sábado, 3 de junho de 2017

Sempre aqui, para si!

Hoje escrevo isto de cabeça quente. Dizem que escrever diários faz bem à alma. É isso que estou a tentar fazer, para quem não percebeu ainda a razão destes posts queixosos. 

O-D-E-I-O pessoas. Gosto de algumas, mas odeio aquelas que acham que o mundo gira todo à volta delas e que se lixem os restantes mortais e as suas vidas, para além do emprego. Estou a falar em particular daquelas pessoas que se recusam a fazer marcação no veterinário (ou outro sitio), porque nunca tiveram de fazer e sempre foram atendidas; as pessoas que fazem marcação, mas não aparecem nem avisam e não atendem o telefone, ou então aparecem 2 horas depois; as pessoas que vem 5 minutos antes do fecho com um cão/gato que está doente há uma semana; as pessoas que ligam para o número de urgência, porque querem que vá, fora de horas vender-lhes coisas, ou entregar animais que ficaram de ir buscar a uma determinada hora e não apareceram. 

Se fazem parte deste grupo - odeio-vos. Porque me tiram do sério pela falta de consideração que tem por quem está a tentar trabalhar de forma organizada e eficiente. 

Trabalhar numa clínica veterinária em Portugal não é fácil por várias razões, mas a principal é talvez a falta de pessoal. Normalmente uma clínica tem duas pessoas a trabalhar - auxiliar/enfermeira e o médico veterinário. Em algumas clínicas, com sorte, há três pessoas. Por isso, quando alguém marca uma cirurgia, ou uma tosquia e banho tem de perceber que está a ser reservada uma manhã, ou uma grande parte da tarde para aquele serviço. Todas as outras coisas passam (quando estamos a falar de cirurgias) para segundo plano e nada é marcado naquele horário. Imaginem o que é recusar outras marcações e depois, sem aviso prévio a pessoa e o respectivo animal, não aparecerem, ou chegarem 2 horas mais tarde. 

Trabalhar numa clínica veterinária não é só beijinhos e miminhos aos animais. É raro o dia em que temos tempo para socializar com eles. Não é tão fofo, como as pessoas acham. Trabalhar numa clínica veterinária implica tratar animais realmente doentes, que precisam de atenção constante; é limpar muita merda, chichi e vómito; é gerir toda uma série de stock médico; é organizar o tempo; é fazer chamadas a toda a hora; é estudar e desvendar casos complicados de vida, ou morte; é aguentar as lágrimas nos momentos mais difíceis; é mesmo com isto tudo a acontecer ao mesmo tempo, ter de mostrar cara feliz à próxima pessoa. 

Como é que as coisas poderiam melhorar? Se as pessoas pudessem delegar trabalho seria maravilhoso. Nunca me importei de ajudar a limpar, ou de ajudar nas tosquias, ou de telefonar aos clientes. Abomino pessoas que se servem do estatuto de médico veterinário, para nunca limparem seja o que for. No entanto, começo a perceber o porquê de existirem cargos diferentes. Na Escócia, por exemplo, a equipa da clínica tinha pelo menos 5 pessoas - uma recepcionista, 2 enfermeiras e 2 médicos veterinários. O movimento não era muito diferente do que temos aqui, mas como havia pessoal para fazer cada um a sua tarefa, tudo era mais organizado. Em vez de parecer que ando "a tapar buracos e a remediar tudo às 3 pancadas", poderia ter tempo para estudar novos tratamentos, falar com colegas, propor o melhor para cada paciente. 

Enquanto isso não acontece. Estou sempre aqui, para si! 

2 comentários:

Ângela disse...

Já li o post sobre não tencionares abrir uma clínica, mas, na minha opinião, quando a pessoa acha que pode fazer melhor, está na altura de abrir um negócio seu. Se já sabes como poderia ser melhor, ótimo! Se consegues oferecer um serviço de melhor qualidade, ainda que mais caro um bocado, ótimo. Haverá sempre quem queira um serviço barato, mesmo que mau, mas haverá quem prefira pagar mais para ter um serviço melhor.

Alu disse...

Só vi esta resposta agora (quase um ano depois). Desculpa. Acho que o facto de naquela altura poder fazer melhor, nao implica que estja apta a abrir o meu proprio negocio. Quer dizer apenas que há sitios melhores. Continuo a nao querer abrir o meu proprio negocio, porque apesar de achar que podia fazer muita coisa diferente, nao acho que justifique as dores de cabeça e o risco e sacrificio implicados