Os que seguem o Blog devem ter reparado que esta foi a segunda feira de velharias em que participei. Achei por bem desenvolver mais um bocado a razão que me levou a participar neste tipo de eventos.
Ontem estava bastante empolgada com a ideia de uma nova Feira. A da Póvoa de Varzim tinha corrido esplendidamente bem, não apenas porque vendi muitas coisas, mas também porque o ambiente era agradável. Era uma Feira pequena e com vendedores simpáticos. Tive a infelicidade de ficar sem avós, coisa que acaba eventualmente por acontecer a todos nós, e a casa deles tornou-se num armazém de recordações a apodrecer gradualmente. Os meus tios levaram tudo aquilo que lhes interessou; eu e o meu pai levamos aquilo que nos interessou, mas mesmo assim um sem número de inutilidades lá ficou. Tudo isto iria para o lixo, por isso, e sob autorização dos meus tios e do meu pai, eu e o meu irmão, decidimos experimentar as feiras de velharias.
Estas duas foram um sucesso em termos de vendas. Os meus compradores eram na sua maioria também eles vendedores. No entanto, ao contrário do que aconteceu na Póvoa, estes eram bem mais ávidos pelas pechinchas. Ainda eu não tinha montado a banca e já tinha para aí 10 compradores a remexer-me a mercadoria nos caixotes. Inexperiente como sou, acabei por cair no erro de ainda baixar mais os preços daquelas coisas, que durante tanto tempo tinham sido dos meus avós. Por entre vozes a perguntar os preços distingui uma conversa que me deixou bastante ofendida:
“- Isto deve ser roubado! – dizia uma senhora.
- Pois! É impossível vender tão barato. – dizia a outra.”
Escusado será dizer que não estava para me chatear e acabei por engolir o “sapo”. Mais tarde, em casa pensei que aquela gente é que devia roubar para se quer pensar nessa hipótese!
Como se não bastasse esta cena, enquanto eu e o meu irmão estávamos atarefados a atender clientes e a montar a banca simultaneamente, uma das senhoras pediu-me para comprar um objecto que marcava o preço de 1€, quando eu me lembrava perfeitamente que tinha marcado 4€! Eu olhei para o objecto e olhei para a mulher e perguntei: “Era este preço que marcava?” e a senhora com ar culpado e hesitação na voz: “Era…”. Senti-me tão enervada e atrapalhada ao mesmo tempo que lá vendi aquilo a 1€. Se fosse hoje, teria sido diferente, mas foi uma daquelas coisas que uma pessoa na altura fica tão chocada que nem sabe se há de acusar a pessoa ou calar-se ou sei lá!
Uma coisa é certa: não vou mais à Feira de Velharias de Barcelos! (NÃO ESTOU ASSIM TÃO DESESPERADA POR DINHEIRO PARA TORNAR UM HOBBIE NUM SUPLÍCIO)