Num dos raros momentos em que ligo o PC, o impulso já não é o mesmo. Já não primo imediatamente o botão do Facebook, como se na verdade essa fosse a minha página inicial principal. Quando acordo de manhã, já não pego no telemóvel para ver o Facebook, o Instagram, o Gmail e novamente o mesmo loop.
Fazer delete no Facebook era algo que ambicionava há muitos meses (ou anos!?), mas sucessivamente ia inventando desculpas, que achava plausíveis: a página do Baú dos Livros; a página do negócio dos meus pais; o grupo dos veterinários; os meus amigos e familiares...mas a verdade é que eram apenas desculpas para justificar um vício.
O Facebook esteve na minha vida desde 2010. Estive lá, quando toda a gente estava obcecada com o "FarmVille", depois vieram as selfies, as conversas com os amigos nos comentários das fotos de perfil, as sucessivas modas e reviravoltas, a obcessão pelos "gosto" e pelas partilhas...Foi divertido durante uns tempos. A nível social era uma ferramenta interessante; era possível, por exemplo, descobrir traições e cusquices meramente pela observação do padrão de ação das pessoas nas redes sociais (e ainda é...). No entanto, para mim o tempo do Facebook acabou.
O WhatsUp veio permitir a interação com amigos e familiares à distância e com uma maior privacidade. Além disso, neste momento o ambiente no Facebook está tão tóxico e insustentável, que sempre que lá ia ficava a sentir-me zangada ou incomodada com a idiotice de muita gente. Entretanto, parece que passados 10 anos, o pessoal das gerações mais velhas descobriu a plataforma e comportou-se como se pudesse dizer e fazer aquilo que nunca pôde na vida real - publicar imagens completamente impróprias (será que sabem que aquilo está público?), ser mal educados e partilham pormenores que ninguém quer saber, ser intolerantes e donos de todo o saber. Esse tipo de comportamento minou completamente o Facebook e já não é característico só dessas gerações. Está disseminado um pouco por todo o lado.
Em adição ao que eu acho sobre a plataforma, vi há umas semanas o documentário/drama chamado " O Dilema das Redes Sociais". Recomendo que vejam. Foi sem dúvida um empurrão para a decisão de diminuir a minha presença online:
Neste momento ainda não consegui deixar o ciclo vicioso de pegar no telemóvel de manhã e alternar entre os sites dos jornais, o Gmail e a plataforma de Podcasts, mas estou a tentar. Para já, consegui a pequena vitória de passar menos tempo no telemóvel. Ganhei tempo para fazer coisas que realmente são produtivas, como ler mais, aprender mais com os Podcasts que ouço, estar mais com as pessoas e deixar o que não é importante e os dramas dos outros de fora.
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