Esta semana o meu irmão foi inscrever-se como caloiro na Universidade. Fui com ele divertir-me i-m-e-n-s-o em filas intermináveis. Enquanto esperava numa dessas filas, estava a ler e a ouvir o que se estava a passar à minha frente (não deu para evitar!). Duas raparigas com um "AP" (abreviatura de administração pública) pintado a azul na testa, discutiam uma com a outra, acerca dos cursos onde tinham sido colocadas:
- Tenho pena de ti, por ires para Eng.Mecânica! Por outro lado até não é mau.. -dizia a que realmente tinha entrado em AP.
- Pois, assim tenho muitos rapazes à minha volta- respondeu outra, enquanto ambas se riam - Mas olha, vou ligar então aquela minha amiga, para ela te explicar o que é e para que serve Administração Pública.
- Ok! É que eu nem sei. Olha, ao menos acho que no meu curso 75% são raparigas. Eu queria era ter entrado em Direito. - respondeu a outra.
Não pude deixar de pensar o quão ridículo é uma pessoa colocar na folha de candidatura um curso que nem sabe o que é, quais as saídas profissionais, ou outros pormenores igualmente importantes! Presumo que a leviandade com que se escolhe o curso, seja uma das consequência da facilidade com que se acede ao ensino superior nos dias de hoje...
É bom vivermos numa sociedade onde as pessoas tem formação académica, mas a partir do momento em que essa formação é possível a quase toda a gente, com poucos ou nenhuns filtros, a coisa começa a correr mal. Sinto isso, pelo que vejo na minha Universidade. As aulas, em muitos cursos, não são mais do que o continuar de um Secundário, onde a fasquia é baixa, porque simplesmente não tem de ser alta.
Comecem a subir a fasquia! Ou o que vai acontecer é que vão começar a aparecer imensas pitas, que nem sabem o que é o curso onde foram colocadas, como esta que se me deparou nesse dia.
É oficial - discurso de velhota.
3 comentários:
Concordo nalgumas coisas que disseste e discordo noutras.
Por um lado, é mau as pessoas irem para um curso sem saberem o que é.
Por outro lado, muitas das pessoas só vão para cursos que sabem o que é, e depois não há mercado para tantos licenciados nessa área (queres melhor exemplo que os milhares de educadores de infância e os professores disto e daquilo?).
Lembro-me muitas vezes de um curso que abriu no ano em que eu entrei para o Ensino Superior. Como não sabia o que era, nem liguei. Era um curso para bibliotecas e arquivos e coisas semelhantes. E, como o curso abriu no "meu" ano, essa primeira fornada ficou quase toda empregada. E teria sido um curso que eu adoraria ter tirado! Mas pronto, na altura não podia ter adivinhado. E foi o mal de eu só dar importância aos cursos que eu já sabia o que era.
Mas, por exemplo, conheço um rapaz que tirou uma licenciatura em engenharia sabe-se lá de quê, e acho que aquilo não serve lá muito para grande coisa. É daqueles cursos que às vezes se inventa... :/
Olá minha linda!!
Tenho 36 anos e sou "do tempo" em que nem toda a gente ia para a universidade. Só conseguiam entrar os que tinham boas notas e gostavam de estudar e muita gente acabava por ficar só com o secundário.
Eu segui os estudos e fui tirar o curso de professora. Sou especializada no que faço e felizmente tenho feito boas opções e tenho tido sempre trabalho. No entanto, na minha profissão, nem toda a gente tirou o curso por gosto e muitos seguiram-no porque "havia carreira". Agora não há e temos as escolas cheias de engenheiros, arquitetos, sociologos, historiadores e afins que, não conseguindo trabalho na sua área, fizeram um "estágio" e "dão aulas".
Isto tudo para dizer que é importante sabermos bem o que queremos e estudar todas as hipóteses... claro que é bom conhecer todos os cursos! claro que devemos escolher algum ao nosso agrado e que, ao mesmo tempo, tenha saída profissional.
Devia haver maior divulgação dos cursos e, tal como dizes, ser feita maior filtragem, apostando-se nos cursos profissionais, já que o nosso país não precisa de "drs" mas de quem saiba realmente trabalhar, ou seja, de técnicos.
Definitivamente há miudas (e miudos) que vão para a universidade só porque os pais querem e depois andam a empatar muitos anos e nada conseguem na vida. Terminam licenciatura, depois mestrado, doutoramento... e os pais pagam!
Alguma coisa tem de mudar.
Não estás a ficar velha. És uma rapariga sábia! De verdade!
Beijocas
Obg Marisa! É exatamento isso que contesto! É o facilitismo que existe, quase como que satisfazer um capricho. Porque ser caloiro é fixe e é preciso experienciar isso. Não interessa o curso; não interessa se faço os meus pais passar dificuldades. Quero e posso e os papás dão...
Olá Ângela! O que pus em causa é que a informação existe, para quem se interessa. Antes de entrar no que queria procurei-me informar acerca de cursos na mesma área. Falei com pessoas que tinham esses cursos alternativos e com os coordenadores dos respectivos cursos. É essa falta de interesse no futuro que me choca. A facilidade com que se assume que a universidade é algo garantido e um "must go".
Cumps!! :)
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