terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Balanço Energético...ups! Literário!

E cá estamos...penúltimo dia do ano - hora de fazer uma breve reflexão sobre o ano que passou!

Olhando para a minha lista de leituras, no Goodreads, noto que fiquei a 3 livros do meu objectivo anual de ler 25 exemplares...isto deixa-me triste, visto que houve anos em que eu lia mais de 30. 

Apesar de tudo, não é tão mau assim, se considerarmos o tempo livre que tive. O facto de ter tido mais cuidado a escolher aqueles que queria ler mesmo, também ajudou. Continuo com um monte de livros na mesinha de cabeceira, e mais de 300 no computador, mas posso dizer que não comprei nem um! Sim, eu sou aquela leitora que adora ler e que nunca precisa de comprar livros para o fazer. Como é que consigo? Biblioteca Municipal e a própria biblioteca dos meus pais (é bom ter pais, que gostam de ler e acumularam livros ao longo dos anos). Acho que agora a única altura em que compro livros, é quando os quero oferecer a alguém. Espero um dia, quando tiver o meu próprio emprego, continuar a poder aumentar a colecção. 

Dos 23 livros que li, quero destacar quatro de que gostei particularmente: "Gone Girl" de Gillian Flynn; "Sputnik, meu amor" de Haruki Murakami; "As Vinhas da Ira" de John Steinbeck; "Outlander" de Diana Gabaldon.

Que mais posso dizer sobre 2014? As férias de Verão foram dolorosas e curtas. Primeiro, porque arranjei forma de fazer uma micro-fractura no joelho, o que me impediu de sair de casa e ter grandes aventuras durante mês e meio e depois porque me meti a participar num estudo nutricional em cães. Não é que não tenha sido interessante, mas talvez não tenha sido particularmente útil para o meu currículo. Ainda assim, foi nas férias que me decidi finalmente pela área da veterinária que queria, graças ao mini estágio que tive oportunidade de fazer, e também não posso esquecer da aventura em Lisboa e o fim de semana no Douro, que foram muito bons!
 
Também adorei a viagem a Caminha, no inicio do ano. Sem dúvida que o Minho é uma das minhas regiões mais bonitas do nosso belo Portugal!

Aconteceram alguns eventos menos felizes, mas gosto sobretudo de me centrar no que correu bem. Com uma família e amigos especiais, com aventuras e livros, não posso deixar que as coisas más se sobreponham às boas.

Em 2015...bem, será um ano decisivo, um ano de mudança! Nunca gostei muito de mudanças, mas quando me vejo forçada a mudar, consigo sempre adaptar-me e acabo por gostar. Espero que este ano, cheio de desafios novos, seja simpático! Espero que também vos traga tudo de bom e que consigam cumprir os vossos objectivos, mas que acima de tudo, sejam felizes!




terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Uma pequena pausa Natalícia

E a loucura do meu último "primeiro semestre" terminou. Agora restam três exames na agenda, em meados de Janeiro. Há que organizar as coisas, mas antes - o merecido descanso da guerreira, aguarda!

Sabe tão bem aproveitar o espírito natalício, para ficar em casa com quem gostamos a fazer bolachas de chocolate, a ver filmes, a embrulhar presentes, a ler um livro, ou dois...enfim, a aproveitar o tempo com algo mais do que a Veterinária. 

Há dias em que gostava de estar noutro curso (Outro?! Não te chegaram os outros dois, antes deste?!); um em que as pessoas não vissem só testes e trabalhos à frente! Sinto que muita gente acaba por perder-se dessa forma; por se tornar desinteressante. Sim, é importante estudar e estar interessado no curso, mas quando não há mais tema de conversa com os amigos, para além desse, se calhar devíamos começar a achar a coisa preocupante e não normal...

Por aquilo que tenho visto e aprendido, com as pessoas que vou conhecendo, existem três tipos de abordagem à vida profissional: aqueles que são super bons numa só coisa e que atingem o reconhecimento, com todos os benefícios inerentes, mas que são uns nabos em tudo o resto; os que são medíocres, mas sabem um pouco de muita coisa; os que não são bons em nada e só querem ganhar o dinheiro ao fim do mês.

Cá em casa já tivemos várias conversas sobre o assunto - qual estará associado a pessoas mais felizes e satisfeitas?

Pessoalmente, sei que não tenho paciência para me dedicar a uma só coisa a vida toda. Não sei se o "não ter paciência" é a frase certa... acho que qualquer pessoa, que seja curiosa e goste de aprender, nunca se vai contentar com uma só coisa. Essa sede por aprender tem vantagens...por exemplo, permite que alguém se adapte mais facilmente a situações sociais, que crie mais facilmente pontos de encontro com outros indivíduos, mas tem uma grande desvantagem - só dedicando muito tempo a um tema específico, é que alguém se torna o melhor, ou muito bom!  

Mas se para ser muito bom, eu tenho de abdicar dos meus hobbies, das pessoas de quem gosto, de novos horizontes, de variedade...então não acho que todos os prémios e conferências que possa vir a dar compensem. 

Já passou o tempo em que eu sonhava em ser a melhor, mas querer ser a melhor é um desperdício de energia e uma falsa razão para ser infeliz. Agora contento-me em ser o melhor Eu, que posso ser!




sábado, 13 de dezembro de 2014

Sobre o Manzarra ser Vegetariano

Não sou muito dada a acompanhar Facebooks de pseudo-celebridades portuguesas. Mas fiquei curiosa, quando o João Manzarra se tornou vegetariano e quis saber quais as suas motivações.

Ao que parece, viu um vídeo na Internet e decidiu tomar essa decisão em relação ao seu estilo de vida. Fico feliz por ele. Como ele, eu como pouquíssimo carne e não sou menos feliz por isso (limito-me às de frango, perú e ao peixe...muito raramente permito-me o luxo de comer bacon ou presunto, ADMITO!). Para além desta pequena diferença entre os nossos estilos de vida, está o de ele ser um rapazinho com a mania que é engraçado, que responde de forma bastante rude a quem não partilha da opinião dele.

Sim, concordo que muitas das coisas que ele (e muitos outros Vegan fundamentalistas) defende são verdades: a pegada ambiental associada à produção animal é gigante e de certeza, que num futuro próximo, não vai ser possível continuar a comer bifes, como se fossem bolachas (what?)

O que estas pessoas não percebem é que não vão conseguir, com argumentos fundamentalistas do género "os animais são como as pessoas", acabar com algo tão intrínseco como a produção animal, que existe praticamente desde que os humanos andavam na sua vida de nómadas; isso não vai simplesmente desaparecer! Para além do facto de a maior parte de nós simplesmente não ter força de vontade, ou mesmo vontade, de deixar de comer carne, existe o grande e poderoso lobby da Produção Animal. Mexe com biliões de euros por ano, com os interesses de muita gente e portanto, nunca vai desaparecer. Lamento informar-vos com a realidade.

Mas não se preocupem. Não sou comodista, nem acho que devemos ser. Existem coisas que as pessoas podem fazer, para alterar a situação. Coisas que, a meu ver, não precisam de ser tão radicais, para serem igualmente eficazes.

Em primeiro lugar, devem conhecer a realidade do vosso país e o que o distingue dos outros. O que me irritou naquela conversa no perfil do Manzarra, foi o facto daquele "menino da cidade", assumir que um vídeo que viu na Internet é verdadeiro, pela simples razão de estar na Internet. Custa a crer, que um ser humano de 20 e tal anos, supostamente viajado e instruído, não tem discernimento para assumir algo tão simples como isso, respondendo às pessoas que o comentam com "segundo este site", ou "pesquisa na Internet". 

Se uma pessoa, que trabalha na área da produção animal, lida com isso todos os dias e sabe do que está a falar, te comenta, se calhar não precisa de referências de Internet, porque viu, estudou e sabe mais do que tu, que viste um vídeo e leste umas coisitas nuns sites manhosos. Tentem conhecer a realidade, através da realidade, antes de a criticarem baseando-se em vídeos ou no diz que disse.

A produção animal, na maior parte da Europa, não está sujeita à mesma legislação dos países da América, ou Ásia. Nós (União Europeia), temos as nossas próprias regras, que estão cada vez mais direccionadas para o bem-estar animal (sabiam, por exemplo, que desde 2013 as porquinhas estão proibidas de estar presas em jaulas individuais, durante o seu período de gestação? Há uns anos atrás estavam presas por cintos num espaço minúsculo! As coisas estão a mudar!). É absurdo e completamente ilegal ter os hectares e hectares de animais em produção, como o que acontece na Argentina, ou no Brasil. Hectares esses, que estão na origem da crise de desflorestação e desertificação. Se querem tomar medidas efectivas, comprem apenas produtos com origem em países que tenham estas questões em atenção. Sejam consumidores atentos e responsáveis!

Uma das coisas que mais me custou durante estes cinco anos de Medicina Veterinária, foi sem dúvida visitar os Matadouros. No entanto, foi algo pelo qual me sinto grata, porque cada vez que meto um pedaço de carne na boca, faço-o em plena consciência de quanto é que aquilo custou. Sei como é que veio parar ao meu prato. 

A maior parte das pessoas desconhece como é que os animais são abatidos. É um mundo obscuro, à parte dos comuns mortais e é assim, porque interessa às empresas, que assim seja. Se toda a gente do planeta tivesse que passar um dia num matadouro, de certeza que pelo menos 1/3 delas deixaria de comer carne. 

Só para que saibam, os animais, antes de serem mortos (através da sangria), são insensibilizados. O problema dessa insensibilização, é que nem sempre é bem feita. Dos sítios que visitei, só um deles me deixou completamente descansada em relação ao sofrimento dos animais. Nesse local usavam um sistema de CO2, para adormecerem os animais até um estado de morte cerebral, totalmente indolor. O problema é que esse sistema é caro, por isso nem todos os matadouros o têm. Com o tempo, acredito que o panorama mude!

Ainda assim, apesar de acreditar que as mudanças devem ser graduais, e não querendo ser fundamentalista, há coisas a que me oponho totalmente. Uma delas é o comer "animais bébés". Só mesmo não tendo ideia de que um leitão é um porquinho de 2 meses, ou que um cordeiro é a coisa mais fofa do mundo, é que alguém os consegue comer! Tive a infelicidade de ter de assistir ao abate de mais de uma centena de leitões e cordeiros, de os ver vivos e em fila, e depois de os ver mortos e senti-me absolutamente revoltada. Comer leitão, cordeiro, ou vitela é um capricho! E mais uma vez volto a dizer sejam consumidores atentos e responsáveis!

Um dia vai existir carne sintética e os animais não vão ter de sofrer mais, mas enquanto isso não acontece, não é com acções fundamentalistas, ou baseadas em modas, que as coisas vão mudar. Há que começar pelas pequenas coisas. Como futura veterinária, espero conseguir assegurar a melhor vida possível aos meus "pacientes", mesmo que saiba que a sua vida terminará na panela de alguém. Não posso impedir isso, mas posso tentar trabalhar com o que existe e ajudar a mudar as coisas, um passo de cada vez. 



quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

"Gone Girl" - Gillian Flynn

É raro quando começo uma crítica com a seguinte declaração: Gone Girl é dos melhores (talvez o melhor) livros que escolhi este ano para ler! Não é que eu tenha lido muito em 2014; li q.b., mas ainda assim, admitir isto, quer dizer qualquer coisa sobre este livro da escritora Gillian Flynn (que eu achava, não sei porquê, que era um homem).

Já tinha ouvido falar deste nome, no ano em que saiu (2012) e foi um grande êxito, mas ocupada como geralmente ando, passa-me tudo um bocado ao lado. Resultado: só quando os meus amigos me perguntaram se tinha visto o filme e o que tinha achado, é que resolvi ler primeiro o livro (detesto ver o filme antes de ler o livro). 

A história relata a vida de Nick e Amy Dunne, um casal que, por diversas razões, enfrenta dificuldades matrimoniais e que está para celebrar o seu 5º aniversário de casamento. 

A primeira parte do livro está escrita na primeira pessoa, havendo uma alternância entre os relatos de Nick, a partir do dia em que a sua mulher desaparece misteriosamente, e os relatos de Amy, sob a forma de um diário, desde o momento em que conhece Nick, até desaparecer. 

Parece tudo bastante banal e previsível, até que, de um momento para o outro, a autora nos brinda com uma série de revelações, que nos fazem questionar toda aquela primeira parte do livro, supostamente tão espectável e sem gosto. 

É nesta segunda parte do livro que reside o factor maravilha de "Gone Girl"; fiquei espantada com a forma como Gillian Flynn manipula o leitor e o faz sentir tão enfadado, só para depois o deixar tão surpreendido e empolgado. A autora tem o dom de conseguir fazer-nos passar de um sentimento de simpatia por uma personagem, para um sentimento de ódio, num abrir e piscar de olhos - o que é, no mínimo, assustador!

Com o desenrolar da narrativa, apercebi-me de como tudo aquilo que parece, pode muito bem não ser, e a forma como as pessoas são rápidas a julgar e a acreditar em tudo o que ouvem/vêem, na televisão, na rua, em casa de amigos, nas outras pessoas...e nos livros. Até que ponto conhecemos aqueles com quem lidamos? Será que não vemos nas pessoas e nos eventos, apenas aquilo que queremos ver/nos fazem querer ver?

Estas são questões que me vem à cabeça sempre que penso em "Gone Girl". Com o final do livro não pude deixar de sentir um arrepio de medo. Medo de que um dia possa aparecer alguém assim na minha vida e torná-la num inferno, sem que eu dê por isso. Medo de que um dia eu queira ficar com alguém assim...

Em duas palavras: Amazing Amy... 



segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

"That Day"

Sempre que ouço a música "That Day" da Natalie Imbruglia,  penso no dia em que sairam os resultados da Mudança de Curso e eu vi que tinha finalmente entrado em Medicina Veterinária. 

Depois de três anos de incerteza e de insatisfação, tinha finalmente conseguido! 

Foi num dia depois do almoço. Eu e as minhas actuais colegas de casa estavamos na casa de uma delas, quando ainda não viviamos juntas, e alguém gritou "SAÍRAM OS RESULTADOS!"

A única de nós as cinco, que não tinha tentado, ofereceu-se para abrir a "coisa" e lá estava o meu nome am 4º lugar...Mas o nome delas não estava e apesar de eu ter ficado super hiper mega feliz, senti-me mal por ver que apesar de o meu sonho ter sido realizado o delas não. 

Foi um misto de alegria, com pena e revolta pela injustiça, que vi naqueles resultados.
 
Felizmente hoje estamos todas satisfeitas com o caminho que o destino e a sorte nos traçou. Porque apesar do meu trabalho, sei que tive muita sorte!

Agora custa a crer que já esteja no último ano. Costumava brincar que nunca ia passar para o segundo ano, já que estava sempre a saltar de curso em curso. À terceira é mesmo de vez!