topo - ter a sua própria série de televisão aos 25 anos de idade na HBO. 

O sucesso precoce causa comichão a muito boa gente. Aliado a isso, não vou fingir que a miúda não é um pouco narcisista, aquela amiga que por vezes é chata e, como dizem os americanos, um pouco "Self-involved"... mas uma coisa ela tem razão - ela representa uma geração - a geração "Self-involved". Porque sejamos francos...quem não é um pouco egoísta e narcisista nos dias de hoje? Vivemos num mundo onde se promove o culto do eu a toda a hora: é instagram, é a meditação, é a terapia para o auto conhecimento, é o ginásio e os batidos paleo...a constante luta por um eu melhor. EU EU EU...

Este livro conta com uma série de episódios da vida de Lena. Desde a estranha relação com o seu corpo, até ao modo como a ansiedade sempre fez parte da sua mente, até aos episódios sexuais bizarros (mas realistas), ou as histórias relacionados com o mundo maioritariamente masculino de Hollywood.

É uma leitura muito fácil e, apesar de por vezes a rapariga ser irritante, conseguiu arrancar-me umas boas gargalhadas. Gostei sobretudo da falta de inibição e sinceridade com que Lena escreve. Percebe-se o quanto dela mesma está presenta na série televisiva e se gostaram de assistir à mesma, recomendo que leiam este livro. Vão gostar.

terça-feira, 11 de junho de 2019

Por favor parem...

Por favor parem de chamar "Kika", "Kiko", "Mia", ou "Marley" aos vossos animais (a não ser que já se chamem assim...nesse caso continuem, porque seria só confuso mudar de nome a meio do campeonato da vida). 

Não é original.

Não é bonito.

Não é.

Não...

E já que estamos numa de nomes. O que se passa com as novas crianças deste mundo? É tudo "Constança", "Dinis", "Matilde", "Afonso"...se é para ser tudo nobre, desafio alguém a escolher "Urraca"! Para quem não sabe a Dona Urraca foi rainha de Castela e Leão e da Galiza. Assumiu o trono com a morte do pai, em 30 de junho de 1109, até 8 de março de 1126. Resumindo...muito feminista e por isso igualmente na moda. 

Vá lá pessoal! Fica a sugestão!

sábado, 8 de junho de 2019

Não tenho lido...

...quase nada. 

Não me incomoda não ler tanto. Continuo a amar o cheirinho do papel novo (ou velho) nas livrarias e alfarrabistas. Tenho sempre um livro na carteira...se por alguma razão me esqueço de levar um livro, apanho uma seca descomunal. É a maldição do livro ausente.

Hoje tivemos um gato na clínica chamado "Lev". Os donos devem ser de esquerda, ou devem ter influências russas. A alternativa é que sejam fãs da dieta Lev...mas não me pareceu. A verdade é que enquanto limpávamos as feridas do animal, deu-me uma vontade louca de mandar tudo ás urtigas e ir ler Tolstoi, num confortável sofá de couro. Eu dava uma óptima milionária. 

Porquê que não tenho lido? A verdade é que tenho andado a passear para cacete e supostamente tenho um trabalho da pós-graduação para escrever e entregar até dia 30 de Junho (POR ISSO É QUE ESTOU AQUI A DIVAGAR...)! 

Actualmente levo uma vida de instagrammer/influencer, mas com a desvantagem de que eu é que pago (carreguem por aí nas publicidades da google adds, a ver se fico rica à vossa custa, por favor #lifegoal). Os meus pais patrocinam-me a comida e a roupa lavada. 

Tem sido um ano muito bom. Mas não tenho lido. Gostava de ler mais. 

quarta-feira, 5 de junho de 2019

A crise dos 30.

A crise dos 30 será mesmo uma coisa real?...

Hoje dei por mim nos caminhos da nostalgia musical. Comecei a ouvir o álbum Harmonium da Vanessa Carlton, coisa que fazia com bastante frequência aos 17 anos. Há mais de 10 anos atrás. Ainda sei as letras de cabeça. E aparentemente ainda escrevo, da mesma forma que falo. Erro grave, segundo o meu segundo ex-namorado. 

Há lições que realmente ficam. Há outras que se esquecem. 

Voltando à música...e aos 30...as músicas deste segundo álbum da Vanessa despertavam em mim a sensação de que tudo era possível. Dava por mim a pensar nas mil aventuras, que a vida me podia reservar. Agora pareço uma velha conformada a falar, mas a verdade é que a sensação que a música me desperta ainda é a mesma. Isto faz-me pensar: será que mudei assim tanto? 

Tenho quase 30, mas continuo sem saber nada sobre a vida...ou quase nada. Aprendi que há peças de roupa que não se podem lavar a quente e que a ansiedade é uma coisa real e que se misturarmos Xanax com alcool podemos ter uma trip muito marada (essa coisa só li...não experimentei...eu não faço essas coisas). 

A crise dos 30 será perceber que nunca se vai perceber nada? Será perceber que se tem de saber lidar o melhor possível com o facto de a vida ser um aglomerado muito confuso de eventos mais ao menos aleatórios, que ninguém consegue prever? 

To be continued...


domingo, 24 de fevereiro de 2019

Novo Ano, Vida Nova - aquele post com 2 meses de atraso...

Este é aquele post com 2 meses de atraso, que devia ter sido escrito e publicado se eu fosse uma blogger decente. Infelizmente não sou.

Por isso, passando à frente todos os típicos votos de "feliz ano novo e boa sorte com as dietas e outros objectivos temporários", mea culpa, mea culpa, por não vir aqui tantas vezes como gostaria...anuncio que pretendo retomar o registo das minhas aventuras literárias e não só.

Nos últimos 2 meses estive a fazer algumas mudanças na minha vida, que não me deixaram muito tempo para leituras. Vejam lá que ainda nem estipulei o meu objectivo de número de livros a ler no Goodreads!?! #escandaloso!

Este é apenas um post para dizer que estou viva e isto não morreu. Continuarei a depositar neste baú parte das minhas memórias e ideias estranhas. 

Até já!