Tenho uma opinião pouco clara acerca deste livro. Acho que por isso é que tenho andado a adiar a escrita da mesma...
"Swing Time" da escritora Zadie Smith foi uma sugestão que desencantei do site "Man Repeller". Comprei o livro, coisa que é muito raro acontecer, e li-o numa semana. A verdade é que está muito bem escrito e, embora não exista um enredo muito promissor, conseguiu cativar-me em cada página.
A protagonista (narradora sem nome) é uma rapariga de origem negra, que renuncia, sem tentar, a todos os seus sonhos e vive na sombra das outras pessoas, deixando a vida levá-la para onde calha. Esta rapariga tem uma melhor amiga de infância - Tracey. Ambas adoram dança, mas só Tracey tem talento. A protagonista acaba por viver sempre na sua sombra e à medida que vão crescendo, vão se afastando. Já em adulta, a narradora vai trabalhar para Aimee, uma celebridade americana de origem branca, cheia de boa intenções e caridade, que decide abrir uma escola para raparigas na Nigéria. É na sombra desta personagem que a protagonista se refugia durante vários anos.
Este livro explora várias questões associadas à raça, à classe social, ao individualismo, ao capitalismo e ao lugar das mulheres no mundo. Demasiadas questões para serem analisadas a fundo e é nisso que este livro falha. Enquanto a história se centra na amizade entre as duas raparigas, há um equilíbrio, quase que um sentimento de propósito na historia. A partir do momento em que começa a parte da escola na Nigeria, tudo se transforma numa salgalhada de temas.
Apesar de estar muito bem escrito, com a alternância do tempo de cada episódio, com ideias claras e interessantes, senti que ao terminar a leitura não cheguei a lado nenhum. Esse é um sentimento terrível de se ter, acerca de um livro que está escrito de forma tão brilhante.
Talvez este final sem fim tenha sido intencional. Se calhar não consegui foi compreender onde a autora queria chegar. Se calhar a intenção era mesmo não chegar a lado nenhum.