Há livros que me irritam. Este foi um deles.
Não porque está mal escrito, ou porque tem personagens atipicamente irritantes (se bem que a Holly Golightly....), ou porque o enredo não é credível ou bem construído; é antes esta coisa, muito típica dos autores americanos pós-Segunda Guerra Mundial, de escreverem livros sobre NADA.
Se calhar "nada" não é palavra certa. É mais, escrever livros num tom em que parece que estão a elevar o "nada" a alguma coisa. Eu sei que há gente que estuda estes escritores e provavelmente está a pensar "esta rapariga não sabe o que está a dizer" (e não sei, estou só a passar a minha impressão) e por isso é que muitas vezes tenho dificuldade em escrever opiniões, que sejam mais do que um mero resumo de uma história...mas a sério escritores americanos pós-Segunda Guerra, porquê que vocês se interessam tanto por coisas que só são bonitas e não tem conteúdo? É que se isso é a vossa forma de criticarem a sociedade americana (e o mais certo é ser), ao menos podiam ter criado histórias mais interessantes.
E pronto. Depois desta mini revolta, vamos falar sobre este livro - "Breakfast at Tiffany's". Nunca tinha lido nada do Truman Capote e não fiquei fascinada. Acho que o senhor escreve bem (li em inglês, por isso desconheço como é que ele pode soar em português), mas a história sobre uma misteriosa e cativante rapariga, chamada Holly Golightly, não me cativou minimamente. Para mim, um bom livro tem de conseguir prender-me e querer fazer virar as páginas. Não pode ser uma série de divagações sobre "nada"...sobre a forma como ela andava, ou como ela se vestia, ou como era o sorriso dela e a expressão que ela fazia ao convencer não sei quem de que era linda e perfeita.
A sorte foi o livro ser pequeno e de fácil leitura, ou acho que iria demorar muuuuito tempo a acabar e para "nada" porque o final é praticamente igual ao inicio e o leitor sai daquela história com mais "nada" a dizer, ou pensar.
A única coisa que posso dizer que concordei foi que realmente não se pode usar diamantes antes dos 45 anos de idade...
4 comentários:
Puxa, não podia discordar mais: amei este livro e acho que fala sobre muitas coisas: encontrar um lugar no mundo, amor, solidão...Holiday é descrita de uma maneira tão vívida que é como se a tivéssemos à nossa frente. Está cheia de contrastes maravilhosos - sábia pelas experiências da vida, mas espontânea; sofisticada mas quanto toca violão à janela parece uma menina ainda ingénua; independente e forte porém muitas vezes solitária...Uma mulher pouco convencional (especialmente para a época em que foi escrito) que cria um mundo muito próprio no pequeno espaço do seu apartamento - e que o leitor vai descobrindo. Não é preciso ser uma coisa intrincada ou cheia de suspense: vale pelo que é. Além de estar belamente escrito...Capote é um dos meus escritores preferidos de sempre.
Sim, cada qual tem a sua interpretação. Eu não a vi dessa forma. Achei que de espontaneadade não tinha grande coisa; pelo contrário. Parecia que se escondia atrás de uma personagem e que nem essa personagem era consistente, alternado de acordo com a sua necessidade de manipular as pessoas em redor. E não sei se ter como objectivo de vida "ser rica" é ser pouco convencional para a época, principalmente quando no final do livro ela foge com o objectivo de casar com um tipo rico qualquer da América do sul.
Eu acho que o contraste que tu falas tem a ver com ingenuidade perdida, com capacidade de adaptação, chama-lhe o que quiseres, mas para mim é estereotipo de miúda americana que não quer ser um estereotipo e acaba por ser precisamente isso.
Ainda vou ler o "A Sangue Frio". Tenho grandes expectativas em relação a esse. Sei que a forma como o Capote escreve não será um problema. Nisso concordamos :P
A máscara é inevitável - não entras para a elite com a tua cara verdadeira. Depende de subterfúgios e ela sabe disso, este é aliás um dos pontos do livro: pessoas que vem lá do cu de judas para tentar vencer na Maçã e encontrarem um lugar. O próprio Capote fez isso pelo que há aqui muito de autobiográfico. As contradições da personagem tornam-na o oposto de um estereótipo - seria isso se fosse burra e completamente fútil. Se me lembro não há indicação que ela tenha casado...Ninguém sabe o que foi feito dela - muita gente não gosta deste fim, mas até é apropriado. Uma mulher independente que vive sozinha e tem opiniões não era convencional para a época (anos 50), nem sequer é agora. O Sangue Frio é excelente, embora não possa ser comparado com este por ser uma obra de não ficção sobre um crime - e com que detalhe :\
Confesso que as minhas opiniões são sempre muito superficiais. Não porque não me interesse pelas coisas, mas acho que pertenço ao grupo dos leitores "egoístas". Isto é, ou me identifico e gosto, ou não me diz nada. É difícil para mim relacionar-me com um livro que representa um mundo que odeio. Deve ser por isso que achei que este livro soava ao "Grande Gatsby"...
No final ela desaparece e escreve uma carta ao narrador (já nao me lembro bem) onde dizia que estava tudo bem e blahblah e que já andava de olho noutro homem de posses. Ela ansiava por ser livre das expectativas que a sociedade depositava nas mulheres através do dinheiro. A meu ver ela tinha uma série de opiniões, mas acabavam por não ser as opiniões dela, mas antes as que ela achava que tinha de passar, para ser um certo tipo de miúda. Não suporto pessoas assim. Sei que são o tipo de mulher/pessoa que mais há neste mundo. É um bocado como algumas das mulheres que se auto intitulam "feministas". Fazem-no porque "está na moda", mas nas suas vidas privadas continuam a usufruir de certos benefícios de não serem homem (não há muitos, mas existem), invocando os princípios feministas apenas quando lhes dá jeito...adaptam-se, ou manipulam. Como quiseres...
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