"Leitores como Nós"
é a nova publicação semanal do Baú dos Livros. O objectivo é dar a
conhecer diferentes visões do mundo da literatura, dadas na primeira
pessoa, pelas pessoas que vamos seleccionando. Só temos um critério de admissão: gostar de ler!
Esta semana, o Baú dos Livros foi saber o que pensa Tomás Magalhães sobre o mundo dos livros:
Esta semana, o Baú dos Livros foi saber o que pensa Tomás Magalhães sobre o mundo dos livros:
Desde muito cedo, um
entusiasta das causas animais, Tomás Magalhães é hoje estudante do 4º
ano de Medicina Veterinária na UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro).
É um grande fã de cinema e de séries, mas não dispensa a companhia de
um bom livro! Estar rodeado da família e dos amigos é algo a que dá grande
importância, pelo que procura construir relações fortes e duradouras.
Viajar é outra das suas paixões, ansiando sempre pela próxima viagem.
Um jantar de amigos ou uma sessão de cinema estão entre os seus
programas favoritos.
BL: Lembras-te do teu primeiro livro sem
imagens? Qual foi?
TM: Não me consigo lembrar qual foi o meu primeiro livro sem
imagens, porque durante muito tempo, numa primeira fase da minha vida, gostava
de ler banda desenhada, começando pelas famosas revistas da Disney.
Depois, com o tempo, fui introduzido aos tais “livros sem
imagens” por intermédio da escola e desde aí fiquei rendido à “experiência de
ler”.
BL: Qual o livro que mais te marcou e porquê? É
o teu livro favorito? Se não for, então qual é?
TM: São duas questões difíceis de responder…Vários livros me
marcaram de diferentes maneiras através das suas histórias e respectivas
mensagens subjacentes, pelo que não consigo nomear aquele que mais me marcou.
Mas se tivesse que escolher um dentre esses que me tocou de maneira mais
especial escolheria o livro “Uma amiga como Shiva”, que relata a história de
uma cadela que se tornou uma verdadeira amiga e um pilar forte na vida de um
rapaz de seis anos enquanto este atravessava uma fase de vida muito complicada,
a luta contra um cancro.
Relativamente ao livro favorito, este é “A Rapariga quesonhava com uma lata de gasolina e um fósforo”, o 2º livro da trilogia
“Millennium”. O primeiro livro desta saga já me tinha despertado muito
interesse, principalmente de metade para o fim em que me deixou literalmente
“agarrado”, mas o segundo foi aquele que mereceu a minha maior adoração. A
trama é muito intensa e desenrola-se de uma forma cativante forte (e por vezes
mesmo cruel e fria), despertando no leitor várias sensações e opiniões. A
personagem principal é uma pessoa muito completa, repleta de conflitos
interiores, de uma inteligência que sobressai em cada acção que realiza e de
uma perspicácia e ironia que eu aprecio. Além disso possui inúmeros defeitos e
partes menos boas, pois como todos nós, é imperfeita, o que permite ao
leitor rir, sofre, torcer e acreditar junto dela ao longo das várias páginas
que constituem esta obra de Stieg Larsson. É um livro que aconselho a qualquer
pessoa que gosta de ler!!!
BL: Que géneros preferes?
TM: Gosto um pouco de tudo, mas tenho uma “queda” para o suspense / thriller. Adoro um bom policial, não fosse a minha escritora
preferida a Agatha Christie, a “rainha do crime”.
BL:Tens algum hábito de leitura estranho?
TM:Penso que não tenho nenhum hábito de leitura
estranho...apenas pego num livro e rapidamente me “embrenho” na sua
história...e que bom que é!!!
BL: Qual a melhor adaptação cinematográfica de
um livro que já viste?
TM:A adaptação cinematográfica que mais gostei foi, sem
dúvida, aquela que foi feita dos livros da saga “Os Jogos de Fome”. Os filmes,
tal como os livros, estão repletos de acção, de carga emotiva e de tamanha
força que não deixam nenhum espectador/ leitor indiferente. Senti-me suspenso a
cada virar de página e encontrei nos filmes uma sensação muito semelhante, como
se conhecesse aquelas personagens diante de mim e como se de algum modo fizesse
parte do que estava acontecer.
Um outro livro que penso ter sido muito bem adaptado à 7ª
arte é “A Vida de Pi”, com efeitos visuais incríveis e muito fiel ao enredo que
lhe está na base.
BL: Se pudesses escolher uma personagem a encarnar
qual escolhias e porquê?
TM: Identifico-me quase sempre com algum traço de
personalidade numa ou mais personagens dos livros que leio. Apesar disso não
gostaria de encarnar nenhuma, até porque não me estou a imaginar numa arena
como tributo a lutar pela minha sobrevivência, nem envolto numa investigação
criminal!!!!
Cada um tem a sua história, e nós fora dos livros também
temos a nossa! A “vida real” já é um verdadeiro livro que abarca todos os
géneros literários!
BL: Qual é aquele escritor que não suportas?
Quais as razões?
TM: Sem dúvida alguma, José Saramago. Não me identifico
minimamente com a sua visão do mundo, nem com a sua forma de escrita.
Infelizmente foi me imposto ler uma obra dele no 12º ano, mas terá sido o único
e último livro que lerei deste autor. A maneira como descreve as situações e as
convicções que coloca nas suas frases vão contra aquilo que aprecio e que
procuro num livro. Sem querer ofender aqueles que gostam do seu estilo de escrita
(os quais respeito), acho que este escritor jamais deveria fazer parte do leque
de autores com obras de leitura obrigatória no ensino, porque definitivamente
não escreve em “bom português”. apesar de ter sido galardoado com o Prémio
Nobel da Literatura (algo que também não consigo compreender).
BL: Qual o pior livro que já leste?
TM: Essa é outra questão para a qual não consigo encontrar resposta.
Já li vários livros que não me agradaram tanto e outros que acabei por desistir
por não encontrar neles nada com que me identificasse. Contudo, acho importante
ler de tudo um pouco para definirmos as nossas preferências e enriquecermos a
nossa opinião. Nem sempre podemos gostar dos livros que lemos e nem isso seria
bom, porque assim podemos dar valor àqueles que de facto são especiais e que
nos marcam.
BL: O que achas que poderia fazer as pessoas
lerem mais?
TM: Já existem muitos estímulos à leitura e iniciativas nesse
sentido, por isso cabe às pessoas sentirem essa vontade para ler. Neste momento
vivemos numa sociedade em que as pessoas optam por ocupar o pouco tempo livre
que têm em programas mais fáceis ou que não exigem tanto do intelecto. Isto
acontece, porque o emprego e as preocupações quotidianas já absorvem a maior
parte da nossa atenção e paciência. É claramente mais fácil ligar a televisão e
ver um filme ou uma série aconchegados no sofá (eu próprio muitas vezes opto
mais por este cenário), mas acredito que ler “cultiva-nos” a mente e traz inúmeros
benefícios psíquicos!!!
De qualquer forma, se pretendesse estimular alguém a
adquirir hábitos de leitura ou a ler mais, optaria por conduzir conversas pautadas
pelo meu interesse e entusiasmo por ler e que permitissem transmitir a ideia de
poder que os livros têm em nos despertar tantas sensações.
E esta foi a nossa segunda entrevista! O Baú agradece ao Tomás e convida aqueles que gostariam de participar, a contactarem-nos via email, ou página Facebook!
10 comentários:
Gostei muito!! (especialmente da descrição inicial..muito fiel!)
É desta que leio a saga Millennium! E..gostei também da introdução de 2 novas questões interessantes ;)
Ó Tomás quem é Stieg Larsson? alentejano? beirão? ó Tomás é apenas um best-sellers...e não tem nada que se identifique com Portugal; e sabes o que é um best-sellers? é um produto do mercado que ensaboou a tua cabecinha e feito para ensaboar cabecinhas tontas!
Não compreendes porque é que o Saramago foi Prémio Nobel? como é que poderias compreender se me falas do Stieg Larsson como se fosse um escritor...
Saramago é somente o melhor escritor português depois de Camões. MEMORIAL DO CONVENTO é o mais belo livro, e a mais bela história de amor da língua portuguesa...mas certamente é muito para a tua cabecinha...pode ser que daqui a vinte anos a tua cabecinha evolua, o que será natural, pois és muito novinho e pode ser que evoluas...a ver vamos...
Seve, ninguém é obrigado a ter os mesmos gostos literários. Eu gosto de Saramago, mas também gosto de ler um bom best-seller. O objectivo da entrevista semanal é dar a conhecer o que quem lê (porque não há muita gente que leia) gosta e não gosta e há que saber respeitar as opiniões.
Seve, evoluir precisas TU (parece que agora andámos todos juntos na escola).É que tentar a força toda incutir uma opinião tua, que nao vale nada mais do que qualquer outra, já só os atrasadinhos fazem (ou tentam fazer)...E uma coisa é não gostar e ter até várias justificações, outra é adorar porque talvez gostassem que o Saramago lhes fizesse um filho, e tentar atacar os que nao pensam assim por um blog(wooow).
PS: Quem é o Stieg Larsson? É só um best-seller (deves espezinhar desses às dúzias por dia) e o gajo que come a tua mãe.
Peace and love my nigga
Caro Seve,
Notícia de última hora: Stieg Larsson não é alentejano, nem beirão...é um autor sueco!!!!
Um autor que escreveu 3 livros dos quais eu gostei bastante, tendo sido, um deles, o meu livro favorito. Penso que me é permitido gostar...cada um tem a sua opinião e o direito de a exprimir!
Nem vale a pena comentar o tom da sua mensagem, nem o seu pensamento quadrado, por isso resta-me deixá-lo com uma frase:
"Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro"
Sabe quem escreveu esta frase???
José Saramago!!!
Tenham calma meus amigos...só vos quero ensinar o caminho...
Esta tarde (que belo sol) estava numa esplanada e ao meu lado, 4 putos (sem tirarem os olhos dos telemóveis incrível-autênticos atrasados mentais, autênticos tele dependentes...) e então a conversata deles era assim: eh pá tás a ver a cena, é bue de cenas, tás a ver etc e tal tás a ver as cenas são bués...será que com estes bués teremos futuro...
Daí a minha intenção de vos ensinar o caminho a ver se aprendem qualquer coisa, porque bué bué só telemóveis e facebooks, tás a ver a cena ó meu...
É preciso ler Saramago, é preciso ler mais do que bestas célebres...
Sim, mas não é com esse tipo de argumentos extremistas que se consegue convencer as pessoas. Acaba por soar a mente fechada; tão fechada como esses "cenas e meus bués", só que com palavras mais "chiqs".
É preciso agitar as mentes, minha querida Alu...
Reparem meus amigos que eu digo agitar (não ofender), há que ter estofo.
As mentes os nascem agitadas, ou nunca o serão. É a triste realidade de Portugal...e a verdade é que não me sinto obrigada a forçar alguém a agitar-se, se isso significar que não serão felizes. Se para mim felicidade é um bom livro (de entretenimento ou mais), se calhar para as outras pessoas passa por navegar no Facebook e comolar "gosto" nas fotos dos amigos...não os considero menos por isso, mas também não me considero mais. Tem ambições diferentes das minhas.
Gostei (sinceramente)!
Mas às vezes os abanões são absolutamente necessários e fundamentais, acredita.
Enviar um comentário