domingo, 20 de janeiro de 2013

"Dalí e Eu" - Stan Lauryssens

O meu percurso académico não é linear. Terminei o secundário em Artes Visuais e segui para o primeiro ano de Artes Plásticas. Não me sentindo satisfeita/útil (embora este seja um tópico que dá pano para mangas), desisti e voltei ao secundário para, dois anos mais tarde, entrar em Medicina Veterinária. 

Apesar disso, as artes sempre se mantiveram por perto. Os meus melhores amigos tem as suas manias artísticas, visto serem dessa área; não consigo não fazer trabalhos manuais durante muito tempo (embora nenhum com valor suficiente para obra de arte); tenho a biblioteca cheia de enciclopédias de História da Arte, uma delas oferecida pelos avós, que guardo com bastante carinho; o armário está atafulhado com vestígios da vida passada. Apesar de tudo isto, o meu conhecimento é limitado. Assim, foi com curiosidade que quis ler esta obra sobre a vida secreta de Salvador Dalí. 

A história é narrada na primeira pessoa por Stan Lauryssens, vigarista de profissão. Este homem ganha a vida a vendendo arte surrealista de Dalí. Arte essa que ele promete vir a ser valorizada após a morte do pintor; um verdadeiro e seguro investimento. 

O problema é que este vigarista não contava com as artimanhas do próprio Dalí, que ao longo da sua carreira encomendou obras a outros artistas, que assinava como suas e que vendia, adquirindo desta forma o título de maior pintor surrealista da História; assinava inúmeras obras com assinaturas diferentes, para que se confundissem os verdadeiros Dalí, com os falsos; elaborava uma série de esquemas, mais vigarizantes, do que aqueles com que Stan intrujava os seus clientes; Dalí era um falsificador da sua própria arte; Dalí não passava de um pervertido em busca de fortuna infindável. 

Assim nos é apresentado um pintor que marcou um século. Se a história é verdade ou não passa de uma vingança literária de Stan Lauryssens, preso após ter sido desmascarado, isso é deixado ao critério do leitor, mas esta é sem dúvida uma perspectiva única daquele que foi realmente Dalí, ou daquilo que poderá ter sido este "artista chanfrado".


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