A primeira vez que ouvi falar deste livro, foi numa aula de Geometria Descritiva. A professora, que hoje é considerada uma amiga, mencionou-o numa das ocasionais conversas, que eram tidas por entre as rectas, abcissas e planos no espaço.
"A Vida de Pi" era um título difícil de esquecer, assim como o livro e respectivo filme (coisa rara, o filme também ser bom!), não só pela narrativa, mas também pelo final que nos deixa a questionar sobre questões superiores.
Este livro conta a história de Piscine Patel ("Pi"), um rapaz indiano, que cresceu num jardim zoológico, e é obrigado, juntamente com a sua família a emigrar para o Canadá face a dificuldades financeiras. Vendem os animais do seu jardim zoologico e todos, incluindo os animais, embarcam num navio para fazer a travessia. Tragicamente, o navio naufraga e Pi passa 227 dias num barco salva-vidas na companhia de um animal invulgar - um Tigre de Bengala.
Ao longo da narrativa, ficamos a conhecer a vida de Pi, desde tenra idade, até ao momento em que embarca. São abordadas questões que me pareceram muito interessantes, como a existência de jardins zoológicos, e se serão assim tão maus para os animais, quando vistos do ponto de vista dos mesmos.
A forma como o livro está escrito nesta primeira parte, dá-nos uma ideia de uma vida alegre, colorida e relativamente despreocupada, em que Pi vai tendo os seu primeiro contacto com as religiões, e a forma peculiar como ele as encara. Para ele não é possível ser membro de apenas uma religião, quando todas elas apresentam coisas tão boas e são, no fundo, iguais naquilo que defendem.
A segunda parte da história é uma antítese completa. Já li criticas de quem não tenha gostado deste contraste, mas para mim faz sentido e até necessário, considerando o triste evento na vida de Pi, que numa só noite perde toda a sua família e inicia os 227 dias à deriva no mar.
O final é nos oferecido sob dois prismas: para aquele que está disposto a acreditar no melhor, e o que prefere acreditar na versão mais realista, mas também mais cruel - uma analogia com aquilo que se passa, quando chega a altura de acreditar em alguma coisa, que nos parece irrealista, ou não, como a religião.
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