domingo, 27 de abril de 2014

"Sputnik, Meu Amor" - Haruki Murakami

Sputnik, Meu Amor, de um modo resumido, narra a história de um triângulo amoroso; K, é um professor primário, que se encaixa no perfil das personagens masculinas a que Murakami nos habituou - solitárias e com gostos eclécticos. Este professor está apaixonado por Sumire. No entanto, esta rapariga, bastante excêntrica e jovial, não sente qualquer desejo de ser mais do que amiga de K e desconhece o amor que o amigo lhe dedica. Não é que ele não seja bom para ela, Sumire simplesmente nunca amou ninguém e nunca sentiu paixão por alguém. Desconhece até o que será isso de que toda a gente fala, e a sua única ambição é ser escritora. Um dia, num casamento, é assolada pelo desejo, que finalmente lhe mostra o que é sentir paixão, quando conhece Miu, uma mulher de meia-idade, bastante misteriosa. 

A temática principal desta obra é a solidão. Gostei particularmente do paralelismo que é feito entre o título do livro e o tema em si - Sputnik, que em russo significa companheiro de viagem, foi o primeiro satélite a ser enviado para o espaço. Ainda no mesmo ano foi lançado o Sputnik II, onde seguia a bordo a cadela Laica. Nunca me tinha perguntado o que teria acontecido à cadelinha, depois de chegar ao espaço. Agora, depois de ler este livro, imagino a solidão e o medo que este animal não deverá ter sentido, dentro daquele pedaço de metal. Penso que seria isto que as personagens do livro sentiam; apesar de rodeados por muita gente (como a Laica, que era admirada por muitos), não conseguiam relacionar-se. Sentiam uma grande solidão. 

(Fiquei com tanta pena da Laica, que fui ver o que lhe aconteceu. Segundo a Wikipedia, morreu poucas horas depois de entrar no Espaço. Causa da morte: stress e sobreaquecimento do satélite. Digam lá se a raça humana não é cruel?)

Tenho lido outras opiniões sobre este escritor e há quem não goste, ou quem já esteja farto. A verdade é que existe um padrão na construção das personagens; existe sempre uma personagem masculina, padronizada no seu estilo de vida, e amores não correspondidos, ou falhados. Este padrão existe de facto, mas para mim não representa mais do que a alma do próprio escritor. A forma como as diferentes histórias são moldadas, acabam por torná-las únicas, apesar da similaridade inicial que se sente. O que distingue as obras de Murakami é a forma como este escritor consegue transformar uma história banal em algo mágico, com uma grande dose de surrealismo e de reflexões, que me fascinam.

Dizem que a magia de ler se baseia no prazer de viajar sem sair do sítio; Essa é uma grande verdade, mas há autores que conseguem despoletar essa viagem de uma forma mais mágica, do que outros. Haruki Murakami é um deles.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Não vejo o telejornal

Não vejo o telejornal há vários meses e só ocasionalmente leio as notícias no jornal online. A principal razão é a de não ter televisão na cidade onde estudo e a segunda razão é a de não querer saber.

Não é que eu não goste de saber o que se está a passar no mundo, porque gosto de ter essa noção, mas digam-me: alguém acordou hoje de bom humor, ligou a tv (porque quando estou de férias, tenho-a disponível) e ficou deprimido por ver repetidas as mesmas notícias (que se repetem há anos...) e mais outras tantas sobre desastres, ou políticos mafiosos que nunca são condenados?

Sinceramente pensem bem e digam-me: porquê que queremos saber isso? Para podermos falar com os nossos conhecidos sobre algo mais que o tempo? Para podermos ter pena daquelas pessoas, enquanto os media facturam com a nossa peninha? Para saber de mais cortes e promessas? 

Para mim basta-me ler os títulos, para ter uma noção do que se passa no Mundo. Raramente leio um artigo na integra e, quando o faço, fico chocada com a quantidade de juízos de valor que são feitos num suposto artigo de informação - Manipulação a toda a hora!

Que mudanças notei depois de deixar as notícias? Para dizer a verdade...nenhumas. Tenho mais tempo para outras coisas e redirecciono a minha atenção para assuntos locais, para os quais eu posso contribuir, ou comentar, por conhecimento de causa. 

Se cada pessoa se concentrasse em ver menos televisão e em queixar-se menos, baseado no que vêem, talvez fossemos todos um pouco mais felizes.  

terça-feira, 8 de abril de 2014

Desafio dos 30 dias!

Ontem estava a navegar e a ouvir algumas "conversas" no Ted Talks e deparei-me com esta, sobre tentar coisas novas durante trinta dias. Este procedimento simples pode ajudar-nos a construir uma força de vontade maior e a trazer novos interesses para a nossa vida...ou mesmo a excluir alguns elementos, que não são assim tão necessárias. 

Se pensarmos bem, 30 dias é o período ideal para nos habituarmos ou desabituarmos de algo. Como tenho tido dificuldade em encontrar o meu equilíbrio interior, nestes últimos tempos de stress com a universidade, resolvi criar uma lista de 30 coisas a experimentar em 30 dias (à vez):
 
1) Ler pelo menos 1hora por dia;
2) Não comer chocolate, ou algo com chocolate;
3) Ser vegan;
4) Uma fotografia nova por dia;
5) Assistir a uma palestras TED TALKS (30 min.por dia);
6) Dieta sem gluten;
7) Uma receita nova por dia;
8) Não andar de carro;
9) Escrever um diário;
10) Usar uma palavra nova por dia;
11) Cumprimentar/falar com alguém novo;
12) Dançar, mesmo que não tenha jeito;
13) Comer alimentos crus;
14) Sem Facebook;
15) Aprender uma língua nova uma hora por dia;
16) Um desenho por dia;
17) Gastar menos de 1€ por dia (excepto rendas e contas);
18) Plantar uma planta nova no jardim, ou em sitios à sorte;
19) Ver um filme por dia;
20) Não comentar a vida das outras pessoas, ou julgar;
21) Lista de gratidão diária;
22) Fazer cinquenta abdominais por dia;
23) Beber 8 copos (ou mais) de agua por dia;
24) Escrever um livro;
25) Sem televisão;
26) Elogiar alguém diferente;
27) Não usar o elevador;
28) 10 minutos de respiração controlada, por dia;
29) Um video de cirurgia por dia;
30) Não me queixar.

Esta é a minha lista. Vou mantendo o post actualizado!









sábado, 5 de abril de 2014

"Leitores como nós" #3 - Cátia Ramos

"Leitores como Nós" é a nova publicação semanal do Baú dos Livros. O objectivo é dar a conhecer diferentes visões do mundo da literatura, dadas na primeira pessoa, pelas pessoas que vamos seleccionando. Só temos um critério de admissão: gostar de ler!

Esta semana, o Baú dos Livros foi conhecer o que pensa Cátia Ramos sobre o mundo dos livros:

Cátia Ramos, nascida no mês de Abril do ano de 1991, é uma confessa amante da cozinha e dos bons cozinhados, licenciada em Engenharia Zootécnica - há que saber produzir do campo até ao prato! - Adora a família e os amigos e faz-se acompanhar da sua fiel amiga de quatro patas, a Aurora; Não lê muito, mas gosta daquilo que tem oportunidade de ler e aceitou de bom grado compartilhar a sua opinião com o Baú dos Livros. 


BL: Lembras-te do teu primeiro livro sem imagens? Qual foi?  
CR: O meu primeiro livro sem imagens penso que foi “Amor de Perdição” de Camilo Castelo Branco. Era um livro já velhinho, que havia lá para casa e eu decidi arriscar.

BL: Que géneros preferes? 
CR: Gosto muito de livros de romance fantásticos e se forem daqueles que são sagas que vão ser reproduzidas em filmes, ou séries, então ainda melhor. 

BL: Qual o livro que mais te marcou e porquê? É o teu livro favorito? Se não for, então qual é? 
CR: Não tenho nenhum livro que me tenha marcado especialmente. A saga Harry Potter será sempre lembrada com muito carinho porque a adorei mesmo! Ainda assim, não tenho nenhum favorito, porque quando estou a ler um livro de que gosto embrenho-me de uma forma quase estúpida e, naquele momento, é aquele livro que eu amo. 

BL: Qual a melhor adaptação cinematográfica de um livro que já viste? 
CR: Acho que, até agora, nenhuma adaptação cinematográfica das que vi fez jus ao livro. Penso que talvez o segundo filme do “Hunger Games” tenha sido das melhores adaptações, ou então o “Verónica decide morrer” do escritor Paulo Coelho. 

BL: E a pior? 
CR: Sem dúvida alguma os filmes de “Harry Potter”; não fazem qualquer justiça aos livros, para não falar no facto de mudarem algumas coisas da história. 

BL: Se pudesses escolher um personagem e um livro onde morar, quais escolherias? 
CR: Se fosse pela personagem acho que escolheria a Beatrice Prior do “Divergent” porque acho mesmo giro a normalidade com que ela encara os desafios. Quase parece um super poder. Além disso ter o "Quatro" sempre ali ao lado não era nada mau (xD); ou então a Hermione Granger do “Harry Potter” porque é fantástica! Um livro para morar seria sem dúvida "Harry Potter". 

BL: Qual é aquele escritor que não suportas? Quais as razões? 
CR: Eu não tenho histórico literário suficiente para não suportar autores, acho que para já só não suporto alguns livros, principalmente os dramáticos. 

BL: Quando escolhes um livro, o que te atrai mais? 
CR: Atrai-me principalmente se é um livro com história, com criaturas e mundos fantásticos e se tem uma boa dose de romantismo. 

BL: Gostavas de ler mais? O que te impede de o fazer? 
CR: Sim gostava, não o faço porque quando começo a ler só pára quando o livro termina então se é uma saga já estão a ver o que acontece...não faço mais nada da minha vida. Depois torna-se complicado ter tempo para tudo. 

BL: O que achas que poderia fazer as pessoas lerem mais? 
CR: Acho que se uma pessoa não tiver disposição para ler não há nada que se possa fazer para ela ler. Quanto às pessoas que gostam de ler. acho que não lêem mais causa dos preços dos livros. Tudo bem que já há muitos livros online mas não há nada como sentir o cheiro de um livro. Por isso, penso que se houvesse forma de baixar o preço dos livros ou de haver mais partilha isso faria as pessoas lerem mais. 

E esta foi a nossa nova entrevista! O Baú agradece à Cátia e volta a convidar aqueles que gostariam de participar, a contactarem-nos via email, ou página Facebook!

quarta-feira, 2 de abril de 2014

E "Foi Assim que Aconteceu"... (SPOILER ALERT)

Comecei a ver "How I Met Your Mother", há seis anos atrás. Não sei precisar exactamente, quando foi, mas foi por volta dessa altura. Quem me mostrou a série foi o meu ex-namorado e na altura achávamos que éramos a Lilly e o Marshall; o facto de termos crescido juntos, fazia com que fosse fácil saber o que cada um estava a pensar, tínhamos as nossas próprias piadas e manias e ás vezes acabávamos as frases um do outro. Adorávamos aquela série, porque era a nossa série - enquanto todas as pessoas mudavam de par, ficavam tristes e iam procurando "a tal", nós não precisávamos; éramos a Lilly e o Marshall.

Foram bons tempos, mas como casais como a Lilly e o Marshall não existem (pelo menos, que eu conheça), a vida aconteceu e cada um de nós seguiu o seu caminho. Deixei de ver a série durante algum tempo, porque era doloroso para mim ver a minha ex-personagem e saber que afinal não passava tudo de uma ilusão.

Quando recomecei a ver "How I Met Your Mother", estava com outro espírito. Foi numa época de crescimento pessoal e de evolução; uma época de dúvidas, algumas das quais ainda não esclarecidas, mas que me abriram os olhos para as restantes personagens da série; todas elas conseguiam ser mais reais e fascinantes que o casal maravilha



E foi assim que aconteceu. Voltei a seguir os episódios e a evolução destas personagens. Ficava espantada como o Barney, inicialmente uma personagem completamente oca, podia tornar-se tão interessante e "crescido"; acompanhei o Ted na sua busca pelo amor verdadeiro, pela sua alma gémea, que acabou por encontrar; vi a Robin abdicar um pouco da sua carreira e perceber que o que interessava eram as pessoas...até ao último episódio, no qual tudo foi por água abaixo.

Não me chateou terem morto a "mãe". Eu podia viver com esse final - trágico, mas romântico. O que me chateou foi que em quinze minutos conseguiram destruir toda a evolução de nove anos de temporadas! Porque no final tudo voltou à forma como começou; afinal, as pessoas nunca mudam; as pessoas nunca evoluem e ultrapassam obstáculos; as pessoas são o que são e tudo aquilo pelo que passam nunca as muda ou amadurece - guess what?! Estão errados argumentistas idiotas!

Se quiserem podem vir com histórias e argumentos, que defendem que o verdadeiro amor sempre existiu, porque o Ted ficou com a Robin, de quem gostava desde o inicio. Então fiquem sabendo que: o verdadeiro amor é feio! Este Ted é um grande egoísta; todos na série são uns grandes egoístas! Se fosse verdadeiro amor, ele não tinha esperado que a mãe morresse, ele não teria desistido e nenhuma destas duas mulheres teria sido uma "segunda escolha", porque só teria havido UMA escolha.

Não gostei deste final. Não gostei de como nos fizeram adorar a "mãe" durante toda a última temporada, para depois a relegarem para um plano tão feio; Não gostei de como este Ted afinal era um grande idiota; Não gostei de como deram um toque tão realista à última temporada e depois em alguns minutos a tornaram numa grande fantochada. 

Vou fingir que a temporada terminou, quando a Robin e o Barney casaram e viver em negação para o resto da vida.