domingo, 24 de agosto de 2014

"Outlander" - Diana Gabaldon

"Outlander" é o primeiro livro de uma série de oito volumes. Escrito por Diana Gabaldon, foi publicado pela primeira vez em 1991 e não me lembro muito bem como vim dar com ele. Acho que foi, quando navegava pelo Goodreads à procura de livros com algum sucesso. Fiquei intrigada pelas opiniões tão díspares que fui encontrando, assim como com as comparações com o 50 Sombras de Grey (que detestei!)

O enredo também parecia ter algum potencial: Claire Randall, uma enfermeira do pós Segunda Guerra Mundial, está a passar umas merecidas férias com o seu marido na Escócia, quando, graças a uma estrutura com uma disposição semelhante à do famoso Stonehenge, é transportada para o ano de 1743. 

Rapidamente Claire tem que se adaptar e esconder o seu segredo de todos, procurando uma forma de voltar ao local através do qual viajou no tempo. No meio de toda a confusão desta improvável aventura, a heroína acaba por se ver casada com Jamie Fraser, por quem se apaixona. 

Não achei que este livro tivesse alguma coisa a ver com o "50 Sombras de Caca". Aque a autora empenhou-se em recriar um ambiente histórico rico em detalhes, que de certeza necessitaram de imensa pesquisa e trabalho. No entanto, penso que falhou na pesquisa histórica sobre o ano de 1945. História não é a minha especialidade, mas alguns pormenores, como a constante referência a antibióticos, ou aos turistas que tiravam fotos, saltam à vista! Em 1945 os antibióticos existiam, mas estaríamos a falar apenas de um - a Penicilina. Soam estranhas as constantes referências de Claire aos maravilhosos antibióticos, quando ela só teve contacto essencialmente com um, e apenas a partir de 1942 (altura em que a sua utilização se generalizou). A parte dos turistas e das câmeras é ainda mais chocante. Sim, as máquinas fotográficas já existiam, mas duvido seriamente que as pessoas andassem por aí a tirar fotos, como turistas japoneses.

Sim, o livro tem muitas cenas de sexo, mas não são explícitas e acabam por ser necessárias, pelo menos neste primeiro volume, visto que o objectivo da autora será criar uma empatia pelo casal protagonista. As cenas de tortura e de violência acabam por ser um extra, que advém da época em que Claire está e também da própria trama do livro. Sou da opinião de que cada cena teve o seu propósito, o que também distingue este livro do mencionado em cima. 

Outra coisa que é chocante, para a maior parte das pessoas que lê o livro, é a cena em que Claire é vítima de violência doméstica e depois acaba por entender porquê que "teve de ser". Sim, fiquei extremamente revoltada e apeteceu-me bater mais na personagem principal, mas as coisas antigamente eram mesmo assim. A violência sobre as mulheres era o "Pão Nosso de Cada Dia". Não, não está correcto, mas estamos a falar de 1873, há que contextualizar as pessoas. O Jamie podia ter fingido que lhe batia, mas para ele era uma coisa, tida como normal, que "tinha de fazer".

Resumindo, não foi uma leitura desagradável, no entanto penso que havia aqui um grande potencial com a história da viagem no tempo, que acabou por ficar para segundo plano. Algumas das cenas tinham uma duração demasiado longa, o que também dificultou a leitura, mas quem sabe se um dia não pego no segundo volume da série...




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