domingo, 2 de março de 2014

Vamos "spikar" de Línguas

Em tempos tive um namorado com quem falava muito em inglês. Éramos os dois portugueses, mas por alguma razão metíamos o inglês no meio das nossas conversas. Talvez fosse porque víamos muita coisa em inglês na televisão, ou talvez porque achávamos que éramos melhores que os outros a falar o nosso "fabulous english". 

De qualquer das formas, não me apercebia que o fazia assim tanto, até deixar de ter conversas com ele. Essa mania passou-me, mas ainda agora, dou por mim a praguejar em inglês, ou a dizer expressões do género "WTF, ou "OMFG", mas no fundo, acho que o faço para evitar libertar a minha fúria com aquilo que realmente quero gritar - um belo de um P**a que P***u, ou um C*****o. 

Dei por mim a pensar nisto, depois de ter visto o palestra de uma mulher árabe, que defendia a importância da preservação da nossa língua materna. Segundo esta senhora, é essencial sermos bons na nossa própria língua antes de partirmos para a escrita, ou mesmo fala, de outros idiomas, sob o risco de perdermos a nossa individualidade. Não foi um discurso radicalista, mas antes realista. A verdade é que a nosso língua materna é aquela que ocupa o nosso pensamento, se não a dominarmos, como vamos fazê-lo noutras línguas, sem perdermos a nossa identidade?


Mexe comigo quem, por opção, escolhe escrever numa língua que não a sua, antes de dominar a própria língua; é quase como se estivesse a renegá-la, por não ser boa o suficiente, por ser algo de que se tem vergonha. 

Claro que existem razões válidas para se escrever em inglês, como chegar a um maior público, mas acredito que é sempre possível conciliar as duas, quer estejamos a falar de um leitor, ou de um escritor. 


1 comentário:

Isabel Maia disse...

Também tenho essa mania de meter inglês no meio de conversas em português com um grande amigo meu. No caso em concreto, temos uma espécie de padrão. Vai de inglês sempre que o assunto é sério. Porquê? Nunca percebi e ele também não.

Boas leituras :)