segunda-feira, 11 de março de 2013

Entrevista à escritora Maria João Viana



Maria João Viana licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas e tem o grau de Mestre em Literaturas e Culturas Anglo-Americanas. Está ligada à área do desenvolvimento pessoal desde 1997, altura em que começou a organizar e traduzir seminários e palestras. Orienta meditação guiada e faz aconselhamento individual, organizando também workshops de fim de semana e retiros de meditação. Traduziu os livros Visualização Criativa (1998) e Vivendo na Luz (2000).
Recentemente a editora Nascente publicou o livro da sua autoria "É Possível Ser Feliz".




Para conseguirmos encontrar o equilíbrio e a tão almejada felicidade, torna-se urgente recuperar valores humanos fundamentais - princípios ancestrais - sem os quais o mundo se irá desmoronar. É Possível Ser Feliz propõe uma reflexão fundamentada sobre a necessidade de conduzirmos as nossas vidas de forma consciente, prestando uma atenção particular à qualidade dos nossos pensamentos e às intenções que estão por detrás das nossas acções.
Este guia precioso mostra como iniciar um processo individual de clarificação interior e alcançar a paz de espírito. Sugere e explica em detalhe as melhores técnicas e caminhos, como a meditação.
O caminho da felicidade é uma escolha, uma atitude perante a vida que está seguramente ao seu alcance.
 

 Entrevista:
- Quando surgiu a ideia de escrever o livro “É Possível Ser Feliz”?

Comecei a escrever as primeiras linhas em 2007. Depois coloquei a ideia de lado e senti necessidade de voltar a estudar. Decidi realizar o Mestrado em Literaturas e Culturas Anglo-Americanas. Gostei bastante de voltar à Faculdade, já como adulta, com outra disponibilidade mental. Aprendi a expor e fundamentar o meu ponto de vista e desenvolvi algumas aptidões. Quando terminei, voltei ao meu projecto inicial e dei-lhe um rumo totalmente diferente. De Janeiro de 2011 a Fevereiro 2012, tinha o livro escrito. Sou muito disciplinada, levanto-me muito cedo e dedico praticamente todo o meu tempo livre a esta área. Faço diariamente meditação e isso ajuda-me a manter uma mente clara e a focalizar toda a atenção naquilo em que me debruço. Por isso sou tão adepta desta prática milenar e não me canso de a recomendar.
- Era infeliz antes de começar a sua busca pela felicidade, ou sempre soube onde a encontrar?
Penso que nunca me considerei uma pessoa infeliz. Acho que todos temos momentos menos bons na vida, ou momentos em que as coisas não correm tão bem, mas está sempre nas nossas mãos mudarmos a nossa vida, olhando para ela com aceitação e fazendo o necessário para nos sentirmos cada vez melhor.
A vida é feita de ciclos e de novos desafios. Devemos estar preparados para os enfrentar, implementando dentro de nós princípios - que na verdade são ancestrais - que nos permitem reagir às dificuldades da vida e permanecer em equilíbrio, independentemente do que se passe à nossa volta. Por isso afirmo no livro que a felicidade é uma escolha. Perante as contrariedades da vida, escolhemos reagir de forma positiva, com confiança e certeza de que somos capazes, porque na verdade somos.

- No seu livro, refere que sempre foi uma pessoa crente em Deus. Acha que este livro pode ser usado por aqueles que se consideram ateus?
Na verdade, sempre tive uma excelente relação com Deus, que terá ficado marcada pelo colégio de freiras que frequentei dos 3 aos 8 anos. Contudo, quando cresci, tornei-me muito crítica relativamente a vários rituais característicos da Igreja católica, por exemplo em relação à confissão. Recordo-me de em criança ir confessar-me, e de inventar coisas, que eu não fazia, apenas porque era suposto ter "pecados" para confessar. Portanto, a minha relação com Deus não se baseia na religião católica mas na experiência direta de O realizar na beleza e perfeição de todas as coisas, na natureza, no aroma de uma flor, na frescura de um riacho, na imponência de uma montanha. Por isso penso que o livro que escrevi pode ser lido por todos.
A vontade de escrever este livro surgiu com a necessidade de passar uma mensagem positiva. O mundo atual está a tomar um rumo assustador e se cada um não começar por implementar mudanças dentro de si, o mundo não mudará. Só quando tivermos eliminado individualmente toda a réstia de ódio, violência, sede de dinheiro, posição ou poder, o mundo será um lugar mais equilibrado e pacífico. Temos a responsabilidade de olhar para dentro de nós e ver o que individualmente podemos fazer. O livro faz propostas simples que nos permitem começar a implementar esses valores e princípios de que o mundo tanto carece e que irão permitir a tal  transformação coletiva. Penso que é um livro de fácil leitura, acessível a qualquer pessoa, e que de facto ajuda a viver a vida de uma forma mais equilibrada. Ao implementarmos as propostas que aconselho vemos mudanças na nossa vida e sentimo-nos mais felizes.


- Nota-se uma estreita ligação das ideias de “É Possível Ser Feliz”, com a filosofia de vida budista. Quando é que teve o seu primeiro contacto com esta filosofia?
Estive no encontro de três dias com o Dalai Lama, em Setembro de 2007, onde ouvi os seus ensinamentos, por vezes bastante difíceis de entender, devido à sua profundidade. Contudo, eu já conhecia muitas daquelas ideias, pois tenho o privilégio de ter um grande professor, um grande Mestre indiano, com quem aprendi meditação, Roop Verma, que é um citarista de renome internacional e um Mestre de Nada Yoga. A Nada Yoga é a ciência que estuda o efeito da vibração e do som na consciência humana. Posso dizer que sou sua discípula há mais de quinze anos e, como tal, as ideias que ouvi no encontro com Dalai Lama, já as tinha ouvido através dele, visto que a filosofia hindu é muito idêntica à budista, ou pelo menos têm muitos pontos em comum. São filosofias que possuem um grande respeito pelo lado espiritual do ser humano. A mensagem vinda do oriente, parece ter uma vertente muito pura e original, que provavelmente esteve na base da religião católica, mas que, de alguma forma se perdeu ou desvirtuou. Talvez por isso as filosofias orientais estejam a ganhar cada vez mais adeptos.
- Os livros categorizados como de “auto-ajuda” sempre foram estigmatizados. Considera que as pessoas mais cépticas, ou mesmo sem religião, terão facilidade em aplicar os princípios básicos descritos neste livro?
Uma das minhas preocupações, quando escrevi o meu livro, foi fundamentar bem as minhas ideias, para que os mais céticos também o pudessem ler. Fui buscar trabalhos feitos na área da ciência e procurei mostrar que a ciência e a religião não estão assim tão distantes.
Os princípios que abordo são simples, embora nem sempre nos seja fácil implementá-los, uma vez que temos hábitos muito enraízados e alguma resistência à mudança. Mas, quando compreendemos a simplicidade das ideias que apresento, reconhecemos a necessidades de conduzirmos a nossa vida de forma consciente, implementando os valores humanos fundamentais, sem os quais não nos sentimos verdadeiramente felizes.
Não é necessário ter uma religião definida, seguir o Deus católico, ou outro Deus. É preciso é entender que a nossa vida tem uma razão de ser, um propósito que é a nossa evolução. Cabe, portanto, a cada um de nós fazer o melhor em cada situação, ultrapassar os obstáculos que surgem, perseguir os nossos sonhos e fazer o necessário para nos sentirmos felizes, tendo sempre em conta que vivemos em sociedade e que devemos respeitar os outros e tratá-los como gostaríamos que fizessem connosco.
- Como tem sido a receção da obra, por parte dos leitores?
Acho que tem sido boa. Digo isto porque a própria editora ficou muito satisfeita com o lançamento do livro, quer aqui no Porto, quer em Lisboa e já me convidou para escrever um segundo livro. As pessoas que leram gostam. Claro que os primeiros foram os amigos e esses são sempre suspeitos (risos).
Mas tenho recebebido muitos feedbacks de pessoas que eu não conhecia e que me contactaram apenas para me dizerem o quanto apreciaram a leitura do livro ou o quanto essa leitura as ajudou. Isto para mim é a coisa mais importante, saber que, de alguma forma, tive um efeito positivo na vida dos leitores. Fico muito feliz com isto! A intenção de escrever este livro foi mesmo esta, a de conseguir chegar às pessoas, levando-lhes uma mensagem positiiva e encorajadora. Quando fazemos alguma coisa, com uma intenção pura, as pessoas sentem essa sinceridade. Saber que as ajudei traz-me um preenchimento sem igual.
- Qual foi para si o maior desafio durante a escrita do livro?
Inicialmente tinha pensado dividir a primeira parte do livro em três temas principais: pensamentos, palavras e ações. No entanto, quando escrevia sobre os pensamentos apercebi-me que estava a escrever também sobre emoções.  E assim, decidi que era necessário uma outra parte, exclusiva para as emoções. Isto fez-me reflectir bastante, enquanto o escrevia e com essa reflexão também aprendi. Acabou por sair um capítulo de que gosto muito, mas que no princípio custou-me a escrever.
Na verdade sinto que o livro tem valor por isto: quando o leio ainda encontro elementos que me fazem pensar “João, também tens que te lembrar disto”. A única explicação que encontro é que, em qualquer trabalho que fazemos, mesmo como estudantes, devemos dar o nosso melhor. Ao abrirmo-nos para dar-mos o nosso melhor, isso faz-nos aceder às coisas certas, ou se quisermos, à verdade. Apropriando-me das palavras de Kahlil Gibran, sinto que este livro é como um filho, que veio “através de mim, mas não de mim”. Isto porque, quando o releio continuo a encontrar nele valor.
- Que conselho quer deixar aqueles que desejem editar um livro?
O conselho que referi anteriormente: que escrevam com sinceridade, não pensando no benefício próprio, mas sim no benefício daqueles a quem queremos chegar. Acho que este é o melhor conselho que posso deixar.
- Em relação a novos projectos, está a trabalhar em algum na área da literatura?
Neste momento estou a trabalhar no segundo livro, onde pretendo ir mais longe, dar um passo à frente no caminho da felicidade e explorar algumas pontas que ficaram em aberto no livro anterior.
Quando enviei o “É Possível Ser Feliz” para a Editora Nascente, ele tinha praticamente o dobro do tamanho. Existe por isso a intenção de publicar uma segunda parte, que diz respeito a uma vertente mais prática, onde são sugeridos vários exercícios. Esta parte mais prático seria acompanhada por um cd de meditação. O livro, já publicado, contem a parte mais teórica, e o material ainda por publicar juntamente com um cd, revelariam uma vertente mais prática. 
Este material será publicado a seu tempo. Entretanto continuo a minha prática diária, a minha reflexão e pesquisa que está a dar origem a um novo livro. 

Queria deixar uma palavra de agradecimento à escritora Maria João Viana, por ter aceitado participar na primeira entrevista do Baú dos Livros e por sempre se ter mostrado disponível!
Espero que esta seja a primeira de muitas entrevistas do Blog.  

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