"Leitores como Nós" é a nova publicação semanal do Baú dos Livros. O objectivo é dar a conhecer diferentes visões do mundo da literatura, dadas na primeira pessoa, pelas pessoas que vamos seleccionando. Se também estiverem interessados em participar, podem contactar o Baú dos Livros via email, ou Facebook.
Só temos um critério de admissão: gostar de ler!
Nascida nos anos 80, Cátia Frade define-se em poucas palavras: é uma miúda (sempre uma miúda!) simples e verdadeira, em busca constante de novos objectivos. Gosta das coisas (e pessoas) genuínas, dos pequenos pormenores, de ideias diferentes. De viver intensamente, de viragens inesperadas, de boas notícias. Gosta do seu espaço, tanto quanto gosta de longas conversas e boas gargalhadas com os seus amigos. E gosta de poder ser ela. Por inteiro.
BL: Lembras-te do teu primeiro livro sem imagens? Qual foi?
C: Nunca fui adepta de banda desenhada, pelo que o primeiro livro de que me lembro sem imagens, um livro ‘a sério’, como gostava de pensar na altura, foi da colecção Uma Aventura. Não sei por qual comecei e não sei se cheguei a terminar todos os números, mas devorava-os em duas horas.
BL: Sempre tiveste hábitos de leitura, ou descobriste que gostavas de ler recentemente?
C: Ler sempre foi o melhor dos meus passatempos. Embrenhar-me numa estória, de tal forma que me esquecia da realidade, deixava-me sempre fascinada. Tanto que houve uma larga altura da minha vida em que sonhava poder vir a de ser escritora, ao contrário de todos os bailarinos, astronautas e veterinários (ironia da vida).
BL: Qual o livro que mais te marcou e porquê? É o teu livro favorito? Se não for, então qual é?
C: O Monge que Vendeu o seu Ferrari foi provavelmente o livro que mais me marcou nos últimos 5 anos. Há sempre uma leitura que marca uma mudança de vida e esta fez-me (mesmo) pensar de outra forma acerca do meu próprio controlo, de como posso ser mais positiva só por isso e em última instância, ser mais leve, e por isso mais feliz. Foi uma altura em que decidi passar a apostar nas coisas boas.
No entanto, o meu livro favorito é A Ilha da Mão Esquerda. Foi uma enorme surpresa porque é uma utopia e tenho alguma resistência ao fantástico. Mas de facto, trata de uma temática profunda em toda a sua complexidade, com um final fora do convencional e simplesmente perfeito.
BL: Que géneros preferes?
C: Gosto de romance, quando não é previsível e escrito numa linguagem demasiado básica; de thriller médico, embora haja pouca escolha no mercado; de suspense, daquele que nos deixa em taquicardia até ao final. De resto, dependendo da temática, do autor e de uma eventual recomendação de um amigo que me conhece, leio de qualquer género. Talvez o que menos me atrai seja o fantástico.
BL:Tens algum hábito de leitura estranho?
C: Só pego num livro de cada vez e não consigo deixar o capítulo a meio. Não são hábitos estranhos, são esquisitices!
BL: Qual foi o sitio mais esquisito onde já leste?
C: Se há um sítio esquisito para ler, é o comboio. Estão imensas histórias a acontecer no mesmo local, tantas pessoas, tantos outros livros, tanto drama e tanto entra-e-sai de cena.
BL: Se pudesses escolher uma personagem a encarnar qual escolhias e porquê?
C: Pergunta difícil. É claro que houve já imensas com as quais me identifico, mas, e não sendo a resposta mais original de sempre, gosto da minha personagem na vida real. Esta que me deixa livre para ir desenhando a minha própria história. E fazer de vez em quando criar uma viragem inesperada dos acontecimentos.
BL: Qual é aquele escritor que não suportas? Quais as razões?
C: Sem dúvida José Saramago. Sobretudo pelo modo de escrita. Não gosto, pronto! E talvez tenha escolhido mal o livro por onde começar, mas só consegui ler até meio e posso resumir num parágrafo. Para mim, é maçador e aborrecido.
BL: Chegam-te os dedos das mãos para contar quais dos teus amigos lêem?
C: Aqueles que amam ler, que se entusiasmam e que tentam fazê-lo regularmente, sim. Os que lêem de tempos a tempos, talvez sejam um pouco mais.
BL: O que achas que faria as pessoas lerem mais?
C: Pela minha experiência, ter amigos que lêem, entusiastas, faz com que as pessoas sejam mais curiosas e procurem sentir o mesmo. Normalmente acho que o preço que pago pelo livro é justo e empréstimos entre amigos e bibliotecas são alternativa a gastar dinheiro, pelo que julgo que o dinheiro não está relacionado.
BL: Para além de ler, o que fazes nos tempos livres e que não podes nunca abdicar?
C: Aquilo de que não posso abdicar, não considero que o faça em tempos ‘livres’. Nestes, gosto de ver séries, de escrever e de organizar listas e ideias. E de sonhar acordada.
Esta foi a primeira publicação "Leitores como Nós". O Baú dedica um especial agradecimento à Cátia Frade, por aceitar ser a cobaia! :)