segunda-feira, 23 de junho de 2014

My Blueberry Nights (2007) - Kar Wai Wong

Esta foi a terceira tentativa para ver e apreciar o "My Blueberry Nights" de Kar Wai Wong. Não porque o filme seja mau, mas porque para o apreciarmos, temos de estar num determinado estado de espírito entre a curiosidade e a vontade de reflectir; em poucas palavras - não é para todos os momentos. 

Esta é a história de Elizabeth, interpretada por Norah Roberts (a cantora) uma jovem mulher, que acaba de sair de um relacionamento e encontra-se obcecada pelo seu ex-companheiro e pelo facto de este a ter traído. Numa noite, conhece Jeremy, gerente de um pequeno e movimentado restaurante, em Nova York. O filme inicia-se com eles os dois a ter uma conversa, que para mim é a parte mais interessante de todo o filme, sobre sobremesas (mais ao menos...e não, não é nada pornográfico...talvez só um pouco)

As visitas de Elizabeth, à hora do fecho, tornam-se uma constante até que, subitamente como começaram, acabam; sem aviso. 

No resto do filme, acompanhamos a jornada solitária de Elizabeth, enquanto esta tenta ultrapassar o desfecho da sua última relação e começar de novo. Pelo caminho, conhece algumas personagens caricatas, que de alguma forma a ajudam e lhe oferecem uma lição sobre a vida.


Durante todo o ano que passa, Jeremy recebe continuamente postais da sua breve companheira nocturna e procura encontrá-la, enquanto também ele encerra alguns assuntos pessoais. Para saberem o que previsivelmente acontece no final, vejam o filme.

Para além de ter gostado do primeiro diálogo entre Elizabeth e Jeremy, adorei ser embalada pelo tema musical principal de todo o filme "The Greatest" de Cat Power (nem acredito que a vou ver ao vivo!). Achei que era perfeito para o filme; reflecte bem a inocência dos grandes amores que terminas. Acabam perdidos e com eles todas as grandes expectativas que temos acerca do amor. No fim é a destruição dessas expectativas tão grandes, que marcam as pessoas e tornam tão difícil seguir em frente. 

Houve apenas uma coisa que detestei neste filme: o constante afeito "câmera lenta". Porquê? Para quê?! Não! Tive que sacar duas vezes o filme até perceber, que o ficheiro não estava estragado, mas que o realizador simplesmente estava parvo!

sábado, 21 de junho de 2014

The Grand Budapest Hotel (2014) - Wes Anderson

Não tenho por hábito ver filmes. A verdade é que um filme exige a visualização do início ao fim. Exige concentração e tempo. Com dez disciplinas por semestre, acabo por ter apenas o tempo suficiente para uma pausa e um episódio de uma qualquer série que esteja a acompanhar. Só isso.

Mas talvez ver filmes seja como ler; se gostamos mesmo, então arranjamos um tempinho por dia para o fazer. No entanto, é um hábito que ainda não criei.

Assim, no meu primeiro dia de férias, optei por me dedicar aos filmes - Escolhi o último do realizador Wes Anderson, "The Grand Budapest Hotel". Mesmo não fazendo de propósito, acabei por, nos últimos dois anos, ver alguns dos filmes deste realizador: desde "O Fantástico Senhor Raposo" (2009), passando pelo "The Darjeeling Limited" (2007), até ao "Moonrise Kingdom" (2012). 

O realizador, ou o argumentista, não é algo que me faça escolher ver um filme; acho que acontece com todos aqueles que não são "geeks" do cinema. Existe uma ou outra excepção, mas são raros os casos. Mas há algo especial nos filmes com um "toque" de Wes Anderson. Depois dos dois primeiros, é facilmente reconhecível a sua assinatura em cada momento da película; o humor subtil e peculiar de cada história; as cores vivas e alegres de cada cenário, que lhe conferem um toque de "cartoonismo", quase como se estivéssemos num mundo onde os factos reais se misturam com o humanamente impossível; as personagens caricaturadas e simultaneamente únicas. 

"The Grand Budapest Hotel" segue a mesma lógica que os restantes filmes de Wes. Temos uma história dentro de uma história, que está dentro de outra história, que por sua vez está dentro de uma quarta história - simples, não acham? - passo a explicar: o filme começa com uma rapariga que tem um livro intitulado "The Grand Budapest Hotel". Ela aproxima-se da estátua do autor da obra e somos transportados até a um homem de certa idade, que começa a narrativa da história. O escritor, recorda o momento em que conheceu Zero Moustafa, dono do Grand Hotel, na altura, já em decadência. A voz muda e torna-se mais jovem, estamos a observar o escritor, quando era mais novo, enquanto este jantava com Zero. Por sua vez Zero começa a contar a história de como se tornou chefe do Hotel, e o espectador é transportado para uma quarta e última história. 

Achei esta introdução genial e cómica. No entanto, no final, fiquei curiosa acerca da rapariga que tinha o livro (um aspecto secundário e de certeza que propositado). Sem dúvida um excelente filme para inaugurar as Férias de Verão!





 


Férias!

Finalmente, depois do semestre mais sobrecarregado da minha breve vida, estou de Férias! Ainda tenho um exame em Julho, mas até lá posso estudar com calma e relaxar um bocado. 


Foram dez disciplinas! Se tudo tiver corrido bem, pelo menos nove estão aviadas 
- Olá, o meu nome é Luisa e sou Finalista do curso de Medicina Veterinária!

sábado, 14 de junho de 2014

5 coisas que não são boas para o seu cão!

Um dos desafios em Medicina Veterinária é conseguir que o proprietário ofereça uma dieta adequada ao seu animal (Acreditem: em casa de ferreiro, espero de pau!). Isto porque, as pessoas insistem em achar que os cães são pessoas e, como tal, podem comer o que as pessoas comem. "Olha para ele! Coitadinho! Vou só dar-lhe este ossinho...".

Assim, decidi criar este pequeno Top 5 de alimentos que devem a todo o custo evitar oferecer ao vosso animal:

1) OSSOS - Por favor, não ofereçam ossos ao vosso animal! Principalmente ossos de frango! São inúmeras as situações problemáticas que podem estar relacionadas com este mau hábito dos donos: desde obstruções por fragmentos de ossos, até lacerações internas provocadas por lascas dos mesmos, passando ainda por uma maior predisposição para desenvolver fezes duras e secas, que podem ser problemáticas, principalmente em animais mais idosos (Cócós secos e esfarelados! Já notou alguma vez este fenómeno depois de dar ossos ao seu animal? Pois...). Além destes problemas, pensa-se que exista uma relação entre o facto de oferecermos ossos aos nossos animais e o aparecimento da Síndrome Dilatação/Torção Gástrica (um dia falaremos sobre ele, mas fica a nota de que é muitas vezes FATAL). Embora se desconheçam as razões exactas do aparecimento desta emergência veterinária, acredita-se que o atraso no esvaziamento gástrico seja um factor predisponente. Os ossos atrasam o esvaziamento gástrico! Não ofereçam ossos aos vossos animais! Se acham que o vosso animal precisa de roer, optem por oferecer ossos de couro. Estes tem uma digestão mais fácil e são um entretenimento relativamente seguro, para o trato gastrointestinal do vosso animal!;

2) CHOCOLATE (ou coisas com chocolate) - Apesar de toda a gente adorar chocolate e de, mais uma vez, acharem que por isso o seu animal também deve gostar (e por vezes até gosta), esta guloseima é tóxica para o cão! Isto porque na sua constituição existe uma coisinha chamada "Teobromina". Este é um alcalóide usado como diurético e também com funções estimulantes do coração. Assim, em casos de intoxicação (e não são necessárias doses por aí além...), é comum o aparecimento de arritmias cardíacas e uma sobrecarga do coração e de outros orgãos, que pode levar à morte do animal!

3) CEBOLA (Alho e Cebolinho também) - Este é um ingrediente que está incluído em muitíssimos pratos culinários. O que ele irá fazer ao nosso cão será afectar a estrutura normal da hemoglobina, a proteína principal dos glóbulos vermelhos do sangue, provocando alterações que podem conduzir a um grave caso de anemia, com aparecimento de icterícia (pele extremamente amarela, devido à presença dos compostos resultantes da destruição dos glóbulos vermelhos) e até mesmo sangue na urina. Se não for detectada a tempo e tratada com transfusão sanguínea, pode conduzir à morte do cãozinho. Assim, mais vale prevenir do que remediar!

4) UVAS  (incluindo as passas!) - Apesar de terem sido reportados poucos casos, pensa-se que tenha como consequência a ocorrência de insuficiência renal. O agente que leva a esta situação ainda não foi identificado. 

5) CAFÉ -  Se em alguns de nós o café tem um efeito estranho, torna-se mais fácil entender o que pode fazer a um animal. O café contém substâncias (xantinas), que podem levar a danos nervosos e do sistema urinário. 




Em resumo: os animais não são pessoas! Assim, não se esqueçam de que nem todas as coisas que comemos podem ser dadas ao nosso animal de estimação!


terça-feira, 10 de junho de 2014

"The House of God" - Samuel Shem

"The House of God", de Samuel Shem, foi sem dúvida um desafio. Não apenas porque o li em inglês, mas também pela própria temática - Medicina.

Normalmente quando escolho um livro, opto por temas que fujam daquilo que faz parte do meu dia-à-dia; torna-se um escape da realidade. Quando decidi aceitar a sugestão oferecida pelo do Dr. Guillermo Couto, numa das suas palestras, não sabia onde é que me estava a meter.

A história, de carácter autobiográfico, centra-se na personagem de Dr.Roy Basch, um jovem médico que consegue um estágio como interno, naquele que é considerado um dos melhores hospitais dos Estados Unidos, "The House of God". Inocentemente, este médico acreditava que as suas qualidades académicas o teriam preparado para lidar com tudo, estando apto a salvar vidas e a ser o "herói". Contudo, cedo descobre que a realidade é outra. Aquilo que será realmente testado não serão as suas capacidades intelectuais, mas antes a sua integridade mental. Roy não terá de salvar vidas, mas sim de salvar a sua própria vida de ser subjugada, pelos abusos da profissão. 

Foi um desafio terminar este livro. Não o digo, por ser fraco, antes pelo contrário. Foi uma leitura lenta, por não me permitir um escape total da minha realidade. Dei por mim a fazer várias comparações entre as personagens que fazem parte do meu quotidiano, com as da "Casa de Deus". Reparei em coincidências curiosas, como o facto de um dos chefes ter uma marca de nascença na cara, no exacto local e com a mesma descrição, que um dos meus professores (embora o meu professor seja bem mais simpático, que a personagem), ou o facto de um dos pacientes se chamar "Jane Doe" e na semana passada ter redigido um trabalho sobre uma paciente também chamada "Jane Doe". A personagem "Jo" também me fez lembrar alguém com quem lido quase diariamente. 

Poderia continuar com os paralelismos, mas não passam de experiências pessoais. Assim, aconselho vivamente a quem esteja no ramo da Medicina, quer seja humana, ou veterinária, ou aqueles que estão a ponderar optar por este caminho,  a lerem isto! Destruam desde cedo a imagem irrealista da profissão, que séries como "Anatomia de Grey" insistem em transmitir.

Apesar de ter sido publicado em  1978, e ser, ainda hoje, fonte de controvérsia entre a comunidade médica, é uma obra actual e que nos recorda da importância de não perdermos a nossa essência, independentemente dos desafios e abusos exteriores.

sábado, 7 de junho de 2014

Aquilo que não é tão evidente



Está a chover torrencialmente, são duas da manhã e eu resolvi ficar a ler “The House of God” até agora. Má ideia, porque agora não consigo dormir, dado os pesadelos e recordações que este livro por vezes me consegue trazer (daí a leitura estar a demorar).


Ouvi falar deste livro, numa palestra do Dr. Guillermo Couto, especialista em Medicina Interna e Oncologia. Fiquei curiosa e resolvi experimentar a versão inglesa do mesmo. 


A história gira em torno de um grupo de médicos internos, acabados de sair da Universidade. Pela sua excelência académica, são colocados num dos melhores hospitais do país – “The House of God”. Mas, com o desenrolar do enredo, percebem que aquilo que aprenderam nas aulas, não serve para o que os irá colocar à prova – lidar com a falta de glamour do mundo real da Medicina.


Embora este seja um livro sobre médicos internos num hospital de medicina humana, não consigo deixar de fazer uma comparação com o mundo da Veterinária; da pouca experiência que já tive em clínicas/hospitais, existem episódios que deixam marca. Alguns deles bastante recentes e que, a esta hora da noite, tornam-se um pouco assustadores. 


Assim como as personagens deste livro, quando entramos ao serviço, quer seja como estudantes, internos, ou como veterinários experientes, temos que colocar a nossa máscara de protecção. Por detrás dessa máscara estão os nossos sentimentos, que na maior parte das vezes tem que ser reprimidos, não só por questões hierárquicas, mas também para nos auto-preservarmos e conseguirmos ser bons técnicos. Há os que se servem do humor, os que gritam e descarregam as frustrações nos hierarquicamente inferiores, os que esperam pela hora de ir para casa, os que choram às escondidas e, os piores de todos, os que descarregam no animal.  


São estes últimos que me assustam. 

Ao ver esta pessoa, que à partida gosta de animais, ou não seria Veterinário, completamente alucinada, pergunto-me: qual é o grau de exaustão/afastamento necessário para chegar a este ponto? Ao ponto em que o som de mais um animal a ladrar é suficiente para me pôr a gritar e pontapear a jaula do mesmo, enquanto o mando calar?; quanta humanidade é preciso perder, para chegar ao estado em que me rio, quando parto acidentalmente uma costela ao fazer reanimação de um animal politraumatizado e à beira da morte?


“Sabes qual é a taxa de sucesso na reanimação de um animal com paragem cardiorespiratória? Menos de 5%.”
 

Pois, por vezes as hipóteses de sucesso são baixas, mas não devemos esquecer-nos que aquele animal é um ser vivo; não é suposto ser engraçado, quando uma costela parte; não é suposto ser engraçado, quando um animal se urina, porque o aterrorizamos. 


É importante ter uma máscara de protecção. É importante proteger a nossa sanidade mental, mas ao fazermos isso, é importante não nos perdermos pelo caminho. 


Nas horas de maior stress, é isto que espero lembrar-me. Disso e dos episódios menos felizes, que já observei. O medo de não ser capaz de reagir de forma melhor continua a assustar-me. 


Mas recuso-me a praticar medicina só pela ciência. 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Update

A loucura dos exames já anda no ar. Seis disciplinas já estão arrumadas, mas ainda faltam quatro.

O que é que eu faço no intervalo do estudo? 

Tenho estado a actualizar-me nas séries televisivas que estou a seguir:

-Hannibal - era de prever que a coisa não ia acabar nada bem :/
-Revenge - já estou um bocado farta dos esquemas que nunca mais acabam. Porquê que a Emily simplesmente não mata os gajos e pronto?!
-Once Upon a Time - Estou a adorar! Só fiquei triste com a parte do Peter Pan :(
-Parenthood - uma novela descontraída que estou a seguir, porque é leve e tem algumas similaridades com Gilmore...ok...só tem a mesma actriz. 
-Mad Men - estou longe de estar actualizada, mas já cheguei à 3ª temporada! Gosto de ver, mas exige um certo estado de espírito, que não existe em época de exames - cabeça!

Finalmente estou quase actualizada em todas elas, mas isso significa que estou com a leitura pendente. Não consigo fazer tudo ao mesmo tempo!

Nota para a própria - nunca mais deixar o Kindle na Terra Natal!