terça-feira, 20 de maio de 2014

Aquela Sensação de Crecimento Pós-traumático...


"A minha vida sempre foi fácil. Sempre tive o que quis com menos, ou mais esforço. Não me podia queixar. O meu problema era achar que a vida era como em alguns livros e filmes: cor-de-rosa. 

Acreditava tanto nisso que acabei por apanhar uma grande decepção, quando as coisas correram de uma forma menos agradável. Fiquei tão surpreendida com isso, que "ruminei" o assunto de todas as formas possíveis e imaginárias, ao ponto de se tornar numa obsessão. Tudo na minha vida parou e toda a gente deixou de importar; o que eu queria era tornar as coisas como elas eram antes daquilo acontecer.

Quando percebi que não ia acontecer, e comecei finalmente a fazer o luto, estava numa fase em que não conseguia ouvir música, falar de alguma coisa para além daquilo, ler livros, ou ver televisão. As minhas noites eram um inferno de suor frio e pesadelos. 

Então começou a acontecer.

O dia em que vi o corço e a sua cria, achei curiosa a forma como o barulho que ela fazia, parecia o miar de um gato. Aquela imagem de dois corpos fugidios, por entre as árvores da floresta verde do Gerês, ficou para sempre gravada na minha mente. A partir daí, comecei a tentar juntar pequenas coisas, que desviavam a atenção da minha obsessão e a substituíam gradualmente. 

Todos os dias havia alguma coisa nova e excitante em que pensar, antes de adormecer. Alguma coisa que não era a minha antiga obsessão!

O tempo foi passando e esqueci-me dela. Mas com o tempo não foi só ela que desapareceu. Aquela sensação de acordar de um sonho, também desapareceu."  

Hoje guardo esses dias com uma sensação de amor e ódio - o pior ano de sempre, acabou por ser o ano que me ensinou muita coisa sobre mim mesma. Coisas que eu desconhecia; limites que eu não sabia conseguir suportar, ou ultrapassar. No meio do stress das frequências e do dia-à-dia, tenho pena de não conseguir manter o espírito positivo e entusiasta, que marcou o final de 2012. Mas não me quero dar por vencida. É uma questão de acordar mais uma vez, como se fosse um dia cheio de pequenas surpresas! 


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