sábado, 26 de março de 2016

"The Curious Incident of the Dog in the Night-Time" - Mark Haddon

"The Curious Incident of the Dog in the Night-time", narrado na primeira pessoa por Christopher Boone, um rapaz de 15 anos com algo do género Síndrome de Asperger's (o autor não especifica), é diferente de todos os livros classificados como mistério policial, que já li!

Tudo começa, quando Christopher descobre Wellington, o cão da vizinha, assassinado de forma violenta. Inspirado pelo seu herói, Sherlock Holmes, o rapaz decide descobrir quem foi o autor de tão injusta morte e escrever um livro, enquanto tenta desvendar o mistério. 

Ao longo da narrativa vamos descobrindo a forma singular como o cérebro deste rapaz funciona; a sua incapacidade de compreender e de se relacionar com as outras pessoas, o modo estritamente racional e lógico dos seus pensamentos, as suas rotinas, tudo o que se passa na sua cabeça... Compreendemos como a morte da sua própria mãe, parece não o afectar por aí além, desde que a ordem das coisas se mantenha a mesma. É assim que ele funciona! 

Há passagens que são tão baseadas na lógica, que chegam mesmo a ser cómicas, como a seguinte reflexão que o protagonista faz sobre a religião:

"I think people believe in heaven because they don't like the idea of dying, because they want to carry on living and they don't like the idea that other people will move into their house and put their things into the rubbish."

É também sobre a perspectiva de Christopher, que vamos descobrindo (talvez antes mesmo de Christopher compreender), que a morte de Wellington é apenas a ponta do Iceberg numa série de acontecimentos desencadeados por fortes emoções, incompreensíveis para o rapaz. 

É isso que é tão fascinante e ao mesmo tempo triste em todo este livro - a forma como todos aqueles que amam o protagonista, vêem o seu amor não correspondido. A solidão que parece afectar de forma negativa todos à excepção de Christopher, e a forma como o seu modo de ser afecta tudo à sua volta e o condiciona. 

Ainda assim, em certos aspectos, somos todos um bocadinho como ele. E há uma passagem que relata exactamente aquilo que sinto, quando olho para o céu numa noite estrelada (coisa que faço, especialmente se estou triste):

"And when you look at the sky you know you are looking at stars which are hundreds and thousands of light years away from you. And some of the stars don't even exist any more because their light has taken so long to get to us that they are already dead, or they have exploded and collapsed into red dwarfs. And that makes you seem very small, and if you have difficult things in your life it is nice to think that they are what is called negligible which means that they are so small you don't have to take them into account when you are calculating something."

É um livro que aconselho aos curiosos e aos que procuram alguma coisa diferente do habitual mistério/livro para crianças/adolescentes!

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