sábado, 17 de janeiro de 2015

"Boyhood" - Richard Linklater





Boyhood, a história de como uma criança bonita e fofinha se materializou num jovem adulto com um ar hipster, depois de passar pela fase de adolescente seboso.


Seria uma boa descrição do filme, mas claro que estou a brincar.

Não tenho por hábito ver muitos filmes. Acho que já disse aqui, que sou mais do tipo que vê muitas séries ao mesmo tempo. Normalmente os filmes que acabo por ver são sobretudo aqueles que o meu pai me pede para ver, aka filmes de homem/acção, totalmente previsíveis e comerciais, salvo raras excepções.   

Quando vi que Boyhood tinha ganho o Globo de Ouro e que foi filmado, de forma repartida, ao longo de 12 anos, fiquei com a curiosidade espicaçada. Isso, aliado ao clima maravilhoso de chuva e frio, fez-me  achar que seria boa ideia passar o serão na companhia do meu mais que tudo, a tentar não adormecer/desesperar, enquanto assistia ao filme.

Não é que seja mau. Narra a história de um rapazinho, desde os 5 até aos 18 anos de idade. Em termos de história não tem nada de especial. É até bastante calma e normal, sem um grande enredo. O que torna este filme um potencial vencedor do Óscar, é o facto de se traduzir em tantos lugares comuns, por vezes mesmo clichés, que fazem com que seja fácil, principalmente, para os que cresceram na década de 2000, identificarem-se com a história. Afinal, estamos a assistir a um puto, que viveu coisas que marcaram a nossa infância, a crescer, tal como nós crescemos.

Desde o marco que foi o Dragonball, as diferentes evoluções dos jogos de vídeo, passando pela loucura do lançamento dos livros do Harry Potter (o puto até fez aquela questão, que todos nós, crianças desse tempo, fizemos a nós mesmas "será que Hogwarts não existe mesmo?"), até aos tempos mais recentes, da moda do Facebook, e a forma como ele condiciona a nossa vida. Vemos tudo isso a passar, tal e qual um "best moments of 2000-2012".

Mas até que ponto é que conseguirá tocar alguém que não tenha crescido/experimentado essa década? É certo, que vemos também as personagens secundárias a envelhecer, e a evoluírem, mas o rapaz não deixa de ser a personagem principal, e o espectador experimenta o mundo através dele e da sua visão.  

No geral gostei do filme. Não posso dizer que seja o melhor filme de sempre, porque para mim está longe disso, mas é diferente e exige um determinado estado de espírito para ser visto, de preferência um em que não estejam com sono, porque é capaz de ser um bocadito aborrecido...

Não pude também deixar de me questionar da legitimidade daquela irmã dele. Os pais loiros e de olhos claros...ela morena e de olhos escuros. Ok...nada contra a adopção, mas podiam contar-lhe a verdade um dia destes!

No final podemos todos concluir, que por mais ou menos idênticas que as nossas vidas possam ser, por mais ou menos artificios e giravoltas, a coisa acaba sempre da mesma forma -  ficamos velhos e morremos um dia. 

YUPI! Que alegria!

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