Hoje acordei e abracei o velho hábito de fazer scroll nas redes sociais. Dei por mim a ler uma entrevista da revista Sábado a Nádia Piazza, mãe de uma das crianças que faleceu nos grandes fogos de Pedrogão, em 2017.
Não pude deixar de pensar que num momento de extrema dor, as pessoas agarram-se ao que podem. A senhora não ficou parada e juntamente com outras vítimas e familiares das mesmas, criou a Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande.
Gostei particularmente da parte em que diz:
"A nossa associação não é uma associação que uma sociedade civilizada queira ter, é a prova da falência do Estado. No dia em que tivermos o controlo de fogos e as pessoas estiverem sensibilizadas, deixamos de ter missão. O nosso sucesso é que nos possamos extinguir."
Depois de ler a entrevista fiquei com a ideia de que esta mulher é forte e cheia de pro-actividade, mas que se engana a ela mesma (ou quer enganar-nos a nós), quando refere que é apartidária e que não gosta de partidos. Logo depois mostra claramente antipatia pelo PCP (porque não contactou a associação...talvez os únicos que não quiseram entrar no jogo da hipocrisia à custa de tragédias) e enaltece a simpatia de Assunção Cristas...uma mulher que poderia ter feito alguma coisa pelo ordenamento do território e desenvolvimento do interior, quando ocupou o cargo de ministra da agricultura e do mar...e nada de bom fez, pelo contrário, liberalizou a utilização dos eucaliptos. Não é irónico?
Infelizmente o nosso país funciona à base de tachos e panelas e os maiores fazedores desses "ricos objectos" são, precisamente, os partidos e os seus respectivos membros. Nesses meios ninguém faz alguma coisa pela bondade do acto. Há sempre segundas intenções.
Infelizmente o nosso país funciona à base de tachos e panelas e os maiores fazedores desses "ricos objectos" são, precisamente, os partidos e os seus respectivos membros. Nesses meios ninguém faz alguma coisa pela bondade do acto. Há sempre segundas intenções.
Se realmente o importante é mudar alto estrutural, essa mudança tem de começar da base. O governo é e será sempre apenas o reflexo de um povo e da sua forma de pensar/agir. Quer se vote, ou não (porque o não votar também é uma forma de voto), os problemas vão prevalecer, enquanto as mentalidades prevalecerem.
Acho que mais do que mudar os partidos e falar em comícios, seria importante mudar as pessoas, para que consequentemente os partidos mudassem. As pessoas estão literalmente cagando-se para o ordenamento do território e para o desenvolvimento do interior e é preciso educa-las, para que os partidos tenham necessidade de dar a atenção devida a esses temas.