Podia dizer que desde criança
sempre sonhei ser veterinária. Estaria a mentir.
Já quis ser muita coisa nestes 24
anos em que habito o planeta Terra. Sou naturalmente indecisa e um pouco
influenciável. Acho que isso se prende com o facto de ter muito medo de não aproveitar
a vida como deve ser; quero ser/ver tudo e não deixar nenhuma hipótese por
testar. Claro que isso é impossível e acabo apenas por me sentir frustrada em
determinadas situações.
Já quis ser Ginasta, Exploradora/Bióloga,
Arqueóloga (quando jogava Tomb Raider), Professora de História (antes de
descobrir que iria para o desemprego), Veterinária (até começar a ter aulas de Física-Química
e de todos se rirem, quando eu o disse em voz alta – “Ahahah! Tu não vais gostar disso! Tens que meter o braço no cu da
vaca!”) e Designer.
Quando chegou a altura de escolher
a área, no secundário, escolhi o caminho “mais fácil”, que acabou por se tornar
o caminho mais difícil, para atingir o mesmo fim – Artes Visuais.
Durante o período do 10º ao 12º
nunca pensei seriamente se seria isso que eu queria mesmo. Fui fazendo as
disciplinas; gostava das aulas e andava mais preocupadas com namoricos e coisas
fúteis de adolescente.
Chegou o ano de entrar na
Universidade. Escolhi Design de Comunicação na Universidade do Porto, mas só
consegui a segunda opção – Artes Plásticas. Se tivesse entrado na primeira
opção, se calhar tudo teria sido diferente, ou então não. A verdade é que foi
um dos meus piores anos. Não me sentia enquadrada, não gostava da cidade
(também porque não estava enquadrada) e principalmente, não conseguia sentir-me
bem a desenhar, a esculpir coisas com latas de coca-cola, quando saía da
faculdade e via montes de pedintes e miséria (sim, porque o Porto tem muito
disso). Não sou nenhuma padroeira dos pobrezinhos, mas comecei a questionar-me
se de facto ser Artista Plástico era para mim, se seria a melhor forma de
deixar “uma marca” naquele Mundo Novo, que encontramos quando vamos viver fora
de casa pela primeira vez.
Dei um passo atrás e comecei
finalmente a pensar no que queria realmente. A minha mente voltou automaticamente
à escolha que tinha feito mal - “Ciências ou Artes” – conseguia ver-me em
Veterinária, e conseguia ver-me feliz e concretizada. Hoje sei que era uma
visão um pouco deturpada e irrealista da realidade que Veterinária realmente
significa. Ainda assim, é uma realidade que hoje me satisfaz muito mais do que
quando estava na área errada para mim. Aqui sinto que posso usar as minhas
capacidades para mudar alguma coisa, no momento imediato.
Foi uma longa caminhada. Fiz os
exames nacionais necessários para Medicina Veterinária,
com um ano de estudo
como aluna externa. Entrei na segunda opção Eng.Zootécnica. O ano em que estive
neste curso foi dos que mais me ensinou. Serviu para treinar nesta área nova
que eram as Ciências, e compreendi que conseguia fazer qualquer coisa, apesar
da minha “desvantagem inicial”.
Nunca mais desenhei “à séria”. As
minhas capacidades artísticas estão paradas no tempo, mas estão cá. Um dia,
depois da reforma, gostava de acabar o que comecei há uns anos atrás. Acho que
nessa altura vou ter mais para oferecer enquanto artista, do que agora. Até lá
vou-me expressando de outras formas.
NEXT TIME – “10 coisas que tens
de saber, antes de escolheres Veterinária”
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