Ontem na minha universidade (UTAD) foi dado um pequeno grande passo na luta contra as actividades de Tauromaquia: a garraiada académica foi eliminada do cartaz da Queima das Fitas.
Para quem não sabe a garraiada não é o mesmo que tourada; a garraiada consiste em usar o "garraio" (um touro jovem) num cercado, onde podem entrar pessoas para o desafiar numa luta igual e justa.
Isto é o que dizem os pró-tauromaquia. A realidade das garraiadas é outra: a garraiada não é uma luta igual e justa. A começar pela palavra: cercado; seguida da palavra: álcool; seguida das palavras: conjunto de pessoas = O animal está num cercado, onde podem entrar e sair várias pessoas, muitas delas sob o efeito do álcool. Porquê que elas são tão apreciadas? Porque são as únicas vezes do ano em que algumas pessoas, se podem exibir; são uma futilidade que sobrevive à custa do bem-estar de outro ser vivo.
Mas não é só pelo factor social que as garraiadas continuam a existir. Elas existem, porque contribuem para um monopólio comercial bastante alargado. Este monopólio tem a sua expressão máxima no sul de Portugal, onde existem famílias inteiras que se dedicam à criação da touros de raça Brava. Como tal, há que continuar a incentivar o gosto pela "tradição", porque se apedrejar mulheres também facturasse, então ainda se faria isso, pela "tradição", claro!
Mas como e quando é que estas "tradições" vão terminar?
Costuma-se dizer que para evitar zangas graves é melhor não se falar em religião, política ou futebol. O tema das touradas e garraiadas encaixa perfeitamente nestes temas que nunca irão reunir consenso, isto porque existe uma grande dificuldade em ambas as partes de se colocarem na pele uns dos outros: se um dia algum fulano começasse a dizer que o pão fazia mal à saúde e que todas as padarias deveriam deixar de existir, eu ficaria assustada, revoltada e preocupada, já que a minha família depende da venda de pão para sobreviver. Mas não seria puro egoísmo da minha parte achar que só isso era o suficiente para continuar a fazer mal às pessoas com o pão que eu lhes vendia? Sim.
A resposta para o fim das actividades de tauromaquia e para o fim do célebre argumento "estão a condenar a raça Brava ao seu fim, se não continuarem a "tradição" ", está em tornar a raça útil e valiosa por outros motivos, como por exemplo, pela qualidade da sua carne. Desta forma preserva-se a raça e sustentam-se as famílias. Acredito que, a longo prazo, este tipo de "tradição" se vá perdendo, não só porque cada vez existe mais gente sensibilizada e informada, mas também porque o próprio factor tempo é capaz de diluir muita coisa.
Numa discussão amigável, que tive em tempos sobre o tema, com alguém que tolerava a garraiada, mas não a tourada, apercebi-me de uma coisa sobre a qual nunca tinha reflectido: o ser humano não é perfeito. O ser humano tem ainda o seu lado animal, aquele que se delicia em subjugar os outros, ou as outras espécies; aquele que lado que acha piada às pessoas que são arrebatadas do chão pelos cornos de um touro. No entanto, cabe a cada um de nós definir onde termina o nosso lado animal e onde achamos que deve começar o nosso lado humano. É este último que nos permite expressar compaixão e amor pelo próximo.
Sinceramente gosto mais desse lado humano e tento, em todas as ocasiões, combater o meu lado animalesco. E vocês?
Isto é o que dizem os pró-tauromaquia. A realidade das garraiadas é outra: a garraiada não é uma luta igual e justa. A começar pela palavra: cercado; seguida da palavra: álcool; seguida das palavras: conjunto de pessoas = O animal está num cercado, onde podem entrar e sair várias pessoas, muitas delas sob o efeito do álcool. Porquê que elas são tão apreciadas? Porque são as únicas vezes do ano em que algumas pessoas, se podem exibir; são uma futilidade que sobrevive à custa do bem-estar de outro ser vivo.
Mas não é só pelo factor social que as garraiadas continuam a existir. Elas existem, porque contribuem para um monopólio comercial bastante alargado. Este monopólio tem a sua expressão máxima no sul de Portugal, onde existem famílias inteiras que se dedicam à criação da touros de raça Brava. Como tal, há que continuar a incentivar o gosto pela "tradição", porque se apedrejar mulheres também facturasse, então ainda se faria isso, pela "tradição", claro!
Mas como e quando é que estas "tradições" vão terminar?
Costuma-se dizer que para evitar zangas graves é melhor não se falar em religião, política ou futebol. O tema das touradas e garraiadas encaixa perfeitamente nestes temas que nunca irão reunir consenso, isto porque existe uma grande dificuldade em ambas as partes de se colocarem na pele uns dos outros: se um dia algum fulano começasse a dizer que o pão fazia mal à saúde e que todas as padarias deveriam deixar de existir, eu ficaria assustada, revoltada e preocupada, já que a minha família depende da venda de pão para sobreviver. Mas não seria puro egoísmo da minha parte achar que só isso era o suficiente para continuar a fazer mal às pessoas com o pão que eu lhes vendia? Sim.
A resposta para o fim das actividades de tauromaquia e para o fim do célebre argumento "estão a condenar a raça Brava ao seu fim, se não continuarem a "tradição" ", está em tornar a raça útil e valiosa por outros motivos, como por exemplo, pela qualidade da sua carne. Desta forma preserva-se a raça e sustentam-se as famílias. Acredito que, a longo prazo, este tipo de "tradição" se vá perdendo, não só porque cada vez existe mais gente sensibilizada e informada, mas também porque o próprio factor tempo é capaz de diluir muita coisa.
Numa discussão amigável, que tive em tempos sobre o tema, com alguém que tolerava a garraiada, mas não a tourada, apercebi-me de uma coisa sobre a qual nunca tinha reflectido: o ser humano não é perfeito. O ser humano tem ainda o seu lado animal, aquele que se delicia em subjugar os outros, ou as outras espécies; aquele que lado que acha piada às pessoas que são arrebatadas do chão pelos cornos de um touro. No entanto, cabe a cada um de nós definir onde termina o nosso lado animal e onde achamos que deve começar o nosso lado humano. É este último que nos permite expressar compaixão e amor pelo próximo.
Sinceramente gosto mais desse lado humano e tento, em todas as ocasiões, combater o meu lado animalesco. E vocês?