quarta-feira, 9 de março de 2011

"True Grit" - Irmãos Cohen

FICHA TÉCNICA

Título: Indomável
Título Original: True Grit
Ano de Lançamento: 2010
Realizador: Joel e Ethan Coen
Argumento: Joel e Ethan Coen (baseado “True Grit” – Charles Portis)
Categoria: Western
Origem: EUA
Duração: 110 minutos.


Os irmãos Coen têm vindo, desde há alguns anos a esta parte, a habituar os seus fãs a histórias complexas, personagens marcantes que destoam numa realidade verosímil; a filmes que não se enquadram em nenhum género, ou melhor, a filmes que se enquadram no universo dos Coen (não vai tardar muito até o termo coeniano, ou algo do género, passar a estar presente nos dicionários de cinema). Por isso é com alguma estranheza que os vemos a enveredar por um género com linhas tão demarcadas e com uma história tão extensa e característica como a do Western.
“True Grit” não é, apesar de, mais coisa menos coisa, lhe servir a carapuça, um Western clássico. Não existem heróis silenciosos ou forasteiros armados até aos dentes à espera do mínimo indício de uma donzela em apuros para começarem um frenesim assassino, com uma Colt em cada mão. Num universo repetido vezes sem conta, os Cohen conseguem deixar o seu cunho pessoal.
O filme inicia-se com Mattie Ross (Hainly Steinfeld), uma menina de 14 anos a regatear com um negociante de cavalos e a conseguir, após propostas e contrapropostas conseguir levar a sua avante. Apesar da sua tenra idade, Mattie sabe o que quer e está habituada a consegui-lo, sem para isso recorrer ao encanto típico de uma criança, mas sim fazendo uso da esperteza e confiança de alguém com o dobro da sua idade.
Mattie é movida pelo desejo de vingar o seu pai (cuja descrição como um homem bom, parece destoar nesta paisagem árida) assassinado por Tom Chaney (Josh Brolin), um criminoso sem escrúpulos e com ainda menos inteligência. Para a ajudar nesta empreitada, Mattie escolhe Rooster Cogburn (Jeff Bridges) para seu cúmplice – e quando digo que escolhe, ele não parece ter outra opção se não deixar ser-se escolhido. Mattie vê em Rooster a garra (grit) que acha necessária para o trabalho a desempenhar. Como é que ela conseguiu ver isso por debaixo dos desvarios etílicos do US Marshal, permanece um mistério.
Ao longo da jornada para encontrar e matar Tom Channey, encontram-se personagens memoráveis. Matt Damon faz de Labouef, antepassado de Walker, o Ranger do Texas; orgulhoso e cheio de princípios, mas que depois de um acidente que lhe perturbou a fala, não pôde deixar de servir de comic-relief sempre que falava. Lucky Ned (Barry Pepper), o líder do gang de Tom Channey, carismático de uma maneira que não consigo descrever. E mais uma miríade de personagens, desde um médico/dentista vestido de urso, até a um baixote com problemas mentais que comunica através de dizeres onomatopaicos.
Estas personagens enriquecem e dão um brilho acrescido ao filme que, apesar de ganhar muito com elas, acredito que sobreviveria apenas com as performances de Bridges e Steinfeld; e se até agora já falei da personagem de Steinfeld, a de Bridges não merece menor destaque. Ao ver Rooster Cogburn no ecrã, tenho a sensação de que tudo na vida e carreira do actor o preparou, e acabou por culminar nesta performance. A sua presença no ecrã é impagável, e respira e transpira carisma a cada fala e a cada silêncio. Ao invés do arquétipo do cowboy silencioso e confiante – de que Clint Eastwood é o expoente máximo – Bridges consegue ser um fala-barato, movido a álcool, e inspirar a mesma confiança e admiração.
O filme tem muito poucas falhas, ou melhor, se outras não me escaparam, só dei por uma. O final, que seria perfeito em muitos outros filmes, parece aqui destoar do resto do filme, e a mensagem final que passa, parece-me despropositada; é possível que me tenha escapado algo, e que por isso não o tenha percebido completamente. Mas não me parece que essa pequena falha faça uma grande mossa ao valor de um filme que volta a dar um novo fôlego a um género que só tem respirado de muito longe a longe.



4 comentários:

Hugo disse...

Gosto do gênero e do trabalho dos Irmãos Cohen.

Assisti o original com John Wayne, mas acredito que esta versão seja bem diferente.

Abraço

Luís Azevedo disse...

Tudo que li sobre o filme leva a crer que são filmes muito distintos. Desde que ouvi falar da adaptação dos irmãos Cohen que o filme original entrou para a minha lista dos filmes a ver. Tenho que tentar arranjar tempo para o ver.
Abraço

renatocinema disse...

Sou fã dos diretores. Esse é meu próximo filme a ser visto.

Sobre Bruna Surfistinha....sempre sou sincero nos comentários.
Acho fundamental.

abraços

Luís Azevedo disse...

Os irmãos Coen são realmente excelentes!
Obrigado pela visita!
Abraço