Nas últimas semanas "13 Reasons Why" (13 Razões Porquê), a série baseada no livro homónimo do escritor Jay Asher, tem vindo a dar que falar. Esta série televisiva, a cargo da Netflix, conta a história de Hannah Baker, uma adolescente que comete suicídio e deixa um conjunto de 13 cassetes, onde fala de 13 pessoas diferentes que contribuíram para a sua morte.
O protagonista da série é Clay Jensen, a cassete número 11. É através da experiência dele que ficamos a conhecer toda a história. Percebemos o que ele sente e a forma como interpreta cada episódio. Começamos a descortinar uma série de segredos que assombram a aparentemente inofensiva escola secundária Liberty High.
Uma das principais críticas associada a este livro/série é que atribui ao suicídio um certo glamour, colocando em risco a vida de adolescentes que se encontrem numa situação semelhante. No entanto, não consigo deixar de discordar. Penso que a principal intenção do escritor seria chamar a atenção para a forma como tratamos as pessoas que nos rodeiam. E não interessa se é na escola secundária, ou no nosso local de trabalho. É complicado sabermos o que se passa na vida das outras pessoas. O impacto que as nossas acções e palavras têm não é medido. Por vezes é difícil sair da nossa bolha de egoísmo e de conforto. É mais fácil julgar rapidamente. Não tentar entender. Dou por mim a fazê-lo a toda a hora.
Mas isto é válido para ambos os lados; Hannah Baker também não foi capaz de olhar muito além da sua bolha. Não pensou nas consequências da sua morte para aqueles que a amavam. Mas claro que para alguém deprimido é difícil conseguir fazê-lo. E num mundo onde o contacto é cada vez mais virtual e menos "físico", onde os casos de depressão são cada vez mais numerosos, é importante existirem profissionais formados para dar resposta. Mais psicólogos nas escolas, menos preconceito contra a doença mental, por exemplo.
Apesar de parecer uma série para adolescentes, 13 Reasons Why, vale a pena ser vista por toda a gente. Aborda vários aspectos da nossa sociedade que são tópicos sensíveis e até bastante complexos. Não é uma série que glorifica o suicídio. Todo o glamour que possa existir é destruído, quando vemos o episódio em que a Hannah se suicida. Para mim, foi a parte mais intensa de toda a série. Normalmente estou habituada a ver cenas de corpos encontrados, após suicídio. Ali vemos tudo a acontecer, o desespero que é necessário, as pessoas que saem magoadas. O match e o aftermatch.
Além do que já disse, a banda sonora é genial. Recomendo.