segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Estágios curriculares. São mesmo importantes?

Até que ponto é que os estágios curriculares foram importantes para a minha formação, e para o que estou a fazer agora, é algo com que já me questionei, em mais do que uma ocasião. Acredito que a resposta seja diferente, dependendo da área profissional em que o estágio está inserido. No caso da veterinária, sou da opinião que estagiar em mais do que um local, e por um período médio/longo, é importante, mas pode não ser essencial.

Cada pessoa tem o seu ritmo de aprendizagem e o seu percurso profissional. Quando comecei o primeiro mês de estágio curricular (há pouco mais de um ano atrás), estava convencida que iria trabalhar na área dos grandes animais. No final desse primeiro mês, já tinha percebido que iria ser muito infeliz nessa área. Na universidade, a temática era super interessante e fácil, mas na prática era uma grande complicação, que acabava por se tornar mais frustrante, do que desafiante. Gramei com mais dois meses de estágio em bovinos de leite e acabei por prolongar o meu estágio curricular na área dos pequenos animais. Foi assim que percebi que era naquela área que queria realmente exercer. Ao todo, estagiei cerca de um ano, em cinco lugares diferentes e defendi uma dissertação de mestrado sobre um tema que detestei e que duvido que alguma vez tenha grande utilidade no meu percurso profissional (mas...nunca se sabe...). 

Todos estes estágios foram financiados pelos meus pais, enquanto a universidade continuava a exigir o pagamento de propina, ainda que num valor "parcial", mas sem nunca oferecer qualquer tipo e apoio, ou inquirir sobre como estavam a correr as coisas no "mundo real".

Em oposição ao meu longo período de estágio, tenho colegas que realizaram apenas 3 meses, num só lugar e que saíram de seguida para o mundo do trabalho. No fundo, acredito que os primeiros tempos tenham sido também uma espécie de estágio. Mesmo agora, depois do meu ano a estagiar, não sei nem 1/5 daquilo que uma pessoa muito mais experiente sabe, mas acredito que gostar do que se faz e querer sempre aprender mais é a chave para o sucesso.

Mais do que ter aprendido a aplicar muitos dos princípios teóricos adquiridos na universidade, e a identificar problemas e diagnósticos diferenciais, aprendi a adaptar-me a diferentes métodos de trabalho. Graças a isso sinto que posso aproveitar o que de melhor cada local tem a oferecer. Não contactei com métodos de diagnóstico xpto, e não os tenho à minha disposição, mas por outro lado assisti a inúmeras (mesmo muitas) consultas e percebi o que me ia esperar, quando começasse a exercer; quais as dúvidas dos donos, as suas frustrações e preocupações. Aprendi que no consultório não importa só o animal, mas também (e se calhar mais) o dono. Descobri o nosso papel super importante como educadores e a forma como ao ensinarmos um pouco mais ao dono, estamos a prevenir problemas sérios para o animal e a contribuir para a mudança de mentalidades.

Apesar de haver dias em que a minha cabeça está em papa de tanto falar e de tantas histórias ouvir sobre os meus pacientes, saber que aquela consulta anual, pode fazer a diferença motiva-me a estudar mais e a investir mais do meu tempo pessoal no trabalho. 

Com todas estas experiências diferentes, continuo sem ter ainda definido um percurso profissional (alguém tem?). Não ambiciono ter a minha própria clínica, ou ser especialista em alguma matéria. Na realidade não faço a mínima ideia do que quero estar a fazer daqui a 2 anos, quanto mais daqui a 5... Sei apenas o que não quero estar a fazer. Espero que, com o passar do tempo, a vida me ajude a decidir. Para já, quero apenas manter-me curiosa e encontrar um equilíbrio saudável entre o que faço no meu trabalho e a minha vida pessoal. 

Se os estágios são importantes para todas as profissões? Na minha foram, mas na vossa não sei. O que é importante é que não limitem as vossas opções, com base no estágio que fizeram. Ele não vos define, apenas deve enriquecer. 

1 comentário:

Ângela disse...

Eu acho que os estágios são sempre aprendizagem. No meu curso de educação de infância estagiei apenas uma semana em creche (o resto foi sempre em jardins de infância) e sinto uma lacuna enorme a esse nível. O que é uma semana? Praticamente nada. E os primeiros anos de trabalho senti-me sempre em estágio. Acho que é inevitável com a ausência de prática.