Os escritores com influências orientais tem um extraordinário talento para descrever os elementos da natureza; Murakami tem um extraordinário talento para o fazer com os sentimentos humanos.
Se gostei de "Em Busca do Carneiro Selvagem", com "Norwegian Wood" tornei-me fã declarada de Haruki Murakami. Apesar de todas as referências à música e cultura americanas, o autor não consegue libertar-se da sua própria origem nipónica, o que resulta numa excelente combinação.
Esta é a história de um jovem, Toru Watanabe, que cedo é confrontado com o real significado da morte, quando o seu melhor amigo se suicida. Apaixonado pela namorada do seu falecido amigo, Naoku, acredita poder salvá-la do seu estado mental instável, abdicando mesmo da sua felicidade e de si mesmo. No entanto, Watanabe conhece Midori, a perfeita antítese de Naoku; divertida, faladora, com um olhar positivo sobre a vida. Midori já teve igualmente a sua parte no que toca a perdas dolorosas, mas a sua forma de as encarar não podia ser mais diferente da de Naoko.
"Lembra-te somente de que a vida é uma caixa de chocolates. (...) Tu sabes, aqueles sortidos de chocolates, gostamos de alguns e de outros não? E comes todos aqueles de que gostas e os que restam são aqueles que não aprecias tanto? Penso sempre nisso quando acontece algo doloroso."
Toru terá de escolher entre duas mulheres muito diferentes. Uma que representa o passado, aquilo que foi perdido - a nostalgia; e outra que significa a possibilidade de um recomeço e, quem sabe, de um final feliz.
Personagens principais que não tem nada a perder, parecem ser as predilectas de Haruki Murakami. Quase que parecem padronizadas. Quem sabe se não terão algo de "biográfico". Talvez na realidade sejam padronizadas a partir de todos nós. A verdade é que acho incrivel a capacidade do escritor em criar, num mesmo livro, personalidades tão diferentes. Penso que para conseguir tal proeza é preciso conhecer extremamente bem a natureza humana, deixar que ela seja parte de nós e expeli-la para fora sob a forma destas novas pessoas.
Apesar de toda a diversidade de personalidades, a que me prendeu a atenção foi precisamente a mais perturbada de todas, a de Naoko. Não me identifico com ela. Longe disso. No entanto, acho que consegui entender a sua loucura e tive pena dela. Imaginem crescer desde os três anos com alguém, que se torna o nosso amante aos doze, com quem partilhamos tudo até aos dezassete anos, quando essa pessoa sem justificação decide acabar com a própria vida. Quando passamos tantos anos juntos, acabamos por criar o nosso próprio mundo, envolto numa redoma de vidro. Segundo Naoko, acabamos por ter de " pagar a nossa dívida ao mundo". É o fim da inocência. O inicio da verdadeira luta, no mundo exterior à redoma. Há gente que simplesmente não é capaz de fazer essa transição e desiste sem se quer tentar.
Se gostei de "Em Busca do Carneiro Selvagem", com "Norwegian Wood" tornei-me fã declarada de Haruki Murakami. Apesar de todas as referências à música e cultura americanas, o autor não consegue libertar-se da sua própria origem nipónica, o que resulta numa excelente combinação.
Esta é a história de um jovem, Toru Watanabe, que cedo é confrontado com o real significado da morte, quando o seu melhor amigo se suicida. Apaixonado pela namorada do seu falecido amigo, Naoku, acredita poder salvá-la do seu estado mental instável, abdicando mesmo da sua felicidade e de si mesmo. No entanto, Watanabe conhece Midori, a perfeita antítese de Naoku; divertida, faladora, com um olhar positivo sobre a vida. Midori já teve igualmente a sua parte no que toca a perdas dolorosas, mas a sua forma de as encarar não podia ser mais diferente da de Naoko.
"Lembra-te somente de que a vida é uma caixa de chocolates. (...) Tu sabes, aqueles sortidos de chocolates, gostamos de alguns e de outros não? E comes todos aqueles de que gostas e os que restam são aqueles que não aprecias tanto? Penso sempre nisso quando acontece algo doloroso."
Toru terá de escolher entre duas mulheres muito diferentes. Uma que representa o passado, aquilo que foi perdido - a nostalgia; e outra que significa a possibilidade de um recomeço e, quem sabe, de um final feliz.
Personagens principais que não tem nada a perder, parecem ser as predilectas de Haruki Murakami. Quase que parecem padronizadas. Quem sabe se não terão algo de "biográfico". Talvez na realidade sejam padronizadas a partir de todos nós. A verdade é que acho incrivel a capacidade do escritor em criar, num mesmo livro, personalidades tão diferentes. Penso que para conseguir tal proeza é preciso conhecer extremamente bem a natureza humana, deixar que ela seja parte de nós e expeli-la para fora sob a forma destas novas pessoas.
Apesar de toda a diversidade de personalidades, a que me prendeu a atenção foi precisamente a mais perturbada de todas, a de Naoko. Não me identifico com ela. Longe disso. No entanto, acho que consegui entender a sua loucura e tive pena dela. Imaginem crescer desde os três anos com alguém, que se torna o nosso amante aos doze, com quem partilhamos tudo até aos dezassete anos, quando essa pessoa sem justificação decide acabar com a própria vida. Quando passamos tantos anos juntos, acabamos por criar o nosso próprio mundo, envolto numa redoma de vidro. Segundo Naoko, acabamos por ter de " pagar a nossa dívida ao mundo". É o fim da inocência. O inicio da verdadeira luta, no mundo exterior à redoma. Há gente que simplesmente não é capaz de fazer essa transição e desiste sem se quer tentar.
1 comentário:
Eu acabei agora O Elefante Evapora-se, é um livro de contos mas gostei muito...Antes destes li O sputnik, que também gostei apesar de ser uma história tão triste...Acho os livros dele um bocado caros, só consigo comprar nas promoções. Por acaso há uns tempos descobri uma escritora japonesa, banana yoshimoto, e também notei essa conexão ao mundo natural...Deve ser algo cultural.
cumps
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