Desde que comecei a ver a série televisiva "The Tudors", desenvolvi uma pequena obsessão pelo reinado do mal fadado Henrique VIII de Inglaterra. O homem era cá uma personagem...além disso, na série, é interpretado pelo lindo e charmoso Jonathan Rhys Meyers...o que aumenta ainda mais o fascínio.
Já tinha reparado que Philippa Gregory partilhava da minha obsessão por essa época fascinante e complicada da História de Inglaterra, por isso, no final do ano passado, decidi-me finalmente a experimentar um dos seus romances.
Não me arrependo. A história contada em "A Herança Bolena", relata o que se passou durante o reinado de Henrique, desde o seu terceiro casamento, com Ana de Cleves, até à sua morte, embora o quinto casamento não seja explorado neste volume.
Para quem não sabe, Henrique VIII foi um rei dotado de extraordinária beleza, quando era novo, e bastante famoso entre as mulheres. No entanto, era também um grande mimado e egoísta, que só se importava com o seu próprio bem-estar, tendo-se tornado num verdadeiro tirano, gordo e mal cheiroso, na velhice.
Foi graças ao seu capricho de se separar da sua primeira esposa, Catarina de Aragão, para se casar com Ana Bolena, que uma grande crise religiosa se abateu sobre todo o país, visto que Henrique resolveu dizer que todo o poder religioso residia na sua pessoa e não no Papa, assumindo a religião luterana como a verdadeira, apenas para se poder separar da sua primeira mulher e casar com a outra. Ele passou a ser Deus e quem não concordasse, ou se calava, ou ficava sem cabeça.
Instalou-se no país uma enorme perseguição à Igreja Católica. Foram pilhados mosteiros e foram mortas imensas pessoas, por se recusarem a ir contra a vontade do Papa. O apoio que a instituição da Igreja dava ao povo passou a ser igual a "zero" e ocorreram tentativas de revolução, mas Henrique manteve-se fiel à sua vontade. Ele era Deus na Terra, e ele é que sabia!
Ficar ser cabeça foi também o que aconteceu à rainha Ana Bolena, a sua segunda esposa, quando o rei se fartou dela e se apaixonou por Jane Seymour, uma das suas aias. Dizem que esta foi a única mulher que Henrique realmente amou. Deu-lhe um filho, como ele tanto desejava, mas morreu durante o parto. E é aqui, depois da morte da Rainha Jane, que a narrativa deste livro começa.
A história é nos apresentada sob o ponto de vista de três personagens: Ana de Cleves (a terceira esposa), Jane Bolena (cunhada de Ana Bolena) e Catarina Howard (a quarta esposa).
O livro está muito bem escrito, com descrições simples, mas ricas, que nos transportam para a era de luxo e desperdício. Somos confrontados com o declínio de um homem, que um dia foi a beleza da Europa, que agora nos mete pena, pela estúpida ilusão que ele demonstra, ao achar que ainda é esse homem.
Achei que as personagens estavam muito bem caracterizadas, embora a personalidade de Catarina Howard, me faça pensar que já na altura dos reis e rainhas, existiam aquilo a que hoje chamamos de "verdadeiras pitas"!
Existiam algumas incongruências com relativamente à série, mas presumo que a História esteja aberta a diferentes interpretações, o que lhe confere a sua complexidade e a sua parte atractiva.
Gostei bastante do livro e não quero entrar em mais pormenores acerca do enredo, visto que assim seria um total spoiler! Sem dúvida que será uma autora a explorar.
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