Quem me conhece, sabe que no último ano desenvolvi uma fixação pela personagem do Peter Pan. Em pequena nunca vi o filme da Disney e nunca li o livro. Um dia, quando estava triste, porque pela milionésima vez não tinha conseguido entrar em Medicina Veterinária, resolvi pôr a rodar o DVD de "O Regresso à Terra do Nunca". A verdade é que me deixou feliz. Nesse momento soube que ia conseguir um dia realizar o meu sonho, só tinha de continuar a acreditar e nunca desistir. Assim, foi com alegria que passado um mês ou dois vi o meu sonho realizado; estava finalmente no curso pelo qual tinha trabalhado tanto!
Nunca mais senti necessidade de ver o filme. E o Peter Pan e o pó de fada foram rapidamente esquecidos, no meio dos dias rotineiros e menos rotineiros que se seguiram.
Contudo, no último ano, voltei-me mais uma vez para a minha colecção de filmes da Disney, na busca de algo que me fizesse sentir calma e esperançosa em relação ao futuro. Vi todos os filmes, ou quase todos, mas eram poucos aqueles que me faziam abstrair dos problemas, até que chegou novamente a vez de "O Regresso à Terra do Nunca".
Durante meses essa tornou-se na minha história para adormecer. Eu era Jane, a filha da Wendy. Era responsável, tomava conta da minha família, protegendo-a durante a Grande Guerra, que assolava a Inglaterra. Pelo meio perdi aquilo que de mais importante havia em mim. Até que um dia, vindos do nada, piratas me levaram para a Terra do Nunca. Fui salva pelo Peter Pan, que me levou até aos meninos perdidos. Mas achava-me tão crescida no meio deles, até que percebi que eu não era mais do que eles; éramos iguais. E assim, durante meses, vi o meu eu voltar e senti-me cada vez melhor.
Há filmes e histórias que marcam e este, apesar de ser um filme de animação, marcou e assim surgiu a curiosidade de ler a história original. Fiquei um pouco desiludida com a personagem de Peter Pan, que não é muito semelhante à personagem criada pela Disney. O Peter Pan literário faz lembrar o estereótipo do típico "Homem"; presumido, gabarolas, exibicionista e insensível, ainda que carente de amor e atenção. Wendy por sua vez é a menina que aspira a ser mulher, e que por isso trata Peter ora como marido, ora como filho (um pouco como as esposas ainda fazem em alguns casais). A Sininho é "a outra". Aquela que realmente entendo o ridículo das atitudes de Peter, as intenções de Wendy, etc. Funciona um pouco como a adulta do conto; aquela que manda umas bocas de vez em quando.
Ainda assim, gostei. Quando for crescida e tiver os meus próprios filhos, consigo imaginar-me a ler-lhes a história do Peter Pan e, quem sabe, até a inventar as minhas próprias aventuras na Terra do Nunca com o Peter Pan e os meninos perdidos.
"Fé, Confiança e Pó de Fada!"
3 comentários:
Adorei! Você me deixou com vontade de ler este livro. E o que dizer? Devemos despertar a criança ora adormecida dentro de nós, buscar nas raízes da inocência forças para nos ajudar neste mundo complicado. E você conseguiu. Abraço!
Tem graça que recentemente li um livro que fala de J.M. Barrie e desta sua obra prima...Entre outras coisas contava que Barrie se inspirou em cinco rapazinhos da mesma família que ele adoptou (sendo Peter um deles)...É um bocado perturbador. Esse filme não aquele que tem um crocodilo?
Obrigada Andrea! ^^
Sim Sara é esse mesmo. Se bem que eu prefiro a sequela e nesse não há crocodilo.
Realmente é um bocado estranho, mas mais estranho ainda é o Woody Allen que adoptou uma menina e depois divorciou-se da esposa para casar com a filha o.O
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