terça-feira, 18 de junho de 2019

Entrevista da revista Sábado a Nádia Piazza - um breve comentário.

Hoje acordei e abracei o velho hábito de fazer scroll nas redes sociais. Dei por mim a ler uma entrevista da revista Sábado a Nádia Piazza, mãe de uma das crianças que faleceu nos grandes fogos de Pedrogão, em 2017. 

Não pude deixar de pensar que num momento de extrema dor, as pessoas agarram-se ao que podem. A senhora não ficou parada e juntamente com outras vítimas e familiares das mesmas, criou a Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande. 

Gostei particularmente da parte em que diz:

"A nossa associação não é uma associação que uma sociedade civilizada queira ter, é a prova da falência do Estado. No dia em que tivermos o controlo de fogos e as pessoas estiverem sensibilizadas, deixamos de ter missão. O nosso sucesso é que nos possamos extinguir."

Depois de ler a entrevista fiquei com a ideia de que esta mulher é forte e cheia de pro-actividade, mas que se engana a ela mesma (ou quer enganar-nos a nós), quando refere que é apartidária e que não gosta de partidos. Logo depois mostra claramente antipatia pelo PCP (porque não contactou a associação...talvez os únicos que não quiseram entrar no jogo da hipocrisia à custa de tragédias) e enaltece a simpatia de Assunção Cristas...uma mulher que poderia ter feito alguma coisa pelo ordenamento do território e desenvolvimento do interior, quando ocupou o cargo de ministra da agricultura e do mar...e nada de bom fez, pelo contrário, liberalizou a utilização dos eucaliptos. Não é irónico? 

Infelizmente o nosso país funciona à base de tachos e panelas e os maiores fazedores desses "ricos objectos" são, precisamente, os partidos e os seus respectivos membros. Nesses meios ninguém faz alguma coisa pela bondade do acto. Há sempre segundas intenções. 

Se realmente o importante é mudar alto estrutural, essa mudança tem de começar da base. O governo é e será sempre apenas o reflexo de um povo e da sua forma de pensar/agir. Quer se vote, ou não (porque o não votar também é uma forma de voto), os problemas vão prevalecer, enquanto as mentalidades prevalecerem. 

Acho que mais do que mudar os partidos e falar em comícios, seria importante mudar as pessoas, para que consequentemente os partidos mudassem. As pessoas estão literalmente cagando-se para o ordenamento do território e para o desenvolvimento do interior e é preciso educa-las, para que os partidos tenham necessidade de dar a atenção devida a esses temas.  








sexta-feira, 14 de junho de 2019

"Not That Kind of Girl", Lena Dunham

Para quem não sabe a Lena Dunham, é a autora e actriz da série televisiva Girls, da HBO. Tem actualmente 33 anos e esta espécie de autobiografia foi escrita em 2015, quando ela ainda nem 30 anos tinha. Não é qualquer pessoa que tem a lata de almejar escrever um livro de memórias, com esta idade. Isto diz muito sobre Lena. 

É interessante ler as opiniões acerca deste livro no Goodreads. A maior parte dos leitores odeia o livro, porque odeiam a miúda. É compreensível. A Lena parece ser aquele tipo de rapariga privilegiada, filha de artistas, que cedo consegue atingir o topo - ter a sua própria série de televisão aos 25 anos de idade na HBO. 

O sucesso precoce causa comichão a muito boa gente. Aliado a isso, não vou fingir que a miúda não é um pouco narcisista, aquela amiga que por vezes é chata e, como dizem os americanos, um pouco "Self-involved"... mas uma coisa ela tem razão - ela representa uma geração - a geração "Self-involved". Porque sejamos francos...quem não é um pouco egoísta e narcisista nos dias de hoje? Vivemos num mundo onde se promove o culto do eu a toda a hora: é instagram, é a meditação, é a terapia para o auto conhecimento, é o ginásio e os batidos paleo...a constante luta por um eu melhor. EU EU EU...

Este livro conta com uma série de episódios da vida de Lena. Desde a estranha relação com o seu corpo, até ao modo como a ansiedade sempre fez parte da sua mente, até aos episódios sexuais bizarros (mas realistas), ou as histórias relacionados com o mundo maioritariamente masculino de Hollywood.

É uma leitura muito fácil e, apesar de por vezes a rapariga ser irritante, conseguiu arrancar-me umas boas gargalhadas. Gostei sobretudo da falta de inibição e sinceridade com que Lena escreve. Percebe-se o quanto dela mesma está presenta na série televisiva e se gostaram de assistir à mesma, recomendo que leiam este livro. Vão gostar.

terça-feira, 11 de junho de 2019

Por favor parem...

Por favor parem de chamar "Kika", "Kiko", "Mia", ou "Marley" aos vossos animais (a não ser que já se chamem assim...nesse caso continuem, porque seria só confuso mudar de nome a meio do campeonato da vida). 

Não é original.

Não é bonito.

Não é.

Não...

E já que estamos numa de nomes. O que se passa com as novas crianças deste mundo? É tudo "Constança", "Dinis", "Matilde", "Afonso"...se é para ser tudo nobre, desafio alguém a escolher "Urraca"! Para quem não sabe a Dona Urraca foi rainha de Castela e Leão e da Galiza. Assumiu o trono com a morte do pai, em 30 de junho de 1109, até 8 de março de 1126. Resumindo...muito feminista e por isso igualmente na moda. 

Vá lá pessoal! Fica a sugestão!

sábado, 8 de junho de 2019

Não tenho lido...

...quase nada. 

Não me incomoda não ler tanto. Continuo a amar o cheirinho do papel novo (ou velho) nas livrarias e alfarrabistas. Tenho sempre um livro na carteira...se por alguma razão me esqueço de levar um livro, apanho uma seca descomunal. É a maldição do livro ausente.

Hoje tivemos um gato na clínica chamado "Lev". Os donos devem ser de esquerda, ou devem ter influências russas. A alternativa é que sejam fãs da dieta Lev...mas não me pareceu. A verdade é que enquanto limpávamos as feridas do animal, deu-me uma vontade louca de mandar tudo ás urtigas e ir ler Tolstoi, num confortável sofá de couro. Eu dava uma óptima milionária. 

Porquê que não tenho lido? A verdade é que tenho andado a passear para cacete e supostamente tenho um trabalho da pós-graduação para escrever e entregar até dia 30 de Junho (POR ISSO É QUE ESTOU AQUI A DIVAGAR...)! 

Actualmente levo uma vida de instagrammer/influencer, mas com a desvantagem de que eu é que pago (carreguem por aí nas publicidades da google adds, a ver se fico rica à vossa custa, por favor #lifegoal). Os meus pais patrocinam-me a comida e a roupa lavada. 

Tem sido um ano muito bom. Mas não tenho lido. Gostava de ler mais. 

quarta-feira, 5 de junho de 2019

A crise dos 30.

A crise dos 30 será mesmo uma coisa real?...

Hoje dei por mim nos caminhos da nostalgia musical. Comecei a ouvir o álbum Harmonium da Vanessa Carlton, coisa que fazia com bastante frequência aos 17 anos. Há mais de 10 anos atrás. Ainda sei as letras de cabeça. E aparentemente ainda escrevo, da mesma forma que falo. Erro grave, segundo o meu segundo ex-namorado. 

Há lições que realmente ficam. Há outras que se esquecem. 

Voltando à música...e aos 30...as músicas deste segundo álbum da Vanessa despertavam em mim a sensação de que tudo era possível. Dava por mim a pensar nas mil aventuras, que a vida me podia reservar. Agora pareço uma velha conformada a falar, mas a verdade é que a sensação que a música me desperta ainda é a mesma. Isto faz-me pensar: será que mudei assim tanto? 

Tenho quase 30, mas continuo sem saber nada sobre a vida...ou quase nada. Aprendi que há peças de roupa que não se podem lavar a quente e que a ansiedade é uma coisa real e que se misturarmos Xanax com alcool podemos ter uma trip muito marada (essa coisa só li...não experimentei...eu não faço essas coisas). 

A crise dos 30 será perceber que nunca se vai perceber nada? Será perceber que se tem de saber lidar o melhor possível com o facto de a vida ser um aglomerado muito confuso de eventos mais ao menos aleatórios, que ninguém consegue prever? 

To be continued...