Cada um é uma arca andante com o
seu respectivo conteúdo. Deambulamos pelas ruas absorvidos nos nossos
pensamentos. Serão iguais aos do senhor de certa idade, com chapéu preto e
óculos, que acabou de passar por mim? Com certeza, que não. Ele não deve pensar
em amor, ou no que será o seu futuro. Já é um homem feito; já tem um futuro, e
acredito que chega a uma altura em que nos fartamos de procurar “o amor”. Se
calhar ele até já tem o seu. Se calhar já teve. Se calhar nunca teve, mas acha
que teve e vive feliz.
Afinal o que é o amor? A partir
de quando deixa de ser? Quando é que começa a ser?
Não sou escritora. O meu
vocabulário é pobre, a minha experiência de vida também. Se gostava de ser?
Sim. Gostava de conseguir passar para palavras as mil coisas que me passam pela
cabeça, mas esse é o trabalho do escritor; é um talento que ou se tem, ou não.
Podemos treinar, podemos tentar…Quem é escritor, um bom escritor, tem essa
bênção, não precisa de tentar. Às vezes dou por mim a pensar em coisas, que
quero anotar, que quero desenvolver. Mas essas ideias fogem e, mesmo que
ficassem aprisionadas num belo caderno sob a forma de palavras, nunca
conseguiriam expressar o que realmente estava contido nessa ideia, num
determinado momento.
Assim, o que o senhor de certa
idade com chapéu preto e óculos pensou, apesar de poder não ser genial, foi único e já se foi.
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