Ser locatário/inquilino em Portugal não está fácil. Nos últimos 2 anos o panorama tem vindo a ficar negro, para quem não tem casa, nem tem possibilidades (ou vontade) de vir a ter.
Um pouco por todo o país, os preços das rendas duplicaram e, em alguns casos, triplicaram. A comunicação social parece apenas acordar para este problema no início do ano lectivo. Presumo que seja, quando finalmente algum iluminado da direcção de informação se vê aflito para conseguir arrendar um quarto para o filho, ou para a prima do filho.
A verdade é que o problema da habitação está a tomar proporções ridículas e que se prolongam por todo o ano. É um problema que afecta não só professores e estudantes, mas todas as áreas profissionais (ou quase todas), que não tenham apoio do estado.
Há 6 meses atrás, quando me mudei para os arredores de Oeiras, aluguei um quarto, com água e eletricidade incluídas, por 320€/mês. A casa onde o meu quarto está inserido, tem mais 3 quartos ocupados. Pessoas que eu não conheço, que se cruzam comigo à hora de jantar e, ocasionalmente ao fim de semana. Somos educados uns com os outros, mas é tudo muito impessoal e distante. É uma casa R/c, velha, com humidade, com um único WC e já tivemos a visita de um rato. Porquê que estou aqui? Passo a explicar: antes deste quarto visitei mais três. Nenhum deles me oferecia contrato. Todos eles tinham regras mesquinhas: apenas aceitam trabalhadores de fora do distrito; não podem receber visitas sem autorização; animais de estimação estão interditos; a caixa de correio é exclusiva do senhorio; etc. Todos eles exigiam rendas a rondar os 300 euros/mês.
Como eu, centenas de pessoas vivem assim e centenas de pessoas pagam mais de metade do seu ordenado para poderem ter um sitio onde se possam sentir em casa. Enquanto deambulo pelos grupos de Facebook de procura de casa, vejo cenas de xenofobia, racismo e descriminação diária. Vejo mães solteiras à procura de quartos, porque não conseguem pagar imóveis completos. Pergunto-me como será crescer assim...num quarto, numa casa cheia de estranhos.
Actualmente, um T1-T2 nos arredores de Lisboa, com condições aceitáveis, ronda os 700€ mês. Como é que alguém solteiro (ou divorciado) pode suportar algo assim? Falamos de liberdade frequentemente, e eu pergunto: qual liberdade? Vivo com a sensação de que o estado português quer condicionar as minhas escolhas de vida, não me oferecendo opção e forçando-me a seguir a via mais óbvia - um crédito habitação!
E isto leva-me a afirmar o óbvio: não interessa aos políticos falar dos preços do mercado de arrendamento, ou da carga fiscal alta a que os arrendatários estão sujeitos (28% da renda + IMI); interessa sim, que o povo se veja obrigado a ver na compra de um imóvel a solução para a impossibilidade de arrendarem um espaço decente por um valor justo. O crédito habitação vai mantendo a banca feliz - Banca feliz = Políticos felizes.
Um pouco por todo o país, os preços das rendas duplicaram e, em alguns casos, triplicaram. A comunicação social parece apenas acordar para este problema no início do ano lectivo. Presumo que seja, quando finalmente algum iluminado da direcção de informação se vê aflito para conseguir arrendar um quarto para o filho, ou para a prima do filho.
A verdade é que o problema da habitação está a tomar proporções ridículas e que se prolongam por todo o ano. É um problema que afecta não só professores e estudantes, mas todas as áreas profissionais (ou quase todas), que não tenham apoio do estado.
Há 6 meses atrás, quando me mudei para os arredores de Oeiras, aluguei um quarto, com água e eletricidade incluídas, por 320€/mês. A casa onde o meu quarto está inserido, tem mais 3 quartos ocupados. Pessoas que eu não conheço, que se cruzam comigo à hora de jantar e, ocasionalmente ao fim de semana. Somos educados uns com os outros, mas é tudo muito impessoal e distante. É uma casa R/c, velha, com humidade, com um único WC e já tivemos a visita de um rato. Porquê que estou aqui? Passo a explicar: antes deste quarto visitei mais três. Nenhum deles me oferecia contrato. Todos eles tinham regras mesquinhas: apenas aceitam trabalhadores de fora do distrito; não podem receber visitas sem autorização; animais de estimação estão interditos; a caixa de correio é exclusiva do senhorio; etc. Todos eles exigiam rendas a rondar os 300 euros/mês.
Como eu, centenas de pessoas vivem assim e centenas de pessoas pagam mais de metade do seu ordenado para poderem ter um sitio onde se possam sentir em casa. Enquanto deambulo pelos grupos de Facebook de procura de casa, vejo cenas de xenofobia, racismo e descriminação diária. Vejo mães solteiras à procura de quartos, porque não conseguem pagar imóveis completos. Pergunto-me como será crescer assim...num quarto, numa casa cheia de estranhos.
Actualmente, um T1-T2 nos arredores de Lisboa, com condições aceitáveis, ronda os 700€ mês. Como é que alguém solteiro (ou divorciado) pode suportar algo assim? Falamos de liberdade frequentemente, e eu pergunto: qual liberdade? Vivo com a sensação de que o estado português quer condicionar as minhas escolhas de vida, não me oferecendo opção e forçando-me a seguir a via mais óbvia - um crédito habitação!
E isto leva-me a afirmar o óbvio: não interessa aos políticos falar dos preços do mercado de arrendamento, ou da carga fiscal alta a que os arrendatários estão sujeitos (28% da renda + IMI); interessa sim, que o povo se veja obrigado a ver na compra de um imóvel a solução para a impossibilidade de arrendarem um espaço decente por um valor justo. O crédito habitação vai mantendo a banca feliz - Banca feliz = Políticos felizes.
O problema da habitação em Portugal não é simples. Embora eu continue a achar que deveria existir algum bom senso nas rendas praticadas, como em todos os negócios, sei que isso é uma mera utopia. A culpa não é realmente do senhorio, nem do agente imobiliário e definitivamente, a culpa não é de quem não quer, ou de quem não pode comprar casa. A culpa é do Estado.
PS - Se souberem de algum T0, T1, ou T2 (Oeiras, Cascais, Odivelas, Sintra, Amadora), como um preço razoável e que passe contrato, por favor digam! XD
PS - Se souberem de algum T0, T1, ou T2 (Oeiras, Cascais, Odivelas, Sintra, Amadora), como um preço razoável e que passe contrato, por favor digam! XD
3 comentários:
Isso não é "casa em Portugal." É "casa em lisboa" que tem os preços super inflacionados. Muda-te para o interior e nem metade disso pagas com melhor qualidade de vida.
Não é só em Lisboa. Está igual em Braga, Porto....sim em centros urbanos do litoral, mas se eu não tenho família no Interior, nem melhor oferta de emprego, ou mais serviços públicos, porquê mudar me para o Interior? Poderia ter uma renda mais acessível, mas faltava o resto... é uma balança difícil de equilibrar.
Vejo mães solteiras à procura de quartos, porque não conseguem pagar imóveis completos. Pergunto-me como será crescer assim...num quarto, numa casa cheia de estranhos.
Ainda nos anos 70 era assim, lembro-me muito bem, e só deixou de ser por volta dos anos 80. Na casa ao lado da minha (casa pequeníssima) morava um casal com 5 filhos de várias idades que dormiam em vários sofás na sala e uns com os outros. Eu nunca tive quarto para mim. O meu lugar de dormir era no sofá da sala. As pessoas nem pensavam em ter quartos para os filhos. Era assim.
Comprar casa também não está ao alcance de todos, daí tantas situações em que as pessoas são obrigadas a viver juntas quando se odeiam. (Situação perfeita para violência doméstica.) Os ordenados são o que são, as pessoas não conseguem pagar as despesas sozinhas.
Nada disto é novo. Apenas houve a ilusão de uma melhoria da qualidade de vida, mas em vez de continuarmos a andar para a frente andámos para trás. Eu ainda sou do tempo das barracas em Lisboa. Agora a miséria é mais escondida mas cada vez existe mais miséria.
Enfim, apenas alguns apontamentos a juntar aos teus.
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