quinta-feira, 2 de junho de 2011

"EU DIRIA QUE A HISTÓRIA É A CASA DAS ESTÓRIAS"



Nesta entrevista Jorge Laiginhas fala-nos um pouco do que é ser escritor, leitor e português.
Nascido em Safres, aldeia portuguesa mas, como ele teimosamente lhe chama, ibérica, Jorge Laiginhas acumula no seu currículo uma licenciatura em História, uma pós-graduação em Ciências Documentais, e um punhado de livros publicados (“Pare, Escute e Olhe”, o “Padroeiro da Ibéria” ou “O Segredo de D. Afonso Henriques”).


O que o motivou a começar a escrever?

Penso que o que me incentivou a escrever foi a leitura. Leio todos os dias. Ler faz-me exercitar os sentidos, todos os sentidos… Ler é um dos grandes prazeres da minha vida. Completa-me.


O processo criativo é algo penoso? Ou acontece com naturalidade?

O processo criativo é penoso. Exige treino. Aprende-se a contar uma estória contando-a e recontando-a. Escrevendo e reescrevendo. Também há algo de natural, de inato, no processo criativo… Muita transpiração temperada com imaginação quanto baste.


As temáticas que aborda nas suas obras são escolhidas segundo algum critério em particular?

Não. Não há qualquer critério salvo em dois casos: O livro “Pare, Escute, Olhe” que fiz com o fotojornalista Leonel de Castro tem como objectivo específico dar visibilidade ao Vale do Rio Tua e registar para a posteridade um momento daquela região que estava a chegar ao fim – a circulação do comboio na via-férrea; no caso do livro “Viva a República – Diário de um Monárquico” foi escrito no âmbito das Comemorações do Centenário da Implantação da República e publicado semanalmente, ao longo do ano de 2010, no Jornal de Notícias. Obedeceu a critérios editorais algo rígidos.


Por exemplo n'O Segredo de D. Afonso Henriques, qual o motivo que o levou a cruzar o romance com a tese académica?

Quando estava a escrever “O Segredo de D. Afonso Henriques” tinha como propósito parodiar o romance histórico e, em simultâneo, parodiar a tese académica. Apenas isso: parodiar.


Subscreve as palavras de Eça, quando ele afirma que a história é uma grande fantasia?

Eu diria antes que a história é a casa das estórias.


Noutra das suas obras (O Padroeiro Da Ibéria) faz a apologia do Iberismo. Pode explicar esta sua posição?

Eu sou Ibérico porque nasci na Península Ibérica. A Ibéria poderá vir a ser uma grande nação de nações quando todos descobrimos que é muito mais aquilo que nos une do aquilo que nos separa.


Acha que Portugal subsistiria à união com um país (Espanha) já em si tão dividido?

A questão da união ibérica só será uma realidade quando todas as nações que habitam o território da Península Ibérica entenderam que juntas – uma grande nação de nações – terão um futuro mais promissor, uma voz mais forte, no seio da União Europeia.


Em relação ao seu trabalho, há neste momento algum projecto em que esteja a trabalhar ou projecto que gostaria de desenvolver no futuro?

De momento estou a trabalhar no guião de um documentário sobre o Vale do rio Tua.


Tem algum conselho para novos escritores que tentem agora entrar no mercado?

Penso que o mais interessante que posso dizer a quem pretende ser escritor é… Que leia, e escreva, e leia, e escreva…
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3 comentários:

M.J. Cruz disse...

Este homem é o máximo a falar xD

Luís Azevedo disse...

Pena foi não termos conseguido assistir à palestra toda que ele deu :s

M.J. Cruz disse...

Realmente...ficámos presos numa outra coisa também bastante interessante :D