segunda-feira, 25 de março de 2013

"O Amor nos tempos de Cólera" - Gabriel Gárcia Márquez

Lembram-se do vosso primeiro amor? Pois, quem é que não se lembra? A questão é...será que teria o mesmo significado para vocês, passados mais de cinquenta anos, sem qualquer tipo de contacto?

Essa é a história de Florentino Ariza. Nascido de pai incógnito (embora, conhecido), apaixona-se perdidamente pela filha de um homem rico e, por isso, inacessível, Fermina Daza. Depois de trocarem cartas de amor durante dois anos, Florentino decide pedir em casamento Fermina. Isto sem nunca falarem pessoalmente, ou conviverem. Fermina acaba por aceitar, mas com a condição de que ficassem noivos por mais dois anos. 

O pai da rapariga descobre e envia-a numa viagem, na esperança de que essa paixoneta desaparecesse e Fermina se casasse com um melhor partido. 
E como o fruto proibido é o mais apetecido, a rapariga insiste em continuar a manter um contacto clandestino com o seu mais que tudo. 

Um dia, após voltar da sua viagem, Fermina vê-se acidentalmente cara a cara com Florentino Ariza. Foi quanto bastou para que todo o encanto se quebrasse. Fermina entende então naquele momento, que na sua cabeça criou uma imagem de um homem, que não correspondia à realidade e tudo acaba entre os dois. 

Os anos passam e Fermina Daza casa, tem filhos e é feliz. Enquanto isso, Florentino Ariza fica eternamente preso ao seu encanto, sonhando com o dia em que, rico e poderoso, possa conquistar novamente o coração de Fermina. Tudo o que falta é que ela se torne viúva. 

Durante anos, Florentino não se compromete. Salta de cama em cama, sem nunca querer comprometer-se, porque ele sabe que, apesar de já não ser virgem, existe uma parte dele, que é só do seu verdadeiro amor e que até à morte será (e ouve-se o som).

Não sou uma expert em literatura sul americana, mas penso que há um certo misticismo associado às obras que já li de outros autores, como por exemplo, de Luís Sepúlveda. O colombiano Gabriel Gárcia Márquez não é excepção; sente-se que há muito mais para além da história. Algo ligado às origens; à terra. 

Ao ler este livro dei por mim a pensar no quão infeliz aquele homem foi. Questionei-me, quantos verdadeiros Florentino Arizas existirão neste mundo. Existem muitos (e muitas), que são parecidos com ele. Não porque realmente amam, mas porque teimam em continuar infelizes e tiram até prazer dessa infelicidade, achando que o martírio lhes dá uma aura mais atractiva. Não creio que seja possível amar alguém assim, platonicamente, durante tantos anos, a não ser por pura teimosia. Seria bem romântico (ou assustador?) se tal fosse possível.
 
Esta foi uma obra que entristeceu. Não pelo final, mas pelo desenrolar do enredo. Pela vida desperdiçada, por opção, deste homem. E pela constatação de que não faltam por aí "falsos infelizes", que tão facilmente poderiam não o ser.

Apesar de tudo foi uma boa surpresa e mais um novo escritor para explorar.






4 comentários:

Madrigal disse...

tenho este livro para ler há uns tempos, mas ainda não fiz. Já vi o filme, mas não gostei muito, mas tb já me disseram que o filme não faz justiça ao livro

Alu disse...

Nomalmente nunca fazem. Eu gostei deste. Apesar de, como já referi, ser um bocado deprimente.

Por entre o luar disse...

Hum , não li ! Mas parece interessante ..

Nuno Santos disse...

Mais um livro para juntar à lista "Livros a ler"!! =D