segunda-feira, 7 de maio de 2012

Excerto - Claraboia de José Saramago

"(...) Não sabia, ainda, se essa tranquilidade existia em alguma parte (...) sabia também que a desejava, como o naufrago a prancha, como a semente o sol. (...)Não era esse animal, não tinha os olhos fechados, mas reconhecia que o pensamento o conduzia por um caminho já trilhado. Mas saber tudo isto era ainda pior, porque, homem que era, procedia como irracional.(...) Mas os hábitos substituem-se, a cobardia domina-se, o sofrimento alheio é, quase sempre, menor do que o que tememos.(...) Não lhe ocorria outra resposta que não fosse esta: <estou cansado>. Tão cansado que, sabendo que todas as portas da sua prisão podiam abrir-se e que tinha a chave que as abria, não dava um passo para a liberdade(...)" 




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