Muitas vezes trago trabalho para casa. Fico sem dormir, ou passo a noite a rever situações na minha cabeça; ás vezes chego ao cumulo de acordar de noite e ir estudar qualquer coisa de que me esqueci, ou uma hipótese da qual não me tinha lembrado.
Ainda bem que não fui para Medicina Humana, porque se me sinto oprimida pela responsabilidade de querer salvar todos os animais doentes, imagino como seria se fossem pessoas (talvez igual, em alguns casos?).
Existem coisas que são simples e tem solução rápida (quem é que não gosta de abcessos?), mas há outras que detesto pela inexistência de solução. É o caso dos gatinhos positivos para o vírus da imunodeficiência felina (FIV, a SIDA dos gatos), ou para a Leucemia Felina (FeLV). Estas são doenças para a vida do animal. Podem manifestar-se muito tarde (ou mesmo não se manifestarem), mas quando começam a dar sinais clínicos são uma chatice para controlar e os tratamentos, além de caros, não oferecem garantias.
A escolha fica na mão nos donos. Podem financeiramente suportar os tratamentos que existem? Para além de me preocupar com a parte médica e com o bem-estar do animal, infelizmente também tenho de pensar na parte monetária. Por um lado quero oferecer o melhor ao animal, mas por outro não posso prestar o serviço de graça. E é aqui que as pessoas se chateiam com o veterinário. A verdade é que por muito que nos custe, as coisas tem um preço e eu tenho de conseguir sustentar-me, para continuar a ter um local onde exercer a minha profissão. Vivêssemos num mundo ideal, e o Estado comparticiparia o tratamento médico dos animais doentes, pagaria as castrações e ainda daria subsidio às pessoas que gostassem de ter animais, mas não tivessem meios para cuidar deles.
Gostava de poder salvar todos, mas infelizmente não depende só da minha vontade.
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