Por: Leila Rosado,
13 anos
Era
uma vez um rapaz chamado Gustavo Miguel Silva Ente. Nasceu a 20 de Setembro de
1437 em Sagres, Algarve, Portugal. A sua mãe era doméstica e o seu pai era
pescador. A sua infância era composta por aventuras, sonhos e mistérios. Uma vez
foi pescar com o pai para ver a sua maior paixão: o mar! O pai estava a pescar
com ele, quando no horizonte surgiu um grande navio, cheio de gente a gritar de
felicidade. Então Gustavo perguntou ao pai:
- Pai, que navio tão grande!
E está cheio de pessoas felizes. Porque é que elas estão tão felizes?
- Devem trazer riquezas
vindas de longe. Sabes, aqueles senhores são navegadores, homens que vão a
serviço do rei descobrir novas terras e novos produtos.
- Uau! Quem me dera ser um
navegador! Eu adoro o mar!
- Sim filho, isso também eu
gostava, mas nós vivemos em Sagres, a ponta do Algarve. Se queres ser navegador
tens de fazer vários cursos e estudos e ir até Lisboa onde o rei te tornará
oficialmente navegador. Mas por enquanto sonha só em ser pescador, já é uma boa
forma de estares perto do mar…
Gustavo adorava ver o pai a pescar e adorava as palavras
“peixe”, “mar”, “ondas” e “aventuras”. Mas devia ser incrível ser um navegador…
Com dez anos entrou para a
escola. As suas disciplinas preferidas, como é óbvio, eram Geografia e
História. Sempre que lhe perguntavam qual a sua profissão futura respondia:
“navegador, navegador de sonhos” para viver em harmonia com o mar.
Quando fez dezoito anos e acabou a escola, onde tinha
tirado um curso de navegação, perguntou ao pai:
- Pai, posso ir tornar-me
navegador à capital deste nosso país? É o meu maior sonho e tu sabes disso.
- Meu filho, já és adulto! E
como tal, deixo-te ir a Lisboa. Se te tornares navegador, lembra-te de ter
cuidado, e boa sorte!
Despediu-se dos pais e foi a caminho da capital, no seu
cavalo branco chamado Apolo. Tinha-lhe sido oferecido pelo pai quando fez 14
anos. Ia a sair de Sagres quando viu um homem vestido de negro, com um grande e
comprido chapéu, usando bigode e com uns olhos brilhantes como estrelas.
Gustavo perguntou-lhe:
- Vai para Sagres? Quer
dizer… só pode ir, é a única terra que há para aquele lado.
- Sim jovem, por acaso vou.
Vim agora de Lisboa, de uma viagem de
navegação.
- Eu dou-lhe boleia até
Sagres. Já agora, como se chama?
- Henrique. Infante D.
Henrique.
- Já ouvi falar de si, é um
grande navegador!
E lá foram os dois a conversar sobre as aventuras de
Henrique. Contou-lhe que foi a África e que gostava de ir à Índia. Gustavo
disse-lhe que se ia tornar navegador e que iria até à Índia realizar o sonho de
Henrique, ao que este respondeu
- Obrigado, eu já estou um
pouco velho. Já não tenho condições para navegar. Mas deixo-te o meu projecto
de navegação para a Índia.
Gustavo aceitou o projecto, deixou Henrique na Fortaleza
de Sagres (construída há pouco tempo) e seguiu para Lisboa.
Era maravilhoso! Gustavo estava na capital do comércio,
junto de grandes navegadores, a estudar para ser navegador e viver junto do seu
maior tesouro: o mar! Ficou por lá a estudar um ano. Quando finalmente terminou
o curso, apresentou-se no palácio real para ser oficialmente declarado
navegador. Na varanda do palácio, o rei exclamou para uma extensa multidão:
- Súbditos, navegadores,
amigos. Estamos aqui reunidos para declarar este homem como navegador. Fará
muitas viagens no mar e viverá muitas aventuras por este mundo fora. Agora,
incline-se por favor…
Gustavo obedeceu e o rei, num acto solene, disse:
- Eu, Tiago, rei de
Portugal, declaro-te a ti, Gustavo Ente, navegador e descobridor português.
E dito isto, pousou o ceptro real em Gustavo. De seguida
houve um enorme aplauso por parte da multidão. Gustavo estava muito contente.
Ia ficar instalado no palácio real até ao dia seguinte. Nessa mesma noite ele e
o rei conversaram de vários temas, e um dos assuntos foi que o rei iria enviar
uma carta real aos pais de Gustavo para lhes dizer que o filho já era
oficialmente navegador real, e que iria navegar muito por esse mar fora, e que
sempre que os pais quisessem podiam enviar-lhe cartas.
Depois de um
grande jantar com o rei , a rainha e alguns nobres, Gustavo foi dormir e teve
um sonho: sonhou que chegava à Índia, usando o projecto de navegação do Infante
D. Henrique. Por lá encontraria imensas riquezas como ouro, prata, perfumes,
sedas e porcelanas, e imensos comerciantes e mulheres indianas lindas. Faria
imensos negócios e voltaria a Portugal, onde ficaria famoso. Foi um sonho muito
feliz…
No dia seguinte dirigiu-se para o porto de Lisboa onde
iria fazer a sua primeira viagem. Mas não iria sozinho; consigo iam dois
navegadores que também tinham sido declarados navegadores reais há pouco tempo.
Gustavo olhou para eles sorrindo e entrou no barco. Uma multidão de gente
estava no porto para os ver partir. A maior parte eram mulheres desgostosas por
verem os maridos marinheiros ou navegadores partirem para mais uma longa
viagem. Gustavo era solteiro, mas acreditava que o amor um dia lhe iria bater à
porta e que um dia também teria a sua esposa para se despedir dele no porto de
embarque.
Gustavo sabia que a viagem iria ser longa, por isso foi
ter com os seus novos colegas que estavam no convés. Um deles estava a dormir
numa cama e o outro a ler um livro. Gustavo sentou-se e começou por falar com o
que estava a ler:
- Olá, chamo-me Gustavo. E
tu?
- Olá, chamo-me Artur Jesus
e aquele que ali está a dormir é o Sérgio Antunes.
- Já o conhecias?
- Sim, nós dois somos de
Lisboa. Andamos na escola juntos e em pequenos já brincávamos aos “piratas” e
aos “barquinhos”.
- Vai ser um prazer
conhecer-vos melhor e navegar convosco!
Nisto Sérgio Acordou e apresentou-se a Gustavo. Falaram
os três sobre vários assuntos e quando deram por isso já era noite. Antes de ir
dormir, Gustavo falou com o homem do leme sobre a viagem e mostrou-lhe o
projecto de navegação para chegar à Índia.
Até chegarem a Arguim passarakm-se dois anos. Gustavo já
conhecia Artur e Sérgio como a palma das suas próprias mãos. Já tinha escrito e
recebido várias cartas dos pais. Em cada local que aportavam, Gustavo enviava
para casa um produto típico dessa região, descrevendo esse mesmo produto.
Passaram-se mais três anos. Agora estamos em 1460 e
chegamos à Serra Leoa. Gustavo manda aos pais algum ouro e marfim. Passados
alguns dias recebe notícias dos pais com uma novidade triste: o Infante D. Henrique
tinha morrido. Gustavo fica triste com o que lê na carta e conta aos colegas e
tripulantes o que se passou, tendo também eles ficado tristes.
Passaram-se sete anos desde a morte do Infante D.
Henrique. Estamos em 1467. Já se vê terra ao longe, mas ainda faltam algumas
semanas para chegar ao destino. Estamos a 19 de Setembro e Gustavo diz aos
amigos:
- Amanhã faço 30 anos!
No dia seguinte celebram o aniversário de Gustavo. Ele
fica muito feliz porque acha que esta é a melhor maneira de celebrar: junto ao
mar que tanto adora! Um mês depois chegam à Índia e o seu diário de bordo está
repleto de histórias e aventuras da sua longa viagem marítima.
A Índia é tão diferente de Portugal! As pessoas são um
pouco mais escuras, mas têm uns olhos lindos. Mal a embarcação chega ao porto
de Goa, os três navegadores foram recebidos por vários comerciantes e
bailarinas indianas. E como elas eram bonitas! E os homens indianos eram tão
simpáticos.
Como chegaram pela manhã os navegadores foram procurar
dormida numa estalagem, onde pudessem ficar vários dias. Durante o dia faziam
muitos negócios e trocavam vários produtos: entregavam ouro e recebiam
especiarias; entregavam prata e recebiam sedas; entregavam cobre e recebiam
porcelanas. Tudo era igual ao sonho que Gustavo tivera. E algo de bom
aconteceu…
Depois de um dia estafante os navegadores foram para a
estalagem descansar. Quando iam a caminho viram uma rapariga que estava a
arrumar a sua banca de fruta. De repente deixou cair duas maçãs no chão e
Gustavo, como cavalheiro que era, apanhou as maçãs e entregou-as à rapariga.
Quando olhou para ela ficou fascinado, nunca na vida tinha visto uma mulher tão
bonita: pele macia e aveludada, olhos verde-água cristalinos, boca pequena e
carnuda e mãos bonitas. Gustavo, pasmado, disse:
- Você é muito bonita! Como
se chama?
- Obrigado pelo elogio e por
ter apanhado as minhas maçãs. Chamo-me Dária.
- Eu sou o Gustavo,
navegador real. Vejo que sabe falar português…
- Sim, nós, os indianos,
sabemos falar várias línguas por causa do comércio.
- Muito bem. Se precisar de
alguma coisa estou nesta estalagem.
No dia seguinte foram tratar de uma aliança entre Goa e
Lisboa para facilitar os negócios, mas Gustavo não conseguia deixar de pensar
em Dária. Conseguiram a aliança esperada e sabiam que o rei ia ficar contente!
Nessa
noite Gustavo ganhou coragem, procurou Dária e disse-lhe que estava apaixonado
por ela. Estava quase na hora de regressar a Portugal e Gustavo pediu aos pais
de Dária autorização para namorar com ela e para levá-la com ele na viagem de
regresso. Os pais pensaram durante alguns dias, mas acabaram por dar
autorização, embora tivessem pena de a sua filha ir para tão longe da Índia.
Regressaram
então a Portugal, com uma longa viagem pela frente. Ao chegarem, Dária ficou em
casa dos pais de Gustavo, enquanto ele foi até Lisboa com os colegas
navegadores dar as boas noticias ao rei e falar-lhe dos bons acordos comerciais
que tinham conseguido. O rei ficou muito feliz com as novidades e muito
orgulhoso dos seus navegadores. Mas mais feliz estava Gustavo, pois na Índia
tinha descoberto o amor.
E assim acaba a história deste “navegador de sonhos”, que
graças ao seu maior amigo – o mar – encontrou novos amigos e colegas
navegadores, uma esposa linda e dedicada, que lhe deu vários filhos, que no
futuro deverão ser navegadores, tal como o pai.
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