"Dança, Dança, Dança" de Haruki Murakami, dá continuidade à narrativa iniciada no livro "Em Busca do Carneiro Selvagem". No entanto, não é de todo obrigatório que leiam o volume anterior, uma vez que salvo pequenas referências, trata-se de uma história com o mesmo protagonista, mas com um enredo completamente diferente, ainda que pouco definido.
Como em todos os livros de Murakami, o protagonista segue o estereotipo: meia idade, divorciado, solitário e sem grandes objectivos na vida. É um protagonista sem nome. Mas para o caso não tem importância e embora não haja uma grande e complexa trama, este livro conseguiu prender-me, como acontece com todos os livros deste autor.
Neste "Dança, Dança, Dança" a mensagem é clara: devemos continuar a viver, ou a "dançar" (o melhor que conseguirmos), porque esta é a nossa vida e não vale a pena lutar contra aquilo que se vai desenrolando. As pessoas vão desaparecer e isso é algo inevitável. Há que aproveitar enquanto cá estão. Uma espécie de Carpe Diem a la Murakami.
Até hoje ainda não consigo exprimir por palavras o que é que torna Haruki Murakami tão especial. Há sempre uma sensação reconfortante de compreensão mutua entre mim e as personagens centrais, como se aquele livro tivesse sido escrito especificamente para me ajudar a compreender aquilo que sou/sinto. Sensações que eu não consigo expressar, são expressas por Murakami com uma facilidade espantosa. Talvez seja isso...