Não sou fã de livros de contos. Penso que já falei sobre o facto de sentir que, quando leio um livro de contos, as histórias parecem-me sempre incompletas. É rara a situação em que sinto que há uma conclusão satisfatória. Por esta razão, raramente dou uma hipótese aos contos. Tenho sempre medo de me desiludir.
Quando me ofereceram este "Homens sem Mulheres", de Murakami, não fazia ideia que se tratava de um livro de contos. Quando percebi isso, esse pequeno pormenor deixou de interessar, porque já estava imersa no mundo deste escritor maravilhoso.
Este livro reúne 7 contos, que apenas tem em comum o protagonista - um homem solitário com historial de amores passados e de desilusão. Os contos nem sempre são narrados na primeira pessoa. Há alguns que contam episódios da vida de outros homens.
Adoro quase tudo o que Murakami escreve. É dos poucos escritores que consegue fazer-me rir e chorar numa mesma história. Relaciono-me com o que ele escreve, e acredito que toque mais pessoas da mesma forma, porque sinto que consegue passar para palavras uma série de experiências e sentimentos que caracterizam o quebrar das ilusões da idade jovem. Tem um olhar muito racional e frio, mas simultaneamente apelativo, da vida em geral.
Também com estes contos me ri alto um par de vezes. Uma das passagens que me fez rir foi esta conversa e reflexão do narrador:
"(...) Por exemplo, quando te masturbas, imaginas uma mulher em concreto, certo?
- Bom, sim...
- Pois eu não consigo imaginar Erika quando chego a vias de facto. É como se fosse uma coisa errada. Então penso noutra rapariga. Pode até ser alguém que não me atraia. Que me dizes?
Meditei sobre o assunto, mas não cheguei a uma conclusão. Já é difícil entender a nossa, quanto mais a masturbação dos outros..."
Esta tirada vem num contexto tão aleatório, mas a conclusão do narrador é dada de forma tão lógica e honesta, que me arrancou uma gargalhada.
Outra passagem que também captou a minha atenção foi a seguinte:
"- Se calhar, é necessário passar por experiências dolorosas e por momentos difíceis quando somos jovens. Faz parte do processo de crescimento.
- Acreditas nisso?
- Sim. Acontece o mesmo com as árvores. Para se tornar forte e robusta, uma árvore tem forçosamente de resistir aos Invernos rigorosos. Num clima quente e temperado, os anéis de crescimento correm o risco de não se formar."
São estas coisas óbvias, mas ditas de forma bonita, que me fazem gostar tanto de Haruki Murakami. Se nunca leram nada dele, estes contos são uma boa amostra.
Este livro reúne 7 contos, que apenas tem em comum o protagonista - um homem solitário com historial de amores passados e de desilusão. Os contos nem sempre são narrados na primeira pessoa. Há alguns que contam episódios da vida de outros homens.
Adoro quase tudo o que Murakami escreve. É dos poucos escritores que consegue fazer-me rir e chorar numa mesma história. Relaciono-me com o que ele escreve, e acredito que toque mais pessoas da mesma forma, porque sinto que consegue passar para palavras uma série de experiências e sentimentos que caracterizam o quebrar das ilusões da idade jovem. Tem um olhar muito racional e frio, mas simultaneamente apelativo, da vida em geral.
Também com estes contos me ri alto um par de vezes. Uma das passagens que me fez rir foi esta conversa e reflexão do narrador:
"(...) Por exemplo, quando te masturbas, imaginas uma mulher em concreto, certo?
- Bom, sim...
- Pois eu não consigo imaginar Erika quando chego a vias de facto. É como se fosse uma coisa errada. Então penso noutra rapariga. Pode até ser alguém que não me atraia. Que me dizes?
Meditei sobre o assunto, mas não cheguei a uma conclusão. Já é difícil entender a nossa, quanto mais a masturbação dos outros..."
Esta tirada vem num contexto tão aleatório, mas a conclusão do narrador é dada de forma tão lógica e honesta, que me arrancou uma gargalhada.
Outra passagem que também captou a minha atenção foi a seguinte:
"- Se calhar, é necessário passar por experiências dolorosas e por momentos difíceis quando somos jovens. Faz parte do processo de crescimento.
- Acreditas nisso?
- Sim. Acontece o mesmo com as árvores. Para se tornar forte e robusta, uma árvore tem forçosamente de resistir aos Invernos rigorosos. Num clima quente e temperado, os anéis de crescimento correm o risco de não se formar."
São estas coisas óbvias, mas ditas de forma bonita, que me fazem gostar tanto de Haruki Murakami. Se nunca leram nada dele, estes contos são uma boa amostra.
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