"Leitores como Nós"
é a nova publicação semanal (ou não) do Baú dos Livros. O objectivo é dar a
conhecer diferentes visões do mundo da literatura, dadas na primeira
pessoa, pelas pessoas que vamos seleccionando. Só temos um critério de admissão: gostar de ler!
Esta semana a convidada do Baú é a Mariana Almeida!
Mariana
Almeida, 24 anos, a um passinho de terminar o Mestrado em Engenharia
Zootécnica. É fã incondicional de livros e, por vezes, questiona-se se não
“perderá” demasiado tempo a ver filme e séries. Pensou que nunca sairia da
Invicta mas a vida trocou-lhe as voltas e apresentou-lhe a Bila, dividindo o
seu coração entre a Trás-os-Montes e o Litoral. A par dos livros também não
dispensa uma boa dose de música.
BL:
Quando é que ler se tornou uma constante na tua vida?
MA: Terá sido pela altura em que entrei no
ensino básico. Nessa altura preferia ficar fechada na biblioteca durante os
intervalos ao invés de ir para lá para fora. Principalmente nos primeiros anos,
penso que entre os 10 e os 12/13 terá sido a altura de maior intensidade de
leitura que tive até hoje. A partir daí tornou-se um hábito haver sempre uma
pilha de livros na minha mesinha de cabeceira! Já havia livros por todo o lado
em minha casa, fruto do gosto pela leitura que a minha mãe tem, e eu comecei a
contribuir para este “caos”.
BL:
Durante a infância, qual foi o teu livro favorito? Porquê?
MA: Não creio que tenha tido um livro
favorito mas certamente fui muito marcada pelos livros da saga “Harry Potter”.
Os porquês são imensos, comuns a milhares de fãs, acho eu, é uma história de
heróis improváveis e de amizade, entre outras qualidades. Mais ou menos pelas
mesmas razões, gosto muito de “O Segredo do Rio” do Miguel Sousa Tavares. Considerando
que a infância acabaria aos 18, também destaco “O Diário de um Killer
Sentimental” de Luís Sepúlveda, cuja personagem principal é um assassino em
série, o que na altura me fascinou, pela humanidade com que tal personagem é
retratada pelo autor. Por fim, todos os livros de Sophia de Mello Breyner,
especialmente “A Árvore” e “A Viagem”, conto inserido no livro “Contos
Exemplares”. Este último conto assombra-me até hoje, aconselho.
MA: Não gosto de classificar um livro como
bom ou mau. Gosto mais de dizer que não é o meu estilo, ou que não me encheu as
medidas, por exemplo. Acredito que para todo o livro existe um leitor! O que
para nós parece intragável, para o outro pode parecer óptimo. Há uns anos creio
que, de facto, fazia essa distinção entre o livro bom e mau mas não saberia
dizer quais eram os meus critérios, sinceramente.
BL:
Qual o teu escritor favorito?
MA: Mais uma pergunta difícil! Gosto muito
de Luís Sepúlveda e Isabel Allende. Também aprecio muito Sophia de Mello
Breyner.
BL: E o que não suportas? Quais as razões?
MA: Não tenho
propriamente nenhum ódio de estimação. Encasquetei com Nicholas Sparks sem
nunca ter lido sequer uma linha dele porque me parecem sempre as mesmas
histórias! Porque é que tenho esta panca? Não faço ideia.
BL: Qual é o livro que recomendarias a toda a gente? O
que tem de especial?
MA: Talvez
“Mulherzinhas” (“Little Women”) de Louisa May Alcott, pela história e pelo
simbolismo que tem para mim. A minha mãe recebeu-o dos pais quando atingiu a
maioridade e fez questão de mo dar quando eu atingi a mesma, criando assim uma
espécie de elo entre gerações! A história continua muito actual em algumas
lições mas o que me fascinou acima de tudo foi a perspectiva das mulheres de
outra geração, as “funções” que desempenhavam e as lutas pelas quais passavam.
É um livro que fala de raparigas e mulheres, mas sobretudo de família. “Vai
Aonde Te Leva o Coração” de Susanna Tamaro, é um livro cheio de lições e óptimo
para quem, como eu, adorar ler e reler determinadas citações.
BL: Que livro pensas que merecia uma adaptação
cinematográfica?
MA: “O Mistério do Jogo
das Paciências” de Jostein Gaarder acho que daria uma grande aventura,
imagino-o assim ao estilo de “A Vida de Pi”.
MA: Estando agora um
pouco parado por falta de tempo para me dedicar à escrita, aproveito para
sugerir o meu próprio blog, uma mistura de literário com geocaching, o “Uma
Volta ao Mundo com os Livros” (www.voltaaomundocomlivros.worpress.com). Sugiro também o blog que deu origem à ideia “A Year
of reading the World” (http://ayearofreadingtheworld.com/). Também gosto de seguir o Ler y Criticar (http://lerycriticar.blogspot.pt/).
BL: Se tivesses que tatuar permanentemente uma frase
de um livro na testa, qual escolherias?
MA: Na testa parece-me
um pouco extremo! “E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não
souberes a que hás-de escolher, não te metas por uma ao acaso, senta-te e
espera. Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em
que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a
esperar. Fica quieta, em silêncio e ouve o teu coração. Quando ele te falar,
levanta-te e vai para onde ele te levar.". Claro que ia ter que ter uma
testa do tamanho de uma cartolina A4, mas isso são pormenores.
Este foi o testemunho da Mariana! Se também quiseres participar, envia uma mensagem para o Baú dos Livros (via Facebook ou Blogger)!
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