sexta-feira, 11 de julho de 2014

"As Vinhas da Ira" - John Steinbeck



Segundo livro que leio de Steinbeck, “As Vinhas da Ira” é uma obra que merece a designação de “clássico da literatura”; não importa em que época seja lido, tem sempre uma mensagem intemporal. 

Nesta história, somos transportados para o tempo da primeira Grande Depressão de 1929 dos Estados Unidos. Durante os 12 anos que caracterizaram a queda económica deste país, muitas foram as famílias que sofreram as suas consequências. Os agricultores dos Estados mais rurais do Oeste foram os primeiros a sofrer, vendo-se forçados a abandonar as suas terras e a procurar trabalho em Estados longínquos, como a Califórnia, iludidos por falsas promessas. A família Joad foi uma delas. 

Com as dificuldades económicas, associadas à modernização dos métodos agrícolas, como a chegada de tractores, a produção manual deixou de ser rentável. As rendas deixaram de poder ser pagas e o trabalho manual e a aragem dos terrenos tornaram-se desnecessárias. Com as suas poupanças, e informados, através de apelativos panfletos, de que haveria um mundo de oportunidades na Califórnia, a família Joad compra um velho camião e parte esperançosa para Este. 

No primeiro livro que li de Steinbeck, “A Um Deus Desconhecico”, senti que estava perante uma obra de reflexão sobre o ser humano e as suas crenças; uma reflexão sobre o individuo e a terra. Em “As Vinhas da Ira”, a reflexão passa a crítica sobre a natureza humana. Uma chamada de atenção para o poder que reside nos seres humanos enquanto grupo, mais do que enquanto indivíduos isolados. 

Ao ler sobre todas as desventuras da família Joad, e das restantes famílias que passavam por algo semelhante (existiam cerca de 14 milhões de desempregados nos EUA), não pude deixar de pensar num episódio marcante da história da humanidade, que haveria de passar-se algum tempo depois da publicação deste livro – o Holocausto. 

Porquê que o ser humano não é capaz de se unir, quando mais precisa? De se revoltar, mesmo quando o seu número ultrapassa em grande escala o daqueles que os oprimem? Porquê que a história se repete sempre? O que é que existe em nós que nos impede de agirmos facilmente em conjunto para fazer o bem? Porquê que mais rapidamente há união para fazer o mal?

O final desta obra trouxe-me sentimentos contraditórios; apesar de genial, no simbolismo que integra, não deixa de me parecer surreal, por estar tão deslocado da restante narrativa. Apenas li duas obras de John Steinbeck, mas penso que posso dizer que os finais nunca surgem da forma que esperamos!

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