Ontem, Domingo, tinha planeado acordar tarde e passar a manhã a ler, para terminar finalmente o "Dança, Dança, Dança" do Murakami. Lá fiz o meu pequeno almoço e liguei a tv, para passar os olhos pelas noticias da semana. Qual o meu espanto, quando sou brindada com uma manchete de 57 mortos e outro montão de feridos. Pensei logo que devia ter sido um atentado, numa qualquer cidade europeia. Só que não. Era aqui em Portugal.
Nós portugueses, devemos realmente estar a pagar o karma de toda a porcaria que fizemos desde a época dos descobrimentos até ao final das colónias. O ano estava a correr tão bem! Toda a gente optimista e com a moral no topo! Campeões europeus, o turismo a crescer, défice cada vez mais pequeno, mais emprego, um PR que ia (e vai) a todas...mas claro que há coisas que não mudam só com a força do pensamento positivo...
Todos os anos a tragédia se repete. Este ano os números foram maiores e mais assustadores. Será que é desta que o interesse colectivo ultrapassa o individual?
Aparecem engenheiros e agrónomos que defendem a necessidade de uma reforma florestal, mas cá para mim, daqui a meia dúzia de semanas, quando já não existir mais testemunhos que causem emoção e o povo já não possa mais com este jornalismo sensacionalista de merda, o assunto morrerá. Para o ano haverá mais. E assim continuará a cultura do imediato e do "já", onde nenhum futuro se planeia #Yolo #quesefodamosoutros.
Ou pode ser que eu esteja simplesmente um bocadinho pessimista. Murakami consegue ter esse efeito sobre uma pessoa.
De qualquer das formas, e apesar do meu pessimismo, não podemos deixar que se esqueçam daqueles que ficaram sem nada (embora eu não saiba o que aconteceu aos desgraçados dos que sofreram com os fogos na Madeira...). Há várias coisas que podem fazer, desde ligar para o 760 100 100 (doam 0,60€/chamada), ou transferir donativos directamente para a conta da Cáritas "Portugal abraça vítimas dos incêndios' (Caixa Geral de Depósitos) que tem o número 0001 200000 730 e o IBAN PT50 0035 0001 00200000 730 54, ou mesmo doar bens materiais como roupas, calçado e atoalhados, também a essa associação, ou a outras que estejam a pedir.
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