quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Será a Pirataria assim tão má?

Num mundo onde rara é a pessoa que nunca praticou um acto de pirataria, quer fosse através do download de uma música, de um livro, de episódios de séries televisivas, ou mesmo filmes inteiros, pergunto-me até que ponto será uma coisa má. 

Pergunto isto, depois de ter lido um artigo que falava da polémica em torno da posição do escritor Neil Gaiman acerca do tema. Segundo ele, o facto de as pessoas publicarem o seu trabalho de forma "ilegítima", começou por lhe causar algum incomodo. Com o passar do tempo, percebeu que o facto de as pessoas o descobrirem através do seu trabalho colocado na Internet de borla, era semelhante ao que acontecia quando alguém emprestava um livro seu a outra pessoa; a pessoa não pagava e lia o livro na mesma, à pala! Com isto ele conseguia publicidade grátis e um maior reconhecimento a nível internacional:

"Then I started to notice that two things that seemed much more significant. One of which was that places where I was being pirated -- particularly Russia (where people were translating my stuff into Russian and spreading it out into the world) I was selling more and more books. People were discovering me through being pirated. And then they were going out and buying the real books, and when a new book would come out in Russia it would sell more and more copies."

Isto tornou-se cada vez mais evidente, quando Neil perguntou aos seus leitores se tinham um autor favorito. Perguntou depois quantas dessas pessoas tinham descoberto esse autor, por comprarem um livro na livraria. Apenas 5-10% respondeu que tinha descoberto o seu autor favorito dessa forma. As restantes tinham-no descoberto graças a livros emprestados/oferecidos. 

Ou seja, a pirataria acaba por funcionar como Publicidade grátis. É óptima para quem não tem muitas posses e não pode ter acesso imediato a todas as coisas super interessantes que são criadas. Além disso acaba por "fidelizar" aqueles que gostam de investir nos escritores, realizadores, actores e artistas pelos quais se deixaram cativar, graças à pirataria. Porque quem gosta realmente, acaba sempre por adquirir algo que o ligue aquilo que descobriu de forma menos legítima.

Num mundo que se diz "modernizado" e "livre", qual é o sentido de privar, quem não pode pagar, o acesso à cultura? No fundo, ao fazermos isso, acabamos por regressar aos séculos pré-socialistas, onde só quem era rico tinha acesso ao conhecimento e à arte. 

Entretanto, vão surgindo opções muito mais económicas, para fazer frente à tão temida Pirataria. Um exemplo disso é o Spotify e o mais antigo ITunes, que vieram modernizar a forma como ouvimos música. Acho que o mercado já percebeu que não vai conseguir eliminar a Pirataria. Eles tem tentado...mas os internautas tem dado a volta por cima. A solução é adaptarem-se.

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