Este é mais um daqueles livros que, excepcionalmente, li depois de ver o filme. E ainda bem que o fiz, porque oferece-nos uma perspectiva ligeiramente diferente daquela que o filme nos proporciona. Enquanto no filme senti que estava a ver a luta diária de uma mulher extremamente intelectual, assombrada pelo terror que deve ser perder o controlo de toda uma vida, no livro senti que era de facto essa mulher. Senti acima de tudo o preconceito que a sociedade tem para com as pessoas portadoras de doença "mental" e percebi o objectivo que a autora quis alcançar - o de informar e desmistificar alguns mitos sobre a demência.
A força da história de Alice, reside precisamente nesse ponto. Contudo, o desejo tão evidente de autora em passar informação, acaba por de certa forma prejudicar a história. A certa altura parece que estou a ler partes de um qualquer livro do Dan Brown, em que somos bombardeados com informação demasiado detalhada.
Penso que foi por esta razão que, apesar de ter uma premissa promissora, a nível de escrita não me fascinou. Estava à espera de algo ligeiramente melhor e menos factual.
Apesar de tudo, o que mais adoro nos livros é a capacidade de eles nos fazerem ver as coisas de pontos de vista diferentes; fazerem-nos "sair da bolha". Faço parte desta sociedade que olha as pessoas com doenças mentais de lado, tudo porque não conheço essa realidade. Como muita gente, reajo fugindo do desconhecido. É mais fácil do que tentar compreender, tentar integrar. Sem dúvida que este livro foi escrito com o intuito de tentar alertar as pessoas e desmistificar algumas crenças que se criam à volta do significado de ter Alzheimer, ou demência. Não é uma obra-prima literária, mas recomendo-o a toda a gente.