quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

"The Graveyard Book", Neil Gaiman

Quem me conhece, sabe que tenho uma tara mórbida por cemitérios e tudo o que lhes diga respeito. Tenho curiosidade em ver como são, como estão organizados, qual o habitante mais antigo, histórias caricatas, etc etc. 

Não sei quando surgiu este fascínio; só sei que sempre existiu. As minhas primeiras recordações desses locais, surgem sob a forma, pouco precisa, de manhãs em que a minha avó paterna e as irmãs iam arranjar e limpar as campas dos nossos parentes. Eu andava por ali a fazer tempo, por entre as campas, tentando encontrar a campa mais antiga e os seus habitantes. Em adulta, sempre que tenho oportunidade de sair de Portugal, gosto de ver e comparar a forma como as pessoas encaram a morte e como o cemitério se torna o espelho dessa nação. (Para os curiosos, como eu, sugiro que visitem o cemitério do Miradouro de Vila Real. Não sei porquê, mas acho aquele lugar mesmo bonito!)

Tendo em atenção tudo isto, um livro chamado "O Livro do Cemitério" ( "The Graveyard Book"), de certeza que seria a primeira escolha, quando se quer experimentar Neil Gaiman. 

Nunca antes tinha ouvido falar de Gaiman, mas já tinha ouvido falar de uma das suas mais famosas obras "Coraline". Isto porque, há uns tempos (anos) atrás, vi o filme. Assim, foi graças a um Podcast que tenho andado a seguir (Books On The Nighstand, muito interessante...),
que descobri este autor.

"The Graveyard Book", narra a história de Bod, um rapazinho cuja família foi assassinada, quando este tinha cerca de dois anos. Bod, diminutivo de Nobody, conseguiu escapar ao massacre por pura sorte. Enquanto os seus pais e irmã mais velha eram assassinados, a criança saiu do seu berço e caminhou miraculosamente até a um cemitério, próximo da casa, onde foi adoptado por um casal de fantasmas, os Owen. 

Bod tornou-se num rapaz especial. Graças ao acordo entre todos os habitantes do cemitério, o rapaz estaria autorizado a ter livre circulação pelas campas e mausoléus. Protegido do mundo exterior por Silas, um ser especial, que ao contrário de todos os outros fantasmas daquele cemitério, consegui-a visitar o mundo exterior e satisfazer as necessidades de Bod, este vai crescendo. A sua curiosidade em relação ao que está para lá dos muros do cemitério vai aumentado, mas o homem que assassinou a sua família ainda o procura e Bod deve permanecer seguro. 

Adorei este livro pelo mundo fantasmagóricamente interessante, que o escritor conseguiu criar. Graças a um conjunto de pormenores, desde incluir os epitáfios de cada nova personagem, até a alterar a forma como falam, dependendo da época em que viveram, tudo contribui para criar um ambiente de magia mórbida único. 

Este é um daqueles livros que poderia perfeitamente ter dado origem a uma sequela. Existem algumas questões não ficaram muito claras, como por exemplo o facto de nunca sabermos porquê que a família de Bod foi escolhida para ser assassinada, ou a forma repentina como Scarlet é afastada de um final feliz. 

No fundo, penso que já existem sequelas e prequelas a mais neste mundo. Talvez o autor tenha tido o simples desejo de criar uma história única, com principio, meio e fim, ainda que rica em pormenores e pontos, que poderiam ter sido mais desenvolvidos.

Recomendo que leiam, principalmente se quiserem familiarizar-se com novos autores mais direccionados para um público juvenil. 



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